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Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2022 às 15:16
Para os familiares de Greice Kelly Rocha Soares, 26 anos, às vésperas de Natal jamais serão as mesmas. Pois, na data em que eles deveriam estar celebrando, estavam no cemitério Quinta dos Lázaros, se despedindo da jovem. Ela foi morta a tiros, na última quinta-feira (22), pelo ex-companheiro - um policial militar que não aceitava o fim do relacionamento. >
Como se não bastasse o sofrimento pela perda, os parentes viram o sentimento se prolongar no momento do velório. A cerimônia, que estava inicialmente planejada para às 11h, foi adiada para às 13h, devido a um atraso na documentação obituária. Primo da vítima, o pastor Antônio, 40 anos, foi o primeiro a chegar. Há quase um ano sem ver Greice, soube o que aconteceu através de um conhecido, que viu o caso sendo noticiado na televisão. >
"Eu a amava, era uma menina trabalhadora e que nunca fez mal a ninguém. Ainda estamos sem entender o porquê. Não sei o que será da justiça dos homens, mas a de Deus não deixará nada disso impune", afirmou o primo da vítima. Às 11h30, a mãe, os tios e um dos filhos de Greice chegaram ao cemitério acompanhando o corpo. >
Bastante abalada, a mãe da vítima, Maria das Graças Correia, conhecida como Gracinha, preferiu não falar com a reportagem. De acordo com o irmão dela e tio de Graice, Ciro Rocha, ela não come desde que recebeu a notícia. "Ela estava na ilha, trabalhando, e voltou desesperada. Desde quinta ela não se alimenta, só há choro e tristeza", lamentou o tio.>
Greice era a filha mais velha de Gracinha, e a única mulher entre quatro irmãos. Ela, por sua vez, também era mãe e deixou dois filhos, uma menina de 7 anos e um menino de 9. A primogênita, segundo Ciro Rocha, pediu muito para ver a mãe. "Ela me pediu pra vir, porque viu tudo pela televisão. Todos os dias ela diz: 'meu tio [o policial militar, identificado pelo pronome de Cabo Valter] matou minha mãe'", contou Ciro. Mãe de Greice Kelly precisou ser amparada por amigos e familiares (Foto: Emilly Oliveira/ CORREIO) Dezenas de amigos e outros familiares compareceram ao velório. A tristeza e o desejo de justiça estampavam os rostos dos presentes. Na capela 2 do cemitério, todos entoaram canções gospel e oraram ao redor do corpo de Greice. "A quem você perguntar, a resposta será a mesma, minha sobrinha era alegre, carinhosa, um doce com todos nós. Ela estava sendo coagida por ele [Cabo Valter]", disse uma tia da vítima, sem se identificar. >
A pedido dos presentes, o velório foi mantido por mais 15 minutos. No momento do cortejo, os coveiros foram dispensados e os homens da própria família da vítima carregaram o caixão até o local do enterro. De cabeça baixa e aos prantos, outros familiares e amigos seguiam atrás. Desolada, a mãe de Grace precisou ser amparada por alguns deles. >
Às 14h30, a vítima foi sepultada ao som de sussurros de revolta, choros e o clamor dos pais, pedindo para que aquele momento de tristeza não fosse realidade. "Um pai não deve enterrar a filha, essa não é a lei natural", disse o pai de Greice, desabando em lágrimas. >
Crime O policial militar conhecido como Cabo Valter, matou a ex-companheira a tiros por volta das 14h de quinta-feira (22), em um salão de beleza dentro do Big Bompreço da Avenida ACM, em Salvador. Greice Kelly foi baleada oito vezes. Segundo testemunhas, a vítima trabalhava no local como depiladora. >
O suspeito invadiu o estabelecimento e perguntou onde ela estava. Em seguida, se direcionou a ela e efetuou os disparos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e prestou atendimento à vítima, mas a vítima teve a morte confirmada no local após meia hora. A loja foi fechada após o crime.>
Ontem (23), o policial militaer foi ouvido pela polícia e encaminhado para a carceragem do Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas. >
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >