Mototaxista é morto ao entrar em rua dominada por facção, diz família

Ícaro, 27 anos, morava em São Caetano e foi levar passageira na Massaranduba

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  • Bruno Wendel

Publicado em 20 de junho de 2019 às 14:49

- Atualizado há um ano

(Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Passados 10 anos em São Paulo, Ícaro Almeida Alves, 27 anos, regressou a Salvador. A violência da maior cidade do país o fez trazer a família - a mulher e os dois filhos pequenos - para a casa de seus pais, no bairro de São Caetano. Há seis meses, ele trabalhava como mototaxista. 

Nessa terça-feira (18), Ícaro levou uma passageira de São Caetano até Massaranduba e acabou sendo baleado – foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu. Por ter ficado tanto tempo fora, a vítima desconhecia a rixa entre criminosos dos dois bairros.  "Meu marido não sabia dessa rivalidade, não fazia ideia de quem mora numa região não pode entrar em outra sob pena de morte. Aqui está pior que São Paulo”, declarou ao CORREIO a mulher de Ícaro, Erenúsia Lopes, 27.Em nota, a Polícia Militar informou que policiais da 17ª Companhia Independente (CIPM/Uruguai) foram acionados para atender a uma denúncia de homicídio. “Quando chegou ao local, a guarnição localizou a vítima e socorreu para o HGE onde a equipe médica constatou o óbito. A Polícia Civil investigará o crime”, diz a nota. 

O caso é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHHP). O CORREIO procurou a Polícia Civil para saber detalhes da investigação, mas só obteve a informação de que o crime é apurado pela 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS).   Cansado da violência de São Paulo, Ícaro veio com a família para Salvador (Foto: Reprodução) Crime Ícaro foi baleado na Rua São Francisco, bairro de Massaranduba, por volta das 13h30. Segundo Erenúsia, Ícaro saiu de São Caetano para levar uma passageira. “Horas depois ligaram para a família e disseram que ele foi encontrado caído no chão com quatro tiros, que tentaram socorrer, mas ele chegou morto ao hospital”, disse a mulher do mototaxista, na manhã desta quinta-feira (20), durante a liberação do corpo no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR). 

Ela não soube informar a circunstância do crime. “Ninguém disse para a família como aconteceu de fato o crime e nem quem é essa mulher que ele levou até Massaranduba. O que sabemos é que em algum momento descobriram que ele era de São Caetano e que por isso o mataram. No local onde ele estava, em Massaranduba, há uma rixa com o pessoal do bairro da casa dos pais dele”, contou a mulher. 

Erenúsia disse que a família está toda arrasada. “O tempo que passamos em São Paulo, apesar de toda a violência, nunca fomos sequer assaltados. Mesmo assim, ele queria vir para cá, por causa de nossos filhos. Não queira criá-los numa cidade com tamanha violência. Mas nada adiantou. Queremos justiça e estamos organizando um prosteto. A morte do meu marido não ficará impune”, lamentou ela. O protesto ainda não tem data e horário marcados. 

Ela disse ainda que o marido não tinha envolvimento com a criminalidade. “Ícaro não era de confusão, era um grande pai, só pensava na segurança da família. Ele nunca foi preso e não usava drogas. Ele deixou uma menina de um ano e 11 meses e um menino de 8 anos”, disse. 

Ícaro foi enterrado às 11h desta quinta-feira no cemitério municipal de Periperi. O CORREIO esteve no local, mas parentes não permitiram o acesso da equipe.