Mr. Parango: Tony Salles se torna o mais longevo cantor do Parangolé

Banda completa 25 anos em 2022; cantor está à frente do grupo há 8 anos

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 23 de fevereiro de 2022 às 16:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mateus Ross/Divulgação

O mundo mudou demais desde aqueles fins de tarde em que Nenel e Nailton aproveitavam para misturar de tudo um pouco em seu pagodão durante uma partida de baralho ou outra na Federação. O ano era 1997 e ali nascia o Parangolé, uma das maiores bandas da história do pagode, responsável por parte considerável da história do carnaval de Salvador e reveladora de talentos como o próprio Nenel, Bambam, Ed e Léo Santana.

Depois de Nenel e Bambam, com o movimento shakestyle e o disco A Verdade da Cidade, até hoje um dos mais importantes na história do pagode, veio Leo, que ficou de 2007 a 2014. Desde o ano da Copa do Mundo no Brasil, o nome que atende pelo vocativo de vocalista é Tony Salles - que já é o mais longevo da banda em toda a sua história.

Em entrevista ao CORREIO, Tony não titubeou para afirmar que vive o melhor momento de sua carreira e, consequentemente, na banda. Hoje ele está solto, curtindo, se sentindo livre para experimentar. Diferente do início: nos dois primeiros anos, ele estudou a banda e a si próprio para poder juntar tudo isso e fazer com que nem a banda, nem ele perdessem suas essências. E ele avalia que deu certo.

"Hoje é pura curtição. A história do Parangolé se adaptou e integrou a minha história, isso criou uma coisa só. Curtindo cada projeto, cada CD, seguindo feliz e realizado. Esperando nosso carnaval, um DVD que a gente vai lançar, muitos projetos e ideias", disse o cantor antes de participar do programa Fuzuê de Verão, da rádio Bahia FM.

Se hoje qualquer criança por aí sabe dançar 'Abaixa Que é Tiro' e as mais grandinhas ainda lembram de hits como 'Sarra Toma' ou 'Open Bar', muito se deve à assinatura de Tony: "O que consegui levar foi um estilo mais dançante, músicas mais alegres, a sarrada, coreografias. Eu carrego isso comigo há anos. No início fiquei muito preocupado em como iria encaixar, mas acabou sendo bem natural, tranquilo", explicou.

Ao longo dos anos, o Parangolé teve 8 vocalistas: Nailton (1997-2000), Mucinho (2000-2002), Klebinho (2003-2004), Ed (2004-2005), Bambam e Nenel (2006-2007), Léo Santana (2008-2014) tomaram conta dos microfones antes da chegada de Tony.

O Parango sequer foi a primeira experiência de Tony numa banda com marca forte. Próximo de comemorar seu aniversário de 42 anos, na próxima quinta (24), ele esteve à frente do É O Tchan quando era ainda muito jovem, com 21 - período que ele classifica como de muito aprendizado. 

A chegada ao Parangolé aconteceu após convite do empresário Marcelo Brito, da Salvador Produções. Ele assumiu no carnaval de 2014 e desde então é uma das atrações do Bloco As Muquiranas e também já venceu um título de música do Carnaval, com Abaixa que é Tiro, em 2019."O parangolé traz pra mim a essência do pagodão, não deixei perder. Faço isso no show até hoje. Eu sou do pagodão, vivo e amo de verdade o pagodão", afirmou.Esse amor pelo pagode faz com que Tony não se desgarre de suas origens. Todo show do Parangolé tem a hora retrô, e não só de antigos sucessos da própria banda, mas de outros grupos que fizeram sua história no pagode baiano: O Troco, Pagodart, Leva Noiz e por aí vai. (Foto: Mateus Ross/Divulgação) Tony afirma que o pagode é um dos ritmos mais fortes do país e, consequentemente, dentro da própria Bahia. Ele diz que sua carreira também é uma luta pela memória de quem já passou e hoje não está mais em evidência, até para apresentar às novas gerações.

"Muita gente que faz o pagode e o preserva, está um pouco esquecida. São pessoas que não estão muito em evidência e é muito legal lembrar, colocar num ensaio, num grande evento. Colocar num CD para tocar... é dessa forma que a gente consegue se unir, só existe esse caminho e eu levanto essa bandeira com muito orgulho e muito carinho", completa.

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Planos A pandemia não atrapalhou muitos dos planos do Parangolé. Essa é a avaliação de Tony porque o grupo continuou gravando, investindo, fez lives e conseguiu se manter viva mesmo com toda a dificuldade sofrida pelo setor cultural como um todo: "afetou o lado mais financeiro porque a gente estava sem trabalhar e isso incomoda qualquer ser humano. Mas a gente produziu pra caramba, gravamos clipe com Lexa, uns 3 cds ali ainda na pandemia, fizemos algumas lives, o que foi muito bacana", explica.

Ele completa que, no entanto, o investimento não tinha retorno: só tava saindo, entrava nada, como ele detalha. Mas no final das contas ele avalia que foi um período positivo para o grupo, mesmo em um cenário de negatividade.

Sem entrar em detalhes, ele garantiu que vem coisa nova do Parangolé ainda neste ano, mas a menina dos olhos de toda a banda é o DVD, previsto para ser gravado neste ano e lançado durante o próximo verão. E assim o Parango vai seguindo: carregando uma grande bandeira no peito, e descendo a madeira por seu povo e histórias. As já escritas e aquelas que ainda vêm por aí.