Morre o produtor e sócio da Saladearte Marcelo Sá

Ainda não há informações sobre a causa de sua morte

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  • Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2022 às 12:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O produtor e sócio do Circuito de Cinema Saladearte, Marcelo Sá, morreu neste domingo (30), em Salvador. A morte foi confirmada pela sócia dele, Suzana Argollo. O velório e a cerimônia de cremação do corpo de Marcelo será nesta terça (1), das 7h30 às 11h30, no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Em seguida as cinzas serão levadas para junto da família na cidade de Ihéus - BA.

A causa da morte ainda é desconhecida. Marcelo foi encontrado caído no banheiro de casa. "Falamos com ele na sexta-feira, ontem tentamos falar com ele, mas ninguém conseguiu. Hoje encontramos ele em casa", disse Suzana.

Segundo ela, na última semana, Marcelo reclamou de algumas dores de cabeça. "A gente não tem certeza de nada ainda. Imaginamos que foi um mal súbito, um AVC, algo assim, mas só com a Polícia Técnica para ter certeza", disse. (Foto: Divulgação) Nos últimos meses, Marcelo, junto aos sócios, esteve à frente de uma campanha de financiamento coletivo para reabrir a Saladearte do MAM. Por causa da pandemia, o espaço ficou fechado por 18 meses e 40 dias e foi reaberto em outubro do ano passado. 

Colegas da área do cinema lamentaram a morte nas redes sociais. "ADEUS. Marcelo Sá foi um incansável batalhador pela resistência do cinema e do audiovisual. A elegância em pessoa. O discreto charme da sensibilidade estética, poética e humanística. O criador do circuito Sala de Arte que trouxe para Salvador filmes e mostras incríveis, sempre colaborando com as entidades de classe do cinema na Bahia. Quando dirigi a Associação Baiana de Cinema e Vídeo tive nele um grande parceiro e amigo, que me ensinou muito. Marcelo fazer falta nesse pedaço de chão que a gente vez ou outra se batia, se abraçava e conversava sobre tantos acasos que o tempo não dava conta de contar. Sempre educado. Sempre assertivo. Que ele descanse em paz. Meu coração está realmente triste com sua partida", escreveu produtora e roteirista Carollini Assis.

Cláudio Marques, cineasta e sócio do Cine Metha Glauber Rocha, disse ao CORREIO que se lembrava da emoção de Marcelo na inauguração da primeira sala: “Ele não se continha, estava à flor da pele. Chorava feito criança. Perdeu o fôlego algumas vezes. Apaixonado por arte, mas, mais especificamente pelo cinema, Marcelo estava realizando um sonho muito precioso”.

Para Cláudio, Marcelo era um romântico incorrigível: “Romântico o suficiente para levar adiante esse sonho de abrir salas de cinema e permitir que milhares tenham acesso às mais diferentes produções do mundo todo. Mesmo com tanta dificuldade. Não éramos amigos próximos, mas era comum conversarmos sobre os dilemas da nossa profissão quixotesca”.

O cineasta Bernard Attal observou a recente luta de Marcelo para manter as salas  abertas: “É de uma infinita tristeza que, depois de ter lutado tanto [pela reabertura das salas], Marcelo se foi. Mas ele deixa um legado de humor, generosidade e cinefilia e, pela memória dele, devemos continuar a frequentar suas salas que, além de uma programação impecável, sempre reservaram espaço para o cinema baiano”.  O jornalista Antonio Pastori também prestou uma homenagem ao gestor cultural.  "Um defensor da cultura e do cinema para todos. Um lutador em terra árida. Tuas salas abrigam arte e gente nos mesmos espaços. Arte e gente que te brindam onde estiver. Este poeta muito sentido por aqui. Admiro e sou frequentador assíduo das salas de arte que o Marcelo tanto lutou em vida. Será inspiração para novas lutas agora.", escreveu.

O presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro, lamentou a passagem do amigo. Ele lembrou de quando os dois se conheceram. "Conheci Marcelo em Ilhéus, quando montei Dona Flor, em homenagem aos 80 anos de Jorge Amado. A partir daí nossas vidas se cruzaram várias vezes, da transformação do antigo Cine Teatro Baiano de Tênis na primeira Sala de Arte, às lutas para manter as salas vivas, até mesmo para recentemente, me ajudar a escolher o figurino de Revele. Nosso humor e nossa força de trabalho sempre nos uniu, em encontros cercados de planos de trabalho e muita diversão. Salvador perde esse grande empreendedor e eu me despeço desse amigo incrível, parceiro de muitas empreitadas. Saudade grande!"

Em nota, o circuito Saladearte também lamentou a morte de seu fundador. "Marcelo, que tinha 56 anos, nasceu em Ilhéus e sempre esteve ligado às artes, ao teatro e à realização de eventos culturais. Ele representava a personificação da Saladearte, dedicando-se, desde a fundação do Circuito, a manter vivo o sonho tornado realidade, enfrentando fases difíceis, realizando projetos especiais de abrangência cultural e social, imprimindo sempre uma alegria muito própria em tudo o que fazia. Na pandemia, a Saladearte enfrentou o seu momento mais difícil. A campanha "Juntos pela Saladearte", que contou com o apoio solidário de milhares de pessoas, possibilitou que o Circuito continuasse. Marcelo Sá, com heroísmo, assumiu papel fundamental na campanha e o Circuito Saladearte é um legado para Salvador e para a Bahia, que mantém vivos sua energia e dinamismo."

Já a cantora Margareth Menezes, em comentário no Instagram do CORREIO, pediu que "Deus conforte os amigos e familiares".