Na Copa do Brasil, a bola antifa denuncia tortura

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  • Paulo Leandro

Publicado em 21 de julho de 2021 às 05:33

- Atualizado há um ano

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Torturar a bola, sequestrar o espetáculo e desaparecer com os destaques do time adversário, em uma marcação de brucutus, permitindo-se apenas um homem de referência na frente para aproveitar os erros da zaga a fim de executar, sem vacinação, quem ousa jogar diferente.

Esta é a fórmula do admirador confesso de Augusto Pinochet, o treinador do Grêmio, Luiz Felipe Scolari, comandante competente, do seu jeito, para ganhar quatro vezes a Copa do Brasil, três delas invictas.

Revelado na conquista do Criciúma, venceu uma pelo Grêmio, seu time favorito, e duas com o Palmeiras, uma delas com gol de Oséas, cria do Galícia, tendo armado Scolari times carrancudos, dispostos a matar primeiro e depois perguntar quem era.

Não é à toa ter-se especializado Scolari nas competições mata-mata, preferindo a partida de volta em seus domínios, como será o duelo com o Vitória, anfitrião de terça-feira, dia 27, para depois decidir a vaga em Porto Alegre.

Coincidiu ter o Vitória fornecido a Scolari três pentacampeões do mundo, sob sua direção, em 2002, com Dida, Vampeta e Júnior Nagata, em campanha favorecida pelas bênçãos da deusa Nike.

Não saberia calcular o fã do genocida chileno, a quantidade de assassinatos cometidos contra jovens e trabalhadores indefesos, no Estádio Nacional de Santiago, em setembro de 1973, mas conhecimento dos crimes contra a humanidade, ele mostrou ter, ao tentar treinar o Colo Colo.

- Eu quis dizer que o Pinochet fez muita coisa para o Chile, iniciou uma nova etapa no Chile. Para chegar num ponto bom, num ponto que o Chile cresceu, alguma coisa tinha que ser feita, foi ele. Agora, quantos que ele matou lá no estádio, eu não sei.

De volta ao seu Grêmio, mas sem tempo para os coletivos, devido à sequência de jogos, o pinochetista assumiu com a missão de livrar o tetragaúcho do rebaixamento no Brasileiro, e já conseguiu sair da lanterna, vencendo o Fluminense, gol de pênalti convertido por soldado Pinares.

O Grêmio perdeu para o LDU, de virada, por 2x1, pela Sul-Americana, mas já deu para perceber o embrião de um outro time saindo do ovo da serpente, com a aposta de sempre de Scolari: defesa sólida, jogo duro, bola parada e total dependência do pelotão de fuzilamento, não pode dar xabu como ontem.

Não se espere inclinação às belas artes, ao contrário, o foco total é a disciplina, inestimável contribuição para a feiúra do atual futebol, tomando a metáfora do Estado autoritário, no qual a lei é ditada por ele e quem não a obedecer, cumpre pena em solitária.

Nem o goleiro Chapecó está livre de barração quando Augusto Scolari encontrar alguém experiente para a posição de Lara, herói a quem o clube deve o epíteto de Imortal por ter falecido dias depois de fechar o gol, mesmo desenganado pelos médicos.

Nó górdio é a lateral esquerda, ponto fraco, onde Bruno Cortez disputa com Diogo Barbosa, querido por empresários, visando dinheiro por cláusula contratual, embora Guilherme Guedes não decepcione, quando tem chance na posição de Everaldo, tri em 1970.

No meio, Leo Pereira e Alisson combatem linhas inimigas, enquanto o 10, Jean Pyerre, isolado, tenta servir quem veste a camisa de André, por ora Diego Souza, até Diego Churín recuperar-se, neste novo-velho Grêmio matador do “Brilhante Felipão”.

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.