Na base do orgulho: conheça as finalistas do Concurso Garota BCS 2018

CORREIO faz votação informal com as 18 candidatas; campeã sai nesta quarta

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  • Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Arisson Marinho/CORREIO

Ensaio geral para o grande desfile contou com a participação de 14 das 18 finalistas nesta segunda (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Nas categorias de base da moda, enxergar beleza em si mesma é um dos princípios para crescer, aparecer e se tornar uma modelo profissional. No entanto, para algumas garotas que participam da 4ª edição do concurso Garota BSC, com a grande final marcada para essa quarta-feira (28), às 19h, no Sol Bahia Hotel, em Patamares, enxergar essa beleza pode ser um desafio não tão simples, diante de opiniões e depreciações alheias. 

“Sofri muito bullying por causa do meu cabelo, do meu corpo, mas aprendi a me aceitar, gostar de mim mesma e me empoderar, e quero que as pessoas da minha comunidade também enxerguem a própria beleza”, comenta a estudante Karina dos Santos, 16 anos, vencedora da seletiva da Base Comunitária de Segurança (BCS) do Bairro da Paz, ao apontar os próprios atributos que a fazem se orgulhar de quem é e de onde veio. Negra, magra, alta, cabelos crespos, traz no sorrisão a base do orgulho de ser e poder superar qualquer coisa.“Não sinto mágoa de ninguém (que me maltratou), mas estou aqui para fazer a diferença”, conta a jovem, que pretende cursar a faculdade de Medicina Veterinária.Entre os bichos-papões que ela e outras 17 candidatas precisam enfrentar, desde já, está o nervosismo em encarar a passarela em ocasião tão importante. Mas há quem tenha chegado, assim como Karina, com a auto-confiança renovada. “Não fiquei surpresa de não ter conseguido ganhar a seletiva, no ano passado, porque eu não estava confiante. Mas esse ano, eu cheguei, chegando. Vim pra ganhar”, contou Camyla Oliveira, 21, representante da BCS da Santa Cruz. Candidatas simulam as entradas na passarela (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Despertar e reforçar esse orgulho e autoestima nas jovens de comunidades carentes da Bahia é uma das propostas do concurso, organizado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). “O foco principal é dar uma oportunidade a essas garotas, um olhar diferenciado dentro das suas comunidades, além de uma oportunidade de vivências diferentes e de emprego, de um futuro dentro da moda”, explica o major PM Marcelo Pitta, um dos cerimonialistas do desfile.

Serão, ao todo, 18 participantes, a serem avaliadas por cinco jurados técnicos. Eles vão analisar quesitos como elegância na passarela, simpatia, desembaraço em público, atitude e fotogenia.

De acordo com André Menegry, um dos proprietários da agência One Models Bahia e produtor do Garota BCS, ao todo serão três ensaios antes do grande dia. “Neles, a gente analisa tudo e faz as correções”, contou ele, durante o segundo dos três dias de preparação, nessa segunda-feira (26), que contou com 14 candidatas. “Apenas quatro não vieram, porque são do interior e tiveram dificuldades. Mas, mesmo assim, não vão perder pontos”, garantiu o coreógrafo.

Menegry também explicou como serão as entradas. “As meninas vão desfilar com três trajes: um casual, que é o estilo mais esporte, para o dia a dia; o traje de banho, que costuma definir a vencedora; e o traje de noite, que a gente vê a beleza  plástica, com elegância, e o rosto”.

Campeãs A primeira a atender, com louvor, a todos esses requisitos, e vencer o Garota BCS foi Bruna Souza. Campeã de 2015, a garota do Vale das Pedrinhas, então com 16 anos, hoje mora em Paris, onde trilha o caminho do sucesso nas passarelas europeias, e é um dos orgulhos dos organizadores do concurso."Ela fez São Paulo Fashion Week, foi desfilar em alguns estados, até que um olheiro internacional entrou em contato com a gente (da One Models, primeira agência de Bruna). Daí ela participou da Semana de Moda de Paris, os franceses acabaram gostando muito e ela não tem data pra voltar ao Brasil", conta Menegry, ao citar um dos exemplos de sucesso do concurso.Vencedora da edição passada, Keise Luana Matos, 17, apareceu no ensaio desta segunda para ensaiar a passagem de faixa para a futura campeã. Ela aproveitou, claro, para conversar com as participantes. Representante da comunidade de Itinga, Keise acredita que sua experiência de vida e de passarela pode ajudar algumas meninas desta edição.

“No ano passado, eu achava que não tinha como ganhar. Havia panelinhas, eu me sentia excluída, e vencer acabou sendo uma resposta a isso. Hoje vi que isso pode estar acontecendo aqui também. Acho importante falar, principalmente, com essas meninas que se sentem isoladas”, comentou Keise, que concilia os trabalhos como modelo e como vendedora de uma loja com as responsabilidades maternais: é mãe da pequena Melissa, de 1 ano e 7 meses.

Segundo a jovem, muitas portas se abriram para ela após o concurso, e é importante ter perseverança para continuar buscando um lugar ao sol. “O começo é difícil, o dinheiro não vem logo, mas acho importante manter a determinação, por mais que as dificuldades apareçam”.

Outra finalista é Leideane Oliveira, que é moradora de Itinga. Ela foi a vencedora da seletiva do Afro Fashion Day, evento promovido pelo jornal CORREIO. 

Últimos ajustes Enquanto Keise e as finalistas enfrentavam certa dificuldade de se organizar na passarela, ante as orientações enérgicas de Menegry, outros membros da PM colocavam as marcações em ordem para o grande dia.

Segundo a capitã Maria Oliveira, é difícil estimar quantas pessoas participam direta e indiretamente da organização do concurso. “Tem o pessoal do cerimonial que está aqui, os departamentos de polícia comunitária, de comunicação, os núcleos de artes, de projetos”, listou alguns.

Presente na retaguarda musical em todas as edições, o soldado PM Costa Filho se mostrava apreensivo, mas também animado com sua quarta participação no concurso. “É o momento em que a gente doa um pouco da nossa arte para integrar ainda mais essa corrente do bem que envolve o Garota BCS”, comentou ele, um dos sete membros do programa Primeiro Som, que ensina música a jovens das comunidades onde as bases estão instaladas.

Independente do ombro que a faixa de miss vai se instalar, a capitã PM Maria Oliveira, gerente do projeto, acredita que o Garota BCS será, mais uma vez, um sucesso – tanto nas passarelas, quanto nos becos e vielas de cada comunidade representada.“É um concurso de beleza que faz inserção social, protagoniza a questão de valorização da mulher, da cidadania. (...) É importante lembrar que esta é uma ação de aproximação, de relacionamento e integração com a comunidade, que é uma estratégia institucional”, comenta.Realizado desde 2015, o concurso é realizado pela Polícia Militar e integra o programa Pacto Pela Vida da SSP. Entre os objetivos da iniciativa ainda figuram a concretização do policiamento comunitário, bem como a valorização étnica e cultural nas comunidades e o estímulo ao desenvolvimento pessoal e profissional das participantes.

Este ano, além de ganhar um notebook, a campeã do concurso estará classificada automaticamente para o Miss Bahia 2019. A segunda colocada vai receber um smartphone e a terceira, um tablet.

Conheça as finalistas e apoie a sua favorita (pode votar em mais de uma candidata). Vale lembrar que essa enquete não interfere no resultado do concurso.