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Caso foi na Estação Pirajá. Mãe diz que cena machucou toda família
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2020 às 13:07
- Atualizado há um ano
Cíntia Santos, 27 anos, a mulher agredida e expulsa a chutes de um ônibus na quarta-feira (6) em Salvador, está internada em um Hospital Eládio Lasserre, em Cajazeiras. A cena bárbara na Estação Pirajá foi filmada e viralizou ontem. "Esse homem não tem coração", diz a mãe de Cíntia, dona Diamantina, em entrevista ao Bahia Meio Dia, da TV Bahia. Não há detalhe sobre o estado de saúde da vítima.
"Eu tava em casa, era na base de umas 12h, um amigo meu mandou um amigo dele vir aqui na minha casa mostrar o vídeo", explicou a mãe, que não acompanha a filha no hospital por fazer parte de grupos de risco - ela é cardiopata e hipertensa. A cena bárbara machucou dona Diamantina e também a irmã mais nova de Cíntia, ainda criança. "Ela perguntou 'por que estão fazendo isso com Cíntia?".
O uso da máscara é obrigatório nos coletivos de Salvador desde o dia 23 de abril. Cíntia entrou de máscara, mas em seguida afirmou estar passando mal e tirou a proteção do rosto. Testemunhas contaram que um passageiro discutiu com ela e logo em seguida teve início a agressão.
"Quando eu vi aquele vídeo, para mim ali, meu mundo naquele momento acabou. Perguntei a mim e a Deus, ali dentro daquele ônibus, será que só tinha bicho? Porque o que fizeram com minha filha, ali estava sendo um bocado de bicho. Que entrou um bicho e os outros bicho foram pra matar. Esse rapaz de blusa amarela foi o que agrediu mais a minha filha. Eu lhe entrego na mão de Deus. Agora, queria te perguntar uma coisa: tu tem mãe? Tu tem filhos?", questiona.
Ela compara o comportamento das pessoas ao de cães. "As pessoas que estavam dentro desse ônibus tem alguma que é mãe, tem alguma que é vó? Porque parece que não tinha gente nesse ônibus. Parece que tinha um bocado de pitbull e aí entrou um cachorro vira-lata. Minha filha Cíntia é gente, não é cachorro. E se fosse cachorro não podia ser tratada assim", diz.
Dona Diamantina afirmou que Cíntia é usuária de crack e dependente química. "Minha filha é usuária de droga e precisa, se alguém estiver ouvindo se comover, me ajude com uma clínica para eu internar minha filha. Era um presente de dia das mães", pediu.
A Polícia Militar informou que tomou conhecimento da situação pela imprensa e que enviou uma equipe da 48ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) por volta das 13h30 para averiguar a situação. "No entanto, após realizar rondas e buscas no local a procura dos envolvidos, ninguém foi encontrado", disse a corporação, por meio de nota.
O Consórcio Integra, empresa que administra o transporte público de Salvador, informou que a mulher agredida entrou no ônibus usando máscara e, após passar pela catraca, resolveu tirar o equipamento de proteção. Alguns passageiros ficaram revoltados, alegaram medo de contaminação pelo novo coronavírus e pediram que ela colocasse novamente a máscara, o que não foi feito. Diante da recusa, ela acabou agredida e expulsa do veículo pelos próprios passageiros.
Assim como a Intregra, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) afirma que a usuária agredida acessou o coletivo usando máscara de proteção respiratória. Entretanto, a pasta informa que a confusão aconteceu após a passageira retirar a proteção para tossir, o que causou pânico nas pessoas que utilizavam o transporte, segundo testemunhas. "O Órgão ressalta que nada justifica a agressão praticada no interior do coletivo", pontuou em nota.