Nelson Teich é o novo ministro da Saúde; veja o perfil do médico

Mandetta foi demitido na tarde desta quinta-feira (16) em meio à crise do coronavírus

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  • Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2020 às 17:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro escolheu nesta quinta-feira (16) o nome do médico oncologista Nelson Teich para o Ministério da Saúde. Ele vai substituir Luiz Henrique Mandetta, exonerado depois de uma escalada de conflitos com Bolsonaro sobre a melhor política de saúde para lidar com a pandemia de coronavírus no país. Teich se reuniu com o presidente pela manhã, em um encontro fora da agenda oficial. O novo ministro tem apoio da classe médica e da Associação Médica Brasileira (AMB), além de boa relação com empresários do setor.

Teich chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde após a eleição, mas acabou não entrando no cargo. Ainda assim, participou do governo, entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, como assessor de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

Dele, inclusive, foi sócio no MDI Instituto de Educação e Pesquisa. A empresa de pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências sociais, humanas, físicas e naturais e treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial foi aberta em março de 2009 e fechada em fevereiro de 2019, segundo consta no site da Receita Federal.

O médico, que nasceu no Rio de Janeiro, se formou pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e se especializou em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.

Em 1990, fundou o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI), sendo seu presidente até 2018 — em 2015, a empresa foi comprada pela UHG/Amil.

Também foi fundador do COI Instituto de Gestão, Educação e Pesquisa, organização sem fins lucrativos criada em 2009 para a realização de pesquisas clínicas e projetos e execução de programas de treinamento e educação em diversas áreas do cuidado do câncer, e, em 2016, do Medinsight - Decisões em Saúde, empresa de pesquisa e consultoria em economia da saúde.

De acordo com a BBC, entre 2010 e 2011, Teich, que é doutor em Ciências da Saúde - Economia da Saúde pela Universidade de York, do Reino Unido, prestou consultoria nesta área no Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.

O que Teich pensa sobre o coronavírus? Nas últimas semanas, o oncologista tem publicado artigos na rede profissional LinkedIn sobre o coronavírus. Em um deles, intitulado "COVID-19: Histeria ou Sabedoria?", comenta sobre a polarização que tomou conta do Brasil no momento."A discussão sobre as estratégias e ações que foram definidas por governos, incluindo o brasileiro, para controlar a pandemia de covid-19 mostra uma polarização cada vez maior, colocando frente a frente diferentes visões dos possíveis benefícios e riscos que o isolamento, o confinamento e o fechamento de empresas e negócios podem gerar para a sociedade", escreveu."É como se existisse um grupo focando nas pessoas e na saúde e outro no mercado, nas empresas e no dinheiro, mas essa abordagem dividida, antagônica e talvez radical não é aquela que mais vai ajudar a sociedade a passar por esse problema", afirma, ainda, o artigo.

Destacou ainda que "a situação do gestor de saúde é muito difícil, porque ele precisa tomar decisões duras usando informações e projeções que apresentam grande incerteza" e que "o sucesso vai depender da capacidade de colher dados críticos em tempo real, de incorporar e analisar essa base de dados atualizada, de ajustar as projeções quanto aos possíveis impactos das escolhas, rever as decisões e desenhar novas medidas e ações".Em outro texto, "COVID-19: Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil", salienta que o isolamento horizontal, ao contrário do que defende Bolsonaro, é a melhor estratégia para o momento."Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento. Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país."

Sobre a opção difundida pelo presidente, aponta que tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema: "Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem à partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa. O ideal seria um isolamento estratégico ou inteligente".