Musical feminista A Dita Curva estreia na Caixa Cultural Salvador

Protagonizada por 10 mulheres, espetáculo terá um mix de música, poesia e dança para abordar a força do feminino

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  • Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 05:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ju Rodrigues/divulgação

Um espetáculo feito por mulheres, sobre as mulheres e com um objetivo feminista: “reforçar a importância de ocuparmos o nosso lugar como pensadoras com autonomia”. Assim define Flaira Ferro, idealizadora do musical A Dita Curva, que estreia nesta sexta-feira (13), às 20h, na Caixa Cultural Salvador, e fica em cena até domingo (15). Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e estarão à venda para todas as sessões a partir de hoje (13), nas bilheterias da Caixa Cultural.  

Com referência a expressão popular “dita cuja”, usada quando se fala de alguém que não se quer nomear, o nome do musical aborda aquilo que a sociedade por vezes procura esconder. “A dita curva é a do pensamento feminino, da compreensão do que é ser mulher”, explicou Flaira.  

A obra é protagonizada por 10 mulheres, artistas múltiplas, que misturam música, poesia e dança em performances que revelam a força do feminino. São elas Aishá Lourenço, Aninha Martins, Flaira Ferro, Isaar, Isadora Melo, Laís de Assis, Luna Vitrolira, Paula Bujes, Sofia Freire e Ylana Queiroga.

A unidade entre elas e o tema abordado pelas artistas lhes fizeram serem reconhecidas como um “coletivo de mulheres feministas”, embora nem mesmo tivessem esse objetivo. “Juntar mulheres para criar um espetáculo que fala sobre temáticas do feminino e ainda buscando uma autonomia própria dá nisso”, disse Flaira. 

A maioria dos membros da estrutura do espetáculo também são mulheres, integrantes do coletivo. A direção artística é por conta de Lili Rocha, direção musical de Paula Bujes, e iluminação de Natalie Revorêdo. “As apresentações são bem distribuídas entre solos, duetos, quartetos ou em grupo. A parte cênica traz muito do universo feminino”, disse Lili Rocha. 

As artistas se utilizam de poesias e músicas de estilos diferentes, do maracatu ao pop, do brega/funk ao rock, com bits eletrônicos misturados a viola e violino. “Embora idealizado por mim, o processo de criação nasceu de forma horizontal e participativa. A gente ouviu e trouxe os lugares de fala de cada uma dessas mulheres”, explicou Flaira. 

Além de idealizadora do musical, Flaira é a intérprete da canção Coisa mais Bonita, que aborda o orgasmo feminino e que estará presente no espetáculo. Mesmo sem trazer nenhuma cena de nudez, o clipe da canção chegou a ficar fora do ar no YouTube durante 24h. “Na época dei muitas entrevistas sobre isso. Tive até a oportunidade ir para o programa do Pedro Bial”, contou. 

Mesmo com os ataques à canção e ao musical, as artistas se mantêm focadas nos retornos positivos que têm recebido das pessoas. “A gente recebe muito depoimentos de mulheres chorando dizendo que a gente mudou a vida delas. Teve gente que mandou textos, e-mails gigantes. O espetáculo mexe muito com as emoções”, afirmou Faira. 

Num contexto social de altos índices de feminicídio e desigualdade de gênero, as artistas também desejam falar para os homens. “Através da arte, a gente acredita que é possível combater o machismo. Essa é uma necessidade muito grande”, disse Lili. Por sua vez, Flaira Ferro revela que os homens também são tocados nas apresentações: ”Eles nos agradecem e dizem que saem pensando mais sobre abraçarem a questão da liberdade de expressão da mulher. O retorno do público é comovente”, disse. 

O musical estreou em 2019 em Recife e lá permaneceu por duas temporadas. Antes de chegar em Salvador, o grupo passou ainda por Rio de Janeiro, São Paulo e João Pessoa. “Aqui vamos fechar o nosso ano com chave de ouro. Estamos empolgadas com a energia dos soteropolitanos”, disse Lili Rocha.

SERVIÇO:

Espetáculo: A Dita Curva

Local: Caixa Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro)

Quando: sexta-feira (13), 20h. Sábado (14), 18h e 20h. Domingo (15), 19h

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Bilheteria: A partir das 9h de sexta-feira (13), para todas as sessões, na bilheteria da Caixa Cultural Salvador. 

Classificação: 12 anos

* Com orientação da editora Ana Cristina Pereira