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Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2014 às 07:25
- Atualizado há um ano
A nossa Universidade Federal da Bahia, criada em 1946 por Edgard Santos, reitor magnífico que comandou a universidade a ferro e fogo durante 16 anos, foi, nos seus primeiros anos, uma instituição jovem e revolucionária. Risério, em seu livro sobre Edgard Santos, afirma que a Bahia, com ele, foi reinventada. E foi.
No auge de sua juventude, a Ufba abrigou e provocou a cidade. Nela se inseria, e a cidade dentro da universidade vivia. Vivia plenamente. Eram tempos onde tínhamos mais tempo, obviamente. Mas não era só isso. A Ufba conseguiu, na sua infância e juventude, ver a cultura como mola propulsora das artes, da saúde, da pesquisa e do desenvolvimento científico e tecnológico. Aquela era uma Ufba revolucionária, todos dizem.
Naquele período, foram criadas as escolas de Teatro, Dança, os Seminários Livres de Música - embrião da Escola de Música -, a Orquestra Sinfônica e o Madrigal. Ao mesmo tempo, implantava-se a Escola de Geologia, depois o Instituto de Química, a Escola Politécnica e tudo mais que fez da universidade, na década de 50 do século passado, uma universidade que se expandia e com a cidade interagia.
Sem saudosismo, ou apesar dele, precisamos aprender com esse passado, para poder viver com dignidade o presente e construir um alvissareiro futuro.
Há bastante tempo, a Ufba vem abdicando do seu protagonismo político e cultural no debate da cidade, do estado e do país. Como é de se esperar, as universidades devem estar voltadas para os interesses e necessidades da sociedade, e esta deve poder reconhecer a sua importância, entranhando-se nas definições das suas linhas de atuação.
Todavia, apesar de seus inúmeros projetos vitoriosos de extensão e de pesquisa, que alcançam um sem número de pessoas em seu entorno, nas comunidades, nos escritórios, nos atendimentos de saúde, só para ficar em parcos exemplos, a comunidade organizada ou não nas cidades não reconhece – às vezes sequer conhece – a mais antiga e, por isso mesmo, uma das suas mais importantes universidades federais. Quanto mais pobres e afastadas dos centros de decisão menos pertencimento tais comunidades têm com a Ufba. E a Ufba com elas.
Com as importantes e estruturantes ações afirmativas e a expansão da Universidade, camadas da população passaram a conhecer e pertencer à comunidade universitária. Vivemos um momento histórico de entrada de novos atores no ambiente restrito do ensino universitário. Mas a impressão é a de que ela ainda é um clube fechado, só que agora com mais sócios.
Afinal, o que é mesmo “a Ufba”? Qual a sua função pública? Qual seu papel na discussão dos problemas inúmeros das cidades e de suas populações? Por que ela, enquanto instituição, afastou-se da cidade e do estado?
Essas perguntas ganham uma amplitude ainda maior neste momento em que se aproxima a eleição para a sua reitoria em maio próximo. É hora de a comunidade inserir um novo modelo de troca de suas aspirações e necessidades com a Universidade que, não obstante a sua tradição, há que se reinventar a cada dia.
Seguramente, este é um dos nossos maiores desafios, e não pode ser enfrentado apenas pela comunidade intramuros. O convite está feito. A Ufba está em nossas mãos.
* Nelson Pretto é professor da Faculdade de Educação da Ufba