'Ninguém é uma ilha, é preciso ajudar o próximo': militares doam sangue em Salvador

Ação do Exército, Marinha e Aeronáutica tentou recuperar estoque do Hemoba

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  • Gil Santos

Publicado em 17 de junho de 2020 às 14:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/ Secom GOV

Em época de pandemia, quanto custa para fazer o bem? A resposta é 30 minutos do seu tempo. Esse é o período que uma pessoa leva para doar sangue na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba). O novo coronavírus afugentou os doadores e derrubou pela metade os estoques de sangue O positivo e A positivo, os dois tipos mais usados pelos baianos.

Nesta quarta-feira (17), militares do Comando Conjunto Bahia (CCJ - Bahia) no 2º Distrito Naval foram até o Hemoba para participar de uma ação de desinfecção e doação de sangue. Essa foi a quarta vez que integrantes do CCJ ajudaram a repor o estoque de sangue do estado desde que a pandemia começou. O Ministro da Defesa, general-de-exército Fernando Azevedo e Silva, está em Salvador e acompanhou a iniciativa.

“As Forças Armadas estão fazendo o esforço, como sempre fizeram quando a população brasileira necessitou dela. Nós instituímos dez comandos conjuntos no Brasil inteiro, estamos com 30 mil militares, por dia, e mil viaturas empregadas ajudando em várias ações, como doação de sangue, distribuição de alimentos, desinfecção, e transporte logístico de material de saúde pelo Brasil inteiro. As Forças Armadas têm colaborado no esforço conjunto de todo o Brasil, com estados e municípios,”, afirmou. Ministro destacou as ações das Forças Armadas na pandemia (Foto: Divulgação/ Forças Armadas) O CORREIO encontrou a 2º Tenente Milena Bittencourt fazendo um lanche depois de ter feito mais uma doação. Ela contou que já doa sangue há anos, e garantiu que essa ação ajuda quem mais precisa e, ao mesmo tempo, faz bem para quem é solidário.“A gente se sente bem. É uma sensação de dever cumprido. A gente está fazendo, na verdade, um pouco de tudo o que a gente pode fazer pelo outro. Estamos no mundo para ajudar um ao outro. Ninguém é uma ilha, precisamos pensar e ajudar o próximo”, disse.Os militares contaram que outras doações de sangue serão programadas. O Comando Conjunto Bahia é composto por integrantes da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira, e foi criado em março deste ano para atuar no apoio às ações de saúde e segurança do estado da Bahia em mitigação aos efeitos da covid-19.

Na ação desta quarta-feira, participaram 22 militares do Exército, 15 da Aeronáutica, e 10 da Marinha. Todos doaram sangue. Além de mais 15 homens que trabalharam na desinfecção do local, mesmo procedimento que eles aplicaram nas Obras Sociais Irmã Dulce, em unidades do Complexo Penitenciário da Mata Escura, e no porto de Salvador. Os militares também estão auxiliando na entrega de 22 mil cestas básicas oferecidas pela prefeitura à população carente. Bolsas de sangues tipo O+,A+ e A- estão em baixa (Foto: Divulgação/ Secom GOV) Cenário O diretor do Hemoba, Fernando Araújo, contou que os tipos sanguíneos O positivo e A positivo estão presentes em 75% da população baiana, e por serem os mais comuns são também os mais demandados. Em junho, o estoque desses tipos de sangue tem em média de 250 a 300 bolsas, mas este ano o percentual está em apenas 45% desse total. O tipo A negativo também está em falta.“O ato feito pelo Governo Federal, trazendo o comando do Exército, Marinha e Aeronáutica para fazer doação de sangue, é importante por ser uma representação, um chamado para que as organizações e a sociedade civil façam contribuições. É o ato voluntário de amor ao próximo de poder salvar vidas, e essa ação é importante”, afirmou.Araújo destacou que em junho o número de doações de sangue diminui por conta das férias no Nordeste, mas que aumenta a demanda devido aos acidentes nas festas juninas. Este ano, por causa da quarentena a quantidade de doadores foi ainda menor.

Para doar é preciso ter entre 16 anos (com responsável) e 69 anos, pesar mais de 50 kg, e estar saudável, sem dores de cabeça, coriza, febre, enjoos ou similares. O dia e o horário da doação podem ser agendados através do site ou do telefone (71) 3116-5643. “Lembrando que estamos em uma situação de pandemia em que não é recomendado que pessoas acima de 60 anos saiam do isolamento, não é um pré-requisito, mas é uma recomendação”, frisou Araújo.  

No dia da doação, é preciso levar um documento original com foto (não pode ser crachá de empresa), e passar por uma triagem clínica e hematológica que é feita pouco antes da doação. Todo o procedimento dura entre 25 e 30 minutos, cada bolsa de sangue pode beneficiar quatro pessoas ou mais, e tem validade de até 30 dias. Militar usa roupa especial para fazer desinfecção (Foto: Divulgação/ Forças Armadas) Polêmica Antes de acompanhar a ação dos militares, Azevedo e Silva participou de uma reunião com integrantes do alto escalão das Forças Armadas, e reafirmou o compromisso de Exército, Marinha e Aeronáutica com a democracia. O comentário foi feito depois de declarações antidemocráticas realizadas pelo presidente Jair Bolsonaro nas últimas semanas.

“As Forças Armadas, desde o regramento atual, que é a Constituição de 1988, ela é fiel ao regramento jurídico e democrático. Foram três décadas em que as Forças Armadas tiveram um papel fiel ao regramento, e nós não vamos nos afastar disso. Estamos voltados para Operação da Covid-19, para a Operação Acolhida na Venezuela, Operação Pipa distribuindo água para o Nordeste inteiro, Operação Verde Brasil combatendo as queimadas e o desmatamento, além das missões do dia a dia”, afirmou.

Antes de estar em Salvador, o ministro esteve no Rio Grande do Norte, Paraíba, e Pernambuco para acompanhar o trabalho de assistência desenvolvido pelas Forças Armadas nesses estados.