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Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
Já manifestei, diversas vezes, minha preocupação com uma onda obscurantista e incompreensível - sobretudo nestes tempos em que o mundo enfrenta a grave pandemia do novo coronavírus - de resistência à aplicação de vacinas. Esse movimento já fez retornar doenças que julgávamos erradicadas, ou ao menos controladas, como a varíola e o sarampo. No entanto, sou obrigado a voltar ao tema por uma razão sanitária e humanitária: o temor do retorno da poliomielite, doença contagiosa que pode contaminar crianças e adultos e, nos casos mais graves, levar a paralisias musculares, em geral nos membros inferiores. As pessoas mais velhas devem se lembrar de um tempo em que viam outras crianças, adolescentes e jovens andando de muletas por causa da paralisia infantil. Pois, há 30 anos, o Brasil erradicou esta doença, o que não quer dizer que ela não pode voltar, considerando dois fatores. Primeiro a existência de alguns países onde a poliomielite é uma endemia. Segundo a baixa adesão até agora à Campanha de Vacinação contra a Poliomielite para crianças até cinco anos de idade.
A iniciativa do Ministério da Saúde vai até 30 de outubro e pretende imunizar 95% do público total. Na Bahia, são 854.4473 crianças, mas até o Dia das Crianças (12 de outubro) somente 6.457 pequenos haviam sido vacinados, o que corresponde a ínfimos 0,76% do público total. Já em Salvador, no mesmo período receberam a vacina 2.301 crianças, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. Estamos, portanto, há praticamente no fim da campanha e precisamos de uma ampla mobilização das autoridades sanitárias e da sociedade em geral para atingir a meta estabelecida e proteger melhor a saúde das nossas crianças. A aplicação não dói, é aquela da gotinha, a Vacina Oral Poliomielite (VOP). Há ainda (para os casos necessários) uma dose extra, a Vacina Inativada Poliomielite (VIP).
Uma outra importante vacina também está sendo ministrada até 30 de outubro, a do sarampo. No caso específico desta doença, aqui na Bahia, em dez anos, a cobertura vacinal caiu de 80,82% para apenas 21,1%. O sarampo é uma enfermidade facilmente transmissível. Estima-se que uma pessoa pode contaminar até outras 18. A queda vertiginosa levou o Ministério Público a encaminhar ofício aos promotores de Justiça dos municípios com baixa cobertura vacinal, para que cobrem das prefeituras medidas que estimulam e promovam a vacinação.
Todo o nefasto movimento antivacinação se ancora na falácia de que a vacina apresenta sérias contraindicações e, muitas vezes, faz mal. Não é verdade. O que faz mal é não vacinar. Desde que surgiu em 1796, a vacina tem contribuído para melhorar a saúde das pessoas e, ao longo desses 224 anos, ajudado a aumentar a expectativa de vida em todo mundo. E o Brasil ajudou nesta conquista. O nosso Programa Nacional de Imunização (PNI) é um dos mais respeitados do mundo. Aqui, a criança já tem acesso à vacinação logo que nasce, quando as vacinas BCG e hepatite B são aplicadas para proteger o recém-nascido contra as formas de tuberculose e a hepatite B.
Portanto, gente, não vamos permitir que a poliomielite retorne. Sabemos que a grande preocupação atual é a Covid- 19, mas devemos também combater outras enfermidades. Levem as crianças para vacinar e assim prevenir doenças que deixam sequelas para a vida toda, como a poliomielite. Vacinar é um ato de amor.
David Rios é médico e deputado estadual.