'Não há que se discutir lados, enquanto isso as pessoas estão morrendo', diz delegada da Polícia Civil

Kiyomi Kuratani Pimentel, segunda entrevistada do QuantA ao Vivo: a palavra é dela, falou sobre segurança pública em tempos de pandemia

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  • Da Redação

Publicado em 15 de março de 2021 às 22:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

A pandemia forçou todos os setores a encontrar soluções diante de um inimigo invisível. Com a segurança pública não foi diferente. Para analisar essas mudanças, a colunista do CORREIO Flavia Azevedo recebeu a delegada da Polícia Civil da Bahia, Kiyomi Kuratani Pimentel, na segunda transmissão do QuantA ao Vivo: a palavra é dela, nesta segunda-feira (15). 

Delegada desde 2004, Kiyomi vem de uma família militar. O pai foi tenente do Exército Brasileiro e a mãe, japonesa, era filha de um capitão de mar e guerra que participou da 2ª Guerra Mundial. 

Sua primeira pergunta veio do correspondente especial, Leo, filho de Flavia. O jovem entrevistador quis saber qual a diferença entre cada uma das forças policiais. “O poder da polícia é fiscalizar e criar uma manutenção social. A Policia Militar é aquela que tá de farda na rua. Ela é aquela que vai evitar para que o crime não aconteça. A Polícia Civil em tese não tem farda, ela tá lá pra investigar o crime depois que ele acontece. Já a Polícia Federal tem a mesma função da Polícia Civil, mas ela apura os crimes em nível federal. Mas, a gente ainda tem outras polícias, como a Polícia Rodoviária Federal e Estadual, que coíbem os crimes nas rodovias, e Polícia Penal, que fica nos presídios. Então, a gente tem um monte de polícias”, explicou. 

Sobre o papel do delegado e delegada, ela explicou que o profissional é o “primeiro juiz de uma situação”. “A Polícia Civil é uma equipe, são vários colaboradores que trabalham em conjunto. O delegado encabeça a equipe e precisa ser formado em direito, porque ele precisa conhecer das leis para que ele faça a avaliação do que de ser feito”, contou Kiyomi, que se formou em Direito pela Universidade Federal da Bahia, em 1996, e é casada com Zé e mãe dos pets Sol e Lua.

Ao tratar da segurança pública em um tempo de pandemia, Kiyomi ponderou que o convívio social saudável exige a colaboração de todos.“Em linhas gerais, todo ser humano nasceu com alguns direitos, como se eu tivesse 100% de direito de fazer o que eu quisesse. Quando criou-se a sociedade, é como se cada um tivesse cedido um pedacinho desse 100% para formar o estado. Esse é o chamado pacto social”, narrou. Mas, porque manter esse pacto é tão difícil no Brasil? Para a delegada, o fato de os brasileiros não terem enfrentados eventos como guerras, interfere nessa indisciplina. “Nós não somos um povo disciplinado pela dificuldade, como por exemplo o Japão”.“A gente não entende a emergência. Temos muitos problemas sociais, mas a gente não entende a sirene de emergência. Pessoas das mais diferentes classes sociais têm dificuldade de abrir mão de pequenos prazeres”, acrescentou Flavia. Quando a conversa chegou na desobediência das normas sanitárias, Kiyomi foi enfática: “as pessoas precisam entender que todas elas podem ser conduzidas a delegacia”. Se alguém se recusa a usar máscara no elevador do prédio ou em um estabelecimento comercial, por exemplo, vai estar sujeito a ação das forças policiais. “Do ponto de vista penal, ela pode ser apenada. Você liga para o 190 como o cometimento de crime qualquer”, afirmou. “Já se determinou que tem que usar a máscara, se determinou tem que usar, não tem negociação. Não é o ‘eu acho’, não há que se discutir lados, posicionamentos e entendimentos, porque enquanto isso as pessoas estão morrendo”, completou Kiyomi.

O QuantA ao Vivo: a palavra é dela integra a quarta edição do projeto Retada, que homenageia mulheres baianas ou que estão na Bahia, que se destacaram no último ano nas suas áreas de atuação. Além das transmissões, o projeto traz matérias, vídeos e cards publicados ao longo do mês de março com conteúdo sobre as homenageadas.