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Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2022 às 18:42
O professor Hélio Rocha, um dos fundadores do Colégio Integral, morreu na tarde desta quarta-feira (21), aos 99 anos, em Salvador. O professor estava em homecare na casa em que vivia no Caminho das Árvores. Hélio deixou cinco filhos, sendo três biológicos e dois adotivos. >
O mais velho, Paulo Rocha, conversou com a reportagem sobre o falecimento do pai. "Ele já tinha 99 anos, uma idade muito avançada e um pequeno problema renal, que foi aumentando e não podia fazer hemodiálise e acabou comprometendo os órgãos. Porém, foi causa natural. Ele faleceu em casa, em paz, confortável e sem dor nenhuma’, relata. >
Ao ser perguntado sobre como a família está com a partida de Hélio, Paulo preferiu falar das lembranças que ele deixou. "Temos muitas memórias de meu pai, tristeza pela separação e saudades dos momentos por ele ser uma pessoa espirituosa, criativa e simpática. Essa parte do Hélio Rocha, que não é professor, mas sim pai e que era muito legal”, completa ele.>
O Colégio Integral divulgou nota lamentando a perda. "Em seus mais de 70 anos de magistério, ele nos trouxe imensuráveis aprendizados com sua sabedoria", diz o texto, que lembra uma citação do professor em que falava da capacidade da educação em "operar milagres".>
O presidente do Conselho Rede Bahia, Antônio Carlos Junior, foi aluno do professor Hélio Rocha, de quem era admirador. "Minha tristeza é imensa ao receber esta notícia. O professor Hélio Rocha foi uma das figuras mais importantes na minha formação pessoal e profissional. Minha admiração por ele é muito grande. Um grande mestre, sem dúvida. Gostaria de abraçar todos vocês da família e dizer que nós todos perdemos uma grande figura nos campos intelectual e educacional. Estou profundamente sentido. Deus o tenha em sua eterna glória", lamentou. >
Soteropolitano, Hélio teve uma vida dedicada à educação. Ele cursou escolas primárias na capital baiana, passando no Ginásio da Bahia em 1936. Ao mesmo tempo que fazia o ensino ginasial, à epoca com duração de cinco anos, ele dava aulas particulares para estudantes que se preparavam para o exame de admissão da institução.>
Em 1941, se mudou para o Rio de Janeiro, onde fez o curso clássico no famoso Colégio Dom Pedro II. Ele cursou a Faculdade Nacional de Filosofia, estudando Ciências Sociais.>
Já formado, ele voltou à Bahia em 1956, convivendo com o professor Milton Santos por dois anos. Em 1960, casou com Antônia Lúcia Souza Rocha, já falecida, com a qual teve cinco filhos, dois deles adotivos: Paulo Sérgio, Luis Fernando e Patrícia Rocha e José Marcos e André da Silva.>
Entre 1959 e 1961 foi editor da Revista Afirmação, que tinha entre colaboradores figuras de destaque na cultura baiana, como poeta e compositor José Carlos Capinam, Caetano Veloso, Maria Bethânia, o escritor Ildásio Tavares, entre outros nomes influentes da época.>
Em 1968, recebeu convite para lecionar na Universidade de Brasília (UnB), quando também foi chamado para fazer parte do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), funcionando no próprio Ministério de Educação. Nessa época, conviveu com intelectuais da época, como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o historiador Afonso de Taunay.>
Ainda em 1968, com o fechamento da UnB pelos militares, retornou à Bahia e começou a ensinar em vários cursos pré-vestibulares de Salvador, nas disciplinas de Sociologia, História, Geografia, Português e Redação, além de lecionar na Universidade Federal da Bahia, na Universidade Católica de Salvador, na Faculdade de Sociologia e na Faculdade de Economia da Bahia.>
Em 1974, fundou o curso e colégio Nobel. Em 1985, fundou a Sociedade Integral de Ensino, composta pelo Curso e Colégio Integral, juntamente com seus familiares.O corpo de Hélio Rocha será sepultado amanhã no Cemitério Jardim da Saudade, às 16h. O velório terá início às 10h.>