Nino fala sobre Dia dos Pais longe da família e quer jogar até os 39 anos

Ao CORREIO, lateral do Bahia falou sobre a rotina com os três filhos e a lua de mel com a torcida

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  • Daniela Leone

Publicado em 9 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Ele é durão dentro de campo, mas se derrete todo diante de Maysa, 9 anos, Melissa, 5, e do caçula Miguel, de apenas  um. Paizão, Nino Paraíba se dedica como pode aos três filhos, mas tomará falta no domingo. O lateral-direito vai estar longe de casa no Dia do Pais. Na data comemorativa, ele estará em São Paulo para defender o Bahia no jogo das 16h, contra o Palmeiras, pelo Brasileirão da Série A.

Nino perderá a festinha de homenagem na escola das crianças e quer fazer a ausência valer a pena. “Para compensar, o presente que eu quero dar a meus filhos é o triunfo. Seria muito importante pra gente e eles ficariam muito felizes”. Com 19 pontos, a dois do G6, o Bahia é o 10º colocado na tabela.

O calendário apertado de jogos, além da rotina de concentração e viagens, não permite que ele fique tanto tempo com os filhos como gostaria, mas tenta compensar com cuidados básicos. Sim, Nino é daquele tipo de pai que não tem frescura para trocar fralda e até faz penteados.

“Eu tive que desenrolar”, diz o carequinha, aos risos. “Desembaraço o cabelo das minhas filhas. Minha esposa pega uma e eu, outra. Tempo para descer pro parquinho é difícil, mas eu ajudo bastante minha esposa com as crianças. Dou banho, troco de roupa, faço mingau”, conta o jogador, que cresceu junto com seis irmãs na cidade de Rio Tinto, no interior da Paraíba.

No domingo passado, Gilberto fez os três gols, mas Nino também roubou a cena durante o triunfo por 3x0 contra o Flamengo, na Fonte Nova. Antes do apito inicial, todos os holofotes estavam voltados para a estreia do lateral-esquerdo rubro-negro Filipe Luís, campeão da Copa América com a Seleção Brasileira. Nino ignorou as manchetes e anulou o ex-jogador do Atlético de Madrid.

Implacável com os adversários dentro de campo, ele é amoroso em casa com a família. Tenta dar aos filhos o que não teve do próprio pai na infância. Agricultor da aldeia Jaraguá, no interior da Paraíba, seu Antônio, 62 anos, não costuma demonstrar o amor que sente em gestos.

“Eu não tive muito amor de pai. Ele estava presente, mas ele não era muito de abraçar e beijar. Minha relação é boa com ele, tanto que quando eu tenho férias, fico com ele. Mas o meu pai é mais preso, é o jeito dele mesmo”, explica. “Eu procuro ser diferente dele e dar aos meus filhos o que eu não recebi, que é esse amor de pai, estar sempre ao lado. Sou muito carinhoso. O que meu pai não fez, eu procuro fazer com os meus filhos e isso é bastante gratificante”.

Na memória Em Salvador, Nino tem carinho de sobra. Dos filhos e da torcida do Bahia. Ele é fã de música gospel e nunca tinha escutado Jorge Ben Jor até que teve o nome cantado em uma paródia feita com a composição Fio Maravilha, no dia 18 de abril, quando marcou um tento e deu uma assistência na goleada por 4x0 contra o Londrina, pela Copa do Brasil. Mais de 17 mil torcedores entoaram “Nino Paraíba, nós gostamos de você”. 

Um dia que não sai da memória. “Depois daquele jogo ali, a minha vida mudou no Bahia. Comecei a pegar mais confiança e sabia que a torcida estava junto comigo e meus companheiros. Foi ali que o grupo deu aquela arrancada”.

A paródia foi estampada em camisetas por uma grife baiana, ganhou as ruas de Salvador e se transformou em presente para os familiares. “Comprei 25 camisas para mandar pra turma lá da Paraíba. Todo mundo queria”, contou Nino. “No começo do ano eu estava sendo muito criticado e a torcida estava cobrando bastante, mas nunca desanimei, porque eu sabia que uma hora ou outra iria voltar a jogar bem”.

Nino não apenas deu a volta por cima, como acredita que chegou ao auge com a camisa azul, vermelha e branca. “Esse momento que eu estou vivendo no Bahia pra mim é o melhor momento da minha carreira”, avalia o jogador, que passou por Ponte Preta, Avaí, Vitória, Campinense, Sousa-PB, Náutico e Desportiva Guarabira-PB, onde começou. 

Está tão satisfeito que planeja renovar o contrato que encerra em dezembro. “Pretendo ficar aqui no Bahia. Meu empresário já está conversando com Diego (Cerri, diretor de futebol)”, revelou o atleta, que defendeu o tricolor em 75 jogos de janeiro do ano passado para cá.

A partir deste mês, ele tem a concorrência do recém-contratado João Pedro, para quem perdeu a posição no primeiro semestre de 2018. “É um excelente jogador e vai nos ajudar bastante. É uma briga sadia”, valoriza, antes de opinar sobre a utilização do companheiro no meio de campo, como disse pretender o técnico Roger Machado. “Facilita pra gente, porque são dois laterais do mesmo lado. Se eu passar, ele fica. A gente vai revezando e fica mais fácil”.

Com fôlego Aos 33 anos, Nino mostra fôlego de menino e pretende se manter em atividade por pelo menos mais cinco temporadas. “Penso em jogar até os 38 ou 39 anos. Esse é o meu objetivo, mas quando chegar lá eu vejo como o corpo está e se dá para mais”, afirmou o lateral-direito, que tem o companheiro de posição Daniel Alves como principal inspiração e está empolgado para enfrentá-lo no reencontro com o São Paulo, no segundo turno da Série A. “Só vi ele pela televisão e jogar contra vai ser uma honra”.

Porém, o foco agora é no Palmeiras. “Vamos confiantes. Sabemos que não é fácil ganhar lá, mas esse triunfo que a gente teve contra o Flamengo nos deu mais confiança. Não desaprendemos a jogar do dia para a noite e nunca perdemos o foco. Queremos brigar por algo grande para o Bahia”.

Na volta, Maysa, Melissa e Miguel o estarão aguardando de braços abertos em casa para comemorar com atraso o Dia dos Pais. “Eles estarão acordados esperando. Quando eu viajo que vou chegar de madrugada elas esperam. É certo que quando eu chegar elas estarão com os presentes na mão me esperando”, sorri o papai tricolor.