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Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2018 às 13:00
- Atualizado há 2 anos
Que mãe nunca aconselhou seu filho para que ele nunca fale com estranhos na rua? Da importância de não entrar em carros de pessoas que não se conhece e do cuidado ao dar detalhes da vida pessoal para terceiros? No mundo globalizado, no entanto, conexões com pessoas desconhecidas e informações pessoais são diariamente realizadas e fornecidas. Grupos de WhatsApp, por exemplo, interligam mais de 200 pessoas ao mesmo tempo. O supermercado pede o CPF. Até a enquete da internet pede conexões às informações de suas redes sociais.>
Nos dias de hoje, o mundo é conectado. O relógio, celular, computador e até mesmo o controle de temperatura das casas são inteligentes. Monitoram a localização, quantos passos são dados pelo dono diariamente, quantas horas a pessoa passa fora de casa, e filtra seu hábito de consumo e de vida. De que forma, no entanto, as empresas utilizam esses dados, que podem ser tão preciosos e perigosos se caírem nas mãos erradas?>
“A nossa mente foi programada para ter medo ao andar em bairros mais perigosos, mas a nossa cabeça não foi preparada para perceber e se prevenir de ameaças da internet, que não são físicas e palpáveis”, explicou o Application Security Consultant da empresa Oi, Rafael Caubit, que palestrou sobre A importância da segurança cibernética na era das Smart Cities e da Internet das Coisas, junto com a gerente de Segurança de Inteligência de Rede e MSS da Oi, Fernanda Vaqueiro, nesta quarta-feira (8) no seminário Sustentabilidade do Agora, no Fórum Agenda Bahia 2018. A apresentação fez parte do painel Privacidade e Segurança em tempos de conectividade.>
Durante o painel, a importância da segurança na internet - e fora dela - foi exposta pelos palestrantes, que ressaltaram a conectividade das informações e os perigos escondidos por trás de fornecer dados pessoais a qualquer pessoa. A outra palestrante do evento, com o tema A nova Lei de Proteção de Dados e seu impacto para empresários e consumidores, foi a advogada especialista em direito digital, Ana Paula de Moraes. Rafael Caubit: 'Não sabemos responder ameanças que não são físicas, como na internet' Para as empresas, Fernanda aconselha que a segurança deve ser pensada no momento do planejamento de projetos. “Não tem mais espaço para você implantar um projeto e depois ter um time de segurança atuando. É necessário começar [com o projeto de segurança] na concepção. Na hora que você está discutindo a regra de negócio, a área de segurança tem que estar envolvida para poder te ajudar a fazer escolhas que vão garantir padrões de segurança implementados e vão gerar menos custos futuros”, destacou. >
Para além da programação e planejamento das empresas e instituições governamentais, a gerente destaca a responsabilidade das pessoas na segurança dos dados. “A partir do momento que você não lê as letras pequenas e faz ‘next, next, finish’, você acaba sendo responsável também. Você dá acesso aos seus dados sem nem mesmo ler. Então, não podemos apenas responsabilizar as empresas”, disse.>
Lei de Proteção de Dados>
Grande parte dos problemas atuais podem ser solucionados com a implantação da Lei de Proteção de Dados, que já foi aprovada pelo legislativo brasileiro e aguarda sancionamento do presidente Michel Temer. A lei, aprovada pelo Senado Federal no mês passado, dispõe sobre as situações em que os dados podem ser coletados e tratados por empresas e por entidades públicas.>
A coleta de dados e a forma com que informações são coletadas e tratadas é disciplinada no texto do PLC 53/2018. Dados como registro de raça, opiniões políticas, crenças e condição de saúde foram considerados como “sensíveis”, e passarão a ter uso mais restrito, por exemplo. Fernanda Vaqueiro: 'Não tem mais espaço para você implantar um projeto e depois ter um time de segurança' Todas o universo em torno da lei foi abordado pela advogada també especialista em aspectos legais da Segurança da Informação, Ana Paula de Moraes, que palestrou sobre a nova lei e o impacto dela para consumidores e empresários. Segundo Ana, a lei deve alterar a forma como empresas, pessoas e governos pensam e tratam as informações e dados.>
“A partir de agora, uma pessoa dentro das empresas passará a ser responsabilizada pela falta de segurança e, em casos de má utilização de dados fornecidos por consumidores, sofrerão consequências. Com a lei, as pessoas terão maior transparência em saber onde os dados estão sendo utilizados e esperamos que tenham maior prudência em onde usam esses dados. Para que você dá o seu CPF no mercado?”, ponderou.>
O diretor da TI Safe, empresa de segurança na internet, Leonardo Cardoso, esteve presente no painel sobre o assunto e avaliou que o debate é importante para todas as pessoas. "Eu tenho um contrato de confidencialidade com os meus clientes, então se alguma daquelas informações vazar, eu sou responsabilizado. A legislação sobre isso vai melhorar para que a gente tenha um respaldo sobre a nossa responsabilidade", disse.>
O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Revita e Oi, e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia.>