Morre engenheiro de som baleado durante assalto em ponto de ônibus

José Fernando Álvares Gundlach, 62 anos, foi atingido no rosto na tarde de domingo (4)

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  • Diogo Costa

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 16:29

- Atualizado há um ano

(Foto: Reprodução/Facebook)Morreu, por volta das 15h30 desta segunda-feira (5), o engenheiro de som José Fernando Álvares Gundlach, 62 anos, baleado no rosto durante um assalto na tarde de domingo (4), em um ponto de ônibus localizado na Rua Silveira Martins, no Saboeiro.

A informação foi confirmada pela assessoria do Hospital Geral Roberto Santos e por uma amiga da família, a funcionária pública Alessandra Pamponet, que tem acompanhado familiares do engenheiro. O corpo do engenheiro já foi encaminhado para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), e será sepultado às 16h de amanhã (6), no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Gundlach estava internado em estado gravíssimo desde a tarde deste domingo (4). Após cirurgia, ele foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu ao ferimento.

O engenheiro de som estava em um ponto de ônibus na Rua Silveira Martins, por volta das 13h, quando foi abordado por três homens armados. Segundo informações da polícia, Gundlach foi baleado após reagir ao assalto. A informação, no entanto, é questionada pelos amigos, que afirmam que ele teria entregado o celular sem reagir. Ainda segundo amigos da vítima, foi levada a carteira de Gundlach e um outro casal que estava no ponto também foi sido assaltado. A Polícia Civil, no entanto, informou que ninguém buscou a delegacia da área para registrar outra ocorrência no local.

O caso está sendo investigado pela titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), delegada Francineide Moura. A 11ª Delegacia (Tancredo Neves) também está colaborando com as investigações. Um familiar de Gundlach foi ouvido pela polícia na manhã desta segunda-feira (5). A polícia busca imagens de circuitos de segurança de estabelecimentos próximos do local do crime para tentar identificar os suspeitos. Até o início da noite de hoje, nenhum suspeito tinha sido identificado pela polícia.

Notas de pesarNo Facebook, o cantor Luiz Caldas, postou um desabafo sobre a morte do engenheiro de som, com quem trabalhou em diversos discos. Em post intitulado "O som se cala diante de tanta violência para roubar um celular", o músico afirmou que "a segunda-feira ficou cinza, à tarde, com a triste notícia do falecimento do amigo Fernando Gundlach, mais uma vítima da 'epidemia' da violência que assola o país". Ainda no texto, Luiz Caldas disse que chegou a ir ao Hospital Geral Roberto Santos, para onde o engenheiro de som foi socorrido, na noite do domingo (4). "Rezei para que o amigo se recuperasse e que voltasse a sorrir, mas a criminalidade mais uma vez venceu. Deixo neste momento de dor essas breves palavras e o meu conforto à sua família e aos demais amigos de Gundlach. Obrigado por ter feito lindos sons comigo", agradeceu ao dizer que a cultura da violência impera. "É a triste realidade!".

A Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) lamentou a morte do engenheiro que, nascido em Porto Alegre, "cristalizou sua carreira no universo cultural da Bahia". Em nota, a fundação lembrou que o sonoplasta foi instrutor de oficinas de sonorização da Rede Motiva, instrutor de cursos de áudio básico e avançado da Pracatum Mídias Sonoras, técnico de som de Luiz Caldas, técnico de som e iluminação do Teatro Maria Bethânia, técnico de gravação de diversão de diversos discos, entre eles, Jimmy Cliff. A Funceb também repudiou toda e qualquer forma de violência.

O Teatro Castro Alves (TCA) também se solidarizou com os os amigos e familiares da vítima. Segundo a assessoria do teatro, por diversas vezes Gundlach levou algumas das suas turmas para acompanhar as montagens e passagens de sons dos eventos do TCA, como forma de oportunizar experiências práticas aos seus alunos. No Centro Técnico do Teatro Castro Alves, Fernando atuou como professor de sonorização e um dos idealizadores do Curso de Tecnologias em Artes Dramáticas, realizado em 2012, numa parceria inédita firmada entre a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), o TCA e o Instituto Federal da Bahia (Ifba).

Também pelo Facebook, o produtor e diretor teatral Fernando Guerreiro comentou a morte de Gundlach. "Impossível não estar profundamente impactado com a morte de Fernando Gundlach. Estou arrasado. Revoltado e conversando com pares", lamentou. "Precisamos agir. Com ações calendarizadas, constantes, não pontuais (...) Está difícil. O estado de violência está instalado. E se tornando comum, banal. Este é o perigo!!!!!" completou.