Morte de congolês, espancado por cobrar pagamento atrasado, gera comoção e revolta

Primo da vítima diz que ele teve as mãos e pés amarrados e foi agredido por cinco pessoas durante 15 minutos

  • D
  • Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2022 às 20:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: reprodução

A família do congolês morto em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, está inconformada com a violência e injustiça cometida com ele. O rapaz de 25 anos foi espancado até a morte na segunda-feira (24) quando foi cobrar pagamento atrasado.

Moïse Kabamgabe trabalhava por diárias no quiosque, que fica perto do Posto 8. O dono do quiosque estava devendo duas diárias e quando Moïse foi cobrar, foi agredido, diz a família, que pede uma investigação rigorosa.

Nas redes sociais, o caso repercutiu e gerou a comoção de internautas, políticos, jornalistas e artistas. Confira algumas publicações:

Violência brutal

Um primo de Moïse Kabamgabe, que teria visto um vídeo que foi obtido por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) , diz que ele foi espancado por mais de 15 minutos, tendo as mãos e pés amarrados por um pedaço de fio e levando golpes de mata leão, socos, chute e pauladas, até ser morto.

"Num primeiro momento, o meu primo é visto reclamando por que ele queria receber. Em determinado momento, os ânimos se acirraram e o gerente pega um pedaço de madeira. O meu primo corre para se defender com uma cadeira. O gerente vai embora e em seguida volta com cinco pessoas e pegam o meu primo na covardia. Um rapaz dá um mata-leão (chave de pescoço) nele e os outros quatro se revezam em bater" contou Yannick Iluanga Kamanda ao O Globo.

"Não satisfeitos, eles amararam os braços e as pernas dele e continuaram batendo. O meu primo ficou desacordado e mesmo assim ele espancavam ele. Só depois de um tempo , eles viram que ele estava desacordado e deixaram ele jogado na areia", acrescentou.

Mesmo depois do episódio de violência, o dia de trabalho continuou, com Moïse caído no chão. "Eles foram embora e ficou só o gerente do quiosque. E ele deitado no chão, como se nada estivesse acontecendo. Trabalhando, atendendo cliente. E o corpo lá”. A família só soube do crime quase 12h depois, já na manhã de terça.

A polícia já ouviu oito pessoas, duas delas sendo identificadas como agressoras, disse um familiar do congolês. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. 

Moise veio para o Brasil com a família em 2014, como refugiado. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de Irajá no domingo (30), em meio a muitos protestos.