Morre o estilista Karl Lagerfeld, diretor da Chanel, aos 85 anos

A causa da morte não foi anunciada

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  • Victor Villarpando

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 08:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP
. por AFP

O designer de moda e diretor criativo da grife francesa Chanel, Karl Lagerfeld, morreu nesta terça-feira (19). Com 85 anos, ele estava internado em um hospital de Paris.

De acordo com o site Purepeople, Lagerfeld foi levado às pressas para um hospital em Neuilly-sur-Seine, nos arredores de Paris, na noite anterior. A Chanel fez um post no Instagram informando o falecimento de Karl. A causa da morte não foi divulgada.

"Um indivíduo extraordinariamente criativo, Karl Lagerfeld reinventou os códigos da marca criada por Gabrielle Chanel: a jaqueta e o terno, o vestidinho preto, os preciosos tweeds, o sapato bicolor, as bolsas acolchoadas, as pérolas e bijuterias. Sobre Gabrielle Chanel, ele disse: 'Meu trabalho não é fazer o que ela fez, mas o que ela teria feito. O bom da Chanel é que ela é uma ideia que você pode adaptar a muitas coisas'. Uma prolífica mente criativa com infindável imaginação, Karl Lagerfeld explorou muitos horizontes artísticos, inclusive fotografia e filmes de moda. A Casa Chanel se beneficiou de seu talento em todas as campanhas da marca ligadas a moda desde 1987. Por fim, não é possível se referir a Karl Lagerfeld sem mencionar seu senso inato de autohumor e de respostas rápidas", dizia o texto.

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Reconhecimento

Karl era reconhecido como um dos mais renomados estilistas dos séculos 20 e 21. "Eu sei, mais do que ninguém, que ele representa a alma da moda: incansável, visionário e vorazmente atento à nossa cultura mutante", disse Anna Wintour, lendária editora da revista Vogue America, quando apresentou Lagerfeld no Outstanding Achievement Award no British Fashion Awards de 2015.

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Estilista badalado, ele ostentava uma lista de fãs na qual figuram a cantora Rihanna; a princesa Caroline de Mônaco, a atriz Julianne Moore e até a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. 

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Trajetória

Karl Lagerfeld desfrutava da estatura de um deus entre os mortais do mundo da moda, onde permaneceu no topo por mais de meio século e até a sua morte, numa idade que quase ninguém além de si mesmo conhecia com a precisão de hoje.

O estilista alemão era mais conhecido por sua associação com a francesa Chanel, que remonta a 1983. A marca, diz a lenda, corria o risco de se tornar a reserva de vovós endinheiradas antes de ele chegar, cortando as bainhas e acrescentando brilho aos ternos fofos do que é agora uma das casas de costura mais valiosas do mundo. A bolsa matelassê, clássico da Chanel renovado por Karl (Foto: Reprodução/Instagram) Mas Lagerfeld, que ao mesmo tempo produzia coleções para a Fendi da LVMH e a marca que leva seu nome - um feito inédito na moda -, era quase uma marca por si só. Trajes escuros esportivos, cabelos brancos, rabo-de-cavalo e óculos escuros nos últimos anos que o tornaram instantaneamente reconhecível, um humor irreverente também fazia parte de uma persona cuidadosamente elaborada.

"Sou como uma caricatura de mim mesmo e gosto disso", dizia uma citação lendária atribuída a ele, e muitas vezes reciclada para transmitir a pessoa que ele gostava de interpretar. "É como uma máscara. E, para mim, o Carnaval de Veneza dura o ano todo."

Seus instintos artísticos, perspicácia comercial e ego proporcional combinavam-se a um efeito comercialmente triunfante no mundo rarefeito da alta moda, onde ele era reverenciado e temido em proporções semelhantes por concorrentes e top models. A recusa em olhar para o passado era um dos seus maiores bens, disseram aqueles que o conheciam.

O estilista se misturou com os jovens e a moda até o final, emparelhando-se com a queridinha de passarela de 17 anos Kaia Gerber, filha de Cindy Crawford, para uma colaboração lançada por sua marca Karl Lagerfeld em 2018.

Sua gata Choupette também era uma celebridade: o animalzinho de pelos brancos, descrito por seus seguidores em redes sociais como "filha de Karl Otto Lagerfeld", tem mais de 120 mil seguidores na rede de fotos do Instagram e um acordo de publicação.

Artesão

No entanto, Lagerfeld também se destacou como artesão. Ele traçou seus próprios desenhos à mão, um fenômeno cada vez mais raro no ramo. Ele rejeitava a ideia de moda como arte e a figura do gênio designer torturado. “As ideias chegam a você quando você trabalha”, disse ele no backstage de um desfile da Fendi de 2017.

Por trás da fachada, era conhecido por sua erudição e propensão à literatura, e devorava, diariamente, os principais jornais do mundo. Em entrevista ao jornal britânico The Independent, ele estimou sua biblioteca em cerca de 300 mil livros.

Era também fotógrafo e já teve suas obras exibidas na pinacoteca de Paris e escreveu até um livro de dieta em 2002, “A dieta de Karl Lagerfeld”, no qual ele conta como perdeu, aproximadamente, 42 quilos.

Atualmente, ele assinava com grandes marcas com a Fendi, sua marca homonima e ainda administrava o cargo de diretor criativo da Chanel. Apesar da idade, Karl era bastante ativo em sua profissão. A frente da produção de roupas femininas da Fendi há muito há pelo menos 54 anos, Karl havia acabado de se reinventar e lançar seu primeiro look masculino pela marca, em janeiro deste ano. O Terno seguia a linha de roupas sem gênero e contava com a clássica silhoueta arquitetônica e lapaelas assimétricas.  Primeiro look masculino do designer pela Fendi (Foto: Reprodução) Comoção

A morte de Karl colocou o mundo da moda instantaneamente em luto. Designer e celebridades já começaram a se pronunciar por meio das redes sociais sobre o falecimento do estilista. Entre eles Donatella Versace, Giovanni Bianco, Alexa Chung e até a ex-spice girl Victoria Beckham.

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Total respect Rest in Peace

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