MPF denuncia Filipe Martins, assessor de Bolsonaro, por gesto racista no Senado

Ele diz que só ajeitava a lapela; sinal, que lembra o OK, é usado por extremistas de direita

  • D
  • Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2021 às 15:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal no Distrito Federal nesta quinta-feira (9). Ele é acusado de fazer intencionalmente um gesto que tem conotação racista na extrema direita mundial.

O gesto foi feito durante uma sessão do Senado em março. Para o MPF, Martins "agiu de forma intencional e tinha consciência do conteúdo, do significado e da ilicitude do seu gesto". O assessor alega que estava apenas ajustando a lapela do terno.

Se a denúncia foi aceita pela 12ª Vara Federal DF, Martin vai responder de acordo com a Lei de Crimes Raciais. Ele pode ser condenado a pagar multa mínimo de R$ 30 mil, ser preso e perder o cargo público que ocupa.

Na sessão do Senado, Martins acompanhava o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que falava dos esforços que fez para ajudar na compra de vacinas contra a covid. Sentado atrás de Araújo, ele uniu os dedos indicador e polegar da mão direita em forma arredonda e passou sobre o paletó. O gesto aconteceu durante a fala de abertura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O gesto, que parece um OK invertido, é associado a supremacistas brancos, por formar as letras WP (white power, em português 'poder branco'). 

Martins foi ouvido pela Polícia Legislativa do Senado e negou que fazia um gesto supremacista. Na ocasião, o Museu do Holocausto no Brasil se pronunciou, lembrando que nos EUA o gesto é um símbolo de ódio. Ele tem sido copiado por militantes de extrema-direita em todo mundo. O condenado por um  atentado na Nova Zelândia fez o sinal com a mão no tribunal. 

A Liga Antidifamação dos EUA, que monitora crimes de ódio, lembra que o uso comum do sinal costuma indicar aprovação ou que algo está bem. A ressignificação de símbolos é uma maneira de confundir e evitar responsabilização. Por isso, é importante levar em conta o contexto. A ADL (sigla em inglês) diz que o símbolo se tornou uma "tática popular de trolagem por indivíduos de direita".