Namorado acusado de matar analista do MPF para roubar é preso

Além dele, cantor que também participou do crime foi preso no interior da Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

Dois suspeitos de matar o analista técnico do Ministério Público Federal (MPF) Wallace Souza Duarte de Oliveira, 40 anos, em junho de 2016, foram presos essa semana. Gabriel de Araújo Rodrigues, que na época do crime tinha um relacionamento amoroso com a vítima, foi preso na terça-feira (13) em Pirajá. Já Israel Mello de Sentana, que era cantor da banda Vamo Nessa, foi preso na segunda (12) na cidade de Nazaré, por uma equipe do Departamento de Polícia do Interior (Depin).

O delegado Guilherme Machado, da 2ª Delegacia de Homicídios (DH/Central), afirma que o crime foi um latrocínio - roubo seguido de morte. Wallace foi morto dentro do próprio carro no bairro Granjas Rurais. Gabriel tinha marcado lá um encontro com o analista. Quando Wallace chegou, encontrou o namorado com Israel e foi rendido. A vítima foi torturada para fornecer as senhas dos cartões, usados pelos bandidos para fazer compras. Pertences do analista também foram roubados.

“Depois de agredirem o analista com socos e chutes, eles o asfixiaram até a morte e atearam fogo no corpo do homem, na tentativa de esconder o crime”, conta o delegado.

Gabriel e Israel já tinham sido presos uma primeira vez em dezembro de 2016, mas estavam respondendo em liberdade pelo crime até que as prisões preventivas foram decretadas.

Crime De acordo com a diretora adjunta do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a delegada Clelba Regina Teles, Wallace e Gabriel mantinham um relacionamento há dois anos e o crime foi motivado por dinheiro. Ainda conforme a delegada, a morte teve motivação fútil. "Foi dinheiro mesmo. Ambos assumiram o crime, mas Gabriel foi ouvido e liberado. A prisão preventiva dos dois já foi solicitada", informou ela. Israel também é acusado pelo crime (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) Nenhum dos suspeitos têm passagens pela polícia. A delegada informou que Israel executou e torturou a vítima com murros, pontapés, além de ter causado a morte da vítima por asfixia mecânica. No dia do crime, Wallace teria saído de casa, no bairro da Vila Laura, depois de receber uma ligação. Ele disse à tia, que morava com ele, que voltaria, mas desapareceu. A família chegou a registrar o desaparecimento na delegacia, no dia 29 de junho.

No entanto, o corpo já tinha dado entrada no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), no dia 23 de junho, como indigente. O corpo foi encontrado em chamas pela Polícia Militar, na Rua Paquistão, na região da Brasilgás. Já o carro de Wallace, um Siena cinza, só foi encontrado no dia 20 de julho, na região do Parque São Bartolomeu, em Pirajá. Só então a família soube que Wallace estava morto.

O corpo foi identificado um dia depois do carro ser localizado, quando o pai da vítima, o aposentado Antônio Bonfim Duarte, 70, foi ao IML e realizou exame das digitais.

"Meu filho era um rapaz de bem. Eu quero olhar nos olhos dele", disse o aposentado, que não sabia que o filho era gay. Wallace era filho dele do primeiro casamento.

O cartão de crédito da vítima foi utilizado pelos suspeitos até o dia 5 de outubro, de acordo com o pai. A informação foi confirmada pela delegada. "Eu não sei qual a motivação. Meu filho não tinha inimigos. Eu não quero falar nada, só quero olhar para ele e desejar que ele pense sobre tudo isso na cela em que ficar para o resto da vida", disse o pai.

Para a madrasta da vítima, a aposentada Mirane Angélica Borges, 65, só a maldade explica uma morte como essa. "Maldade, muita maldade. Meu filho era um homem bom, trabalhador. Lutou pra conseguir chegar onde chegou. Se formou, passou no concurso que quis e acabou morto brutalmente", declarou ela.

Durante a apresentação de Israel, quando da sua primeira prisão, o suspeito preferiu não falar com a imprensa.