Na brasa: professor ganha R$ 22 mil por mês com a venda de churrasco feito em casa

Vitor Rodeiro diz que o sucesso do drive é o frango assado: o ‘galetão’ sai por R$ 35 ou R$ 50, com 2 opções de acompanhamentos

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  • Priscila Natividade

Publicado em 21 de março de 2021 às 11:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Vitor Rodeiro tem 45 anos. É pai de gêmeos, professor de Educação Física, dono de academia, vice-presidente da Federação Bahiana de Levantamento de Peso (Felba) e, desde outubro do ano passado, decidiu, também, iniciar na garagem da casa dos pais, no bairro de Brotas, a operação do restaurante LaBrasa (@labrasassa). “Peguei algumas coisas emprestadas, desenhei e encomendei a churrasqueira, peguei as mesas, cadeiras e aluguei dois toldos. Pronto, iniciamos”, conta.

Com o atendimento presencial, o faturamento era em torno de R$ 18 mil a R$ 22 mil por mês. Porém, diante da necessidade de fechamento do comércio por conta do avanço do coronavírus, a alternativa encontrada por ele foi adotar o serviço de drive-thru, que tem garantido um retorno de R$ 8 mil.

“Os clientes ligam e agendam sua retirada no local sem precisar sair do carro. É apenas o começo de um novo negócio, onde uma boa parte das pessoas ainda não conhece o nosso produto de cortes especiais. Em breve, iremos atender toda Salvador. Acreditamos, muito, que onde há uma crise, existe também, uma semente de sucesso equivalente”, afirma.

Apesar de já ter experiência com esse tipo de empreendimento quando foi proprietário do Parrilla Argentina, em Stella Maris, a ideia era atender somente nos fins de semana com um modelo de rua um pouco menos sofisticado e com o mesmo padrão de cortes especiais. “No Parrilla, o nosso faturamento foi a zero. Nosso público-alvo era de pessoas da faixa etária de maior risco. A pandemia exigiu várias mudanças e tivemos que nos adaptar. Como já tinha o know how de carne, o  LaBrasa tem uma proposta maior de valorizar as vendas online e o contato com os clientes pelas redes sociais”, afirma o empreendedor.

O La Brasa começou na base do boca-a-boca e reforçou sua participação nas redes sociais, principalmente a partir do lockdown parcial. “Moro e trabalho no bairro há  mais de 40 anos. Tem muita gente conhecida, muitos amigos. Nesse momento mais crítico da pandemia, partimos para as redes sociais com toda força. Com certeza elas são uma ferramenta indispensável para qualquer negócio hoje”.O consumo médio, por cliente, é de R$ 60. Entre os pratos mais pedidos estão o Steack Hanger (Bife do Açougueiro), Short Rib e Chuck Eye Roll, que custam até R$ 100,  com direito a cinco acompanhamentos. Porém, quem manda no serviço do drive é o frango assado. O ‘galetão’ sai por R$ 35 ou por R$ 50, com duas opções de acompanhamentos também. 

“Todo mundo já conhece e gosta, é uma opção mais prática e acessível. Mantenho sempre a qualidade na compra da carne e diferencio o ponto de cada corte na parrilha. Isso faz muita diferença também. Depois é só agregar um pouco da nossa regionalidade nas guarnições. É comida feita com capricho. Tem sempre aquele toque de mestre, do molho de queijo ao tropeiro de amendoim”, acrescenta.

No ponto Com mil e uma atividades, Vitor diz que o restaurante funciona a partir da sexta-feira à noite. Porém, enquanto as medidas restritivas estiverem em vigor, os pedidos são entregues aos sábados e domingos, das 10h até às 15h30. 

“Todos os dias acordo às 4h, tomo um rápido café e às 5h30 já estou na academia. Entre 11h e 16h faço as compras para o restaurante e para casa. Aproveito para brincar um pouco com meus filhos de 1 ano, Olivia e Dante, e às 16h retorno para a sala de aula até as 22h. Só chego às 23h em casa”. Além de dois garçons, um parrilleiro e uma estagiária em gastronomia, Vitor conta com a ajuda de uma tia e da mãe no suporte ao La Brasa. ”Para dar conta de tudo, tenho  uma equipe que faz toda a diferença”, destaca.  

 Vitor não nega que a pandemia afetou em cheio as finanças.  “Tivemos prejuízo com a academia e aderimos ao crédito bancário. Não podemos nos acomodar, quem é autônomo não tem alternativa. Tem que pensar numa forma de sobreviver. O LaBrasa veio como uma tentativa de manter a receita familiar”.

A oferta do serviço delivery é uma meta, mas primeiro o empreendedor quer estabilizar o negócio até colocar a expansão em prática. “Estamos pagando as despesas passadas e fazendo compras para se adaptar ao novo modelo.  É preciso pensar sempre à frente, pois novas necessidades irão surgir. É se  colocar no lugar do cliente, imaginar o que ele precisa, identificar o produto e mitigar, ao máximo, os custos”, completa.

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QUEM É

Vitor Rodeiro  é professor de Educação Física, vice-presidente da Federação Bahiana de Levantamento de Peso (Felba) e proprietário do restaurante LaBrasa.

DICAS PARA IMPLEMENTAR O DELIVERY NO SEU NEGÓCIO

Estratégias Importante, antes de tudo, é ter em mente que implantar qualquer novo serviço na empresa, incluindo o delivery, exige planejamento. É o que aconselha o especialista em pequenos negócios do Sebrae-BA, Fabrício Barreto: “Defina o produto que quer ofertar e estude. Procure conhecer a fundo o que está sendo ofertado por sua empresa”.

Processos O serviço deve proporcionar agilidade sem comprometer a qualidade do que está sendo ofertado. Invista na boa apresentação do produto e na entrega dos pedidos. “No segmento de alimen- tação, é um dos pontos centrais”, destaca Barreto.

Mídias sociais Trabalhe muito bem esses canais para se tornar conhecido. “Utilize esses recursos  como uma ferramenta para dar destaque, criar uma identi-dade, dá e promover relacionamento”.

Geolocalização Outra dica é definir bem o território de atuação. “Calcule, inclusive, o tempo e  custo para fazer a entrega ao cliente”, completa.