No Segundou, psiquiatra falou sobre saúde mental durante a pandemia

"Nunca vi isso [uma incidência tão alta de problemas emocionais] antes", disse a especialista Camila Magalhães

Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 22:05

- Atualizado há 10 meses

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A psiquiatra Camila Magalhães foi a convidada desta segunda-feira (18) de Joca Guanaes, no Segundou, transmitido ao vivo no Instagram do CORREIO. A médica destacou como a pandemia ampliou os problemas mentais dos brasileiros e como as pessoas têm reagido. "Nunca um isso [uma incidência tão alta de problemas emocionais] antes. Esse cenário do ponto de vista de saúde mental só foi vivido em guerras. Mas como o Brasil não passa por guerras de dimensões territoriais não vivenciamos isso nos últimos cem anos", afirmou a doutora em psiquiatria pelo Instituto de Psquiatria da USP - Universidade de São Paulo.

Segundo a médica, na pandemia, muitas pessoas desenvolveram problemas de saúde mental que nunca haviam manifestado ou recaíram em sintomas que já se apresentavam estáveis. "As pessoas lidam com isso de formas distintas. Algumas encaram isso produzindo mudanças, revendo as causas da angústia. O medo é absolutamente pertinente", afirmou.

Camila ressaltou ainda que o brasileiro deveria recorrer à psiquiatria antes de a crise mental se agravar. "O brasileiro só procura ajuda quando já degringolou relacionamento interpessoal ou quando a relação familiar está dificil, mas as pessoas devem estar atentas a isso muito antes. Os médicos generalistas têm que ser capazes de detectar precocemente esse sofrimento que vai tomando corpo".

A especialista destacou que um terço da população brasileira tem algum transtorno mental. "Dessa parte, um terço é de casos graves. E só um terço dos graves procura tratamento, segundo nossos estudos de epidemiologia psiquiátrica da USP", afirmou. Segundo Camila, as pessoas estão se "automedicando" na pandemia, com álcool, games ou internet. "Estão viciados em provocar uma anestesia para esse sofrimento, mas de maneira que não ajuda porque comem mais, bebem mais. Muitas pessoas aumentaram o consumo de benzodiazepínicos, que são calmantes. O uso de fármacos aumentou inclusive pela automedicação".

Na próxima segunda-feira (25), às 19h, a convidada do Segundou, no Instagram do CORREIO, é a endocrinologista Alessandra Rascovski.