No dia da festa dele, São Cosme quer caruru. E elas dão!

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Publicado em 27 de setembro de 2019 às 05:00

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Que Primavera, que nada! Quando setembro começa na Bahia, é o cheiro de dendê que se espalha no ar. Mês dos meninos, dos carurus pra todo mundo que couber na casa. Fartura, alegria e generosidade nas festas que, no entanto (dizem), a crise tem feito minguar. Tem nada não, vai melhorar. Por hoje, estamos aqui com quatro mulheres baianas que não abrem mão da comida boa e ancestralidade. Tem festa hoje e tá todo mundo convidado. Outra, no mês que vem. Tem pra anotar na agenda e aparecer no próximo ano. E se você não quiser sair de casa, tem caruru delivery, é só encomendar. Seja como for, hoje é dia de sambar miudinho e se lambuzar! Foto: Any Manuela Freitas Dona Dalva, antiguidade é posto Do alto dos seus 90 e tal, a Doutora Honoris Causa da UFRB é preciosidade do Recôncavo. Isso, desde os anos 60, quando organizou seus primeiros grupos de samba de roda. Um trabalho tão sério que colaborou para que o Samba de Roda do Recôncavo da Bahia fosse tombado pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial Nacional e posteriormente reconhecido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Essa moça que faz aniversário justamente hoje (parabéns, D. Dalva!), devota apaixonada de São Cosme e São Damião, todo ano faz um grande caruru pra agradecer pela vida: "Cosme e Damião são nossos protetores meninos. Eles são nossos advogados e médicos. Cosme advogado e Damião médico. Eu nasci nesse dia e sigo agradecendo a Deus e a eles a maravilha de vida que eu tenho até aqui". O caruru é hoje, às 19h, na Casa do Samba de Dona Dalva (rua Ana Neri 19, Cachoeira). Eu tu, ia. Virginia Carla, praticidade e axé Crise também é oportunidade e 71 98216 6672 é o telefone pra você encomendar seu caruru completinho, por R$25,00 (para dois). "Percebi que algumas das famílias que tradicionalmente faziam o caruru, atualmente não tem condições de oferecer, então decidimos fazer para venda", diz a cozinheira. Porque, claro, quem tem sua fé passa até mal sem o gosto de dendê neste dia 27. E, com jeitinho, dá. "Acho importante mantermos as tradições familiares, passar para nossos filhos esse conhecimento que vem se perdendo ao logo dos anos". A gente também acha. Ligue lá. Rose Batista, por saúde e fé O dela é em outubro, na segunda quinzena, na Boca do Rio. Todo ano tem é cada vez mais gente vai: "essa devoção vem há muitos anos com minha mainha. Ela fez uma promessa a São Cosme e São Damião pela minha saúde e deu caruru até os meus 13 anos. Depois ela não deu mais porque era tanta gente que não cabia mais na casa, na rua, não tinha onde estacionar. Mais tarde, eu entrei para o Candomblé, já tenho sete anos e sempre dei caruru para os Ibejis", diz Rose que ressalva a importância de esclarecemos aqueles que ainda tropeçam em seus preconceitos: "temos que mais do que nunca manter essas tradições. Hoje, quando faço meu caruru tem que dar marmitas e doces às crianças e pra achar uma criança que aceite está difícil por conta dos pais que tem outra religião. Mas não podemos desistir nunca, a tradição do caruru dos Ibejis é linda, pura uma energia renovadora". Mara Tessunne (Mãe Mara), promessa para ter uma filha mulher A Ialorixá do terreiro Ilé Axé Ogum O-Niré oferece caruru desde quando tinha 16 anos. "Foi após a morte do meu pai, porque o caruru veio dele, foi uma promessa que ele fez para ter uma filha mulher. Quando eu nasci, ele deu um grande caruru. Assim continuou ate quando ele nos deixou, então, eu continuo fazendo um lindo caruru em homenagem a São Cosme". O dela é sempre no segundo sábado de agosto. Anote que é babado. Neste ano, mais de 700 pessoas de várias partes do mundo atenderam ao chamado: "manter firme nossas tradições é termos a certeza de que continuaremos sobrevivendo, assim como resistimos as senzalas, aos chicotes e troncos da escravidão". Guarde logo o endereço que você também é convidado(a): Br 201, km 215, Posto Sanca, no Sitio Mãe Mara.