Nova biblioteca da Liberdade tem 31 mil livros à disposição do público

Espaço já pode ser frequentado a partir desta quarta-feira

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  • Gil Santos

Publicado em 7 de outubro de 2020 às 13:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Gil Santos/ CORREIO

“Eunice Porchman matou a família Coverdale porque não sabia ler nem escrever”. Essa frase abriu o livro ‘Um assassino entre nós’, da escritora inglesa Ruth Rendell, que através da ficção relata as complicações que a falta de educação pode causar na vida de uma pessoa. E foi justamente defendendo a importância da leitura que a Prefeitura reinaugurou a Biblioteca Pública Denise Tavares, no bairro da Liberdade, em Salvador, nesta quarta-feira (7).

Depois de seis meses de obras, o prédio, que fica na Rua Adelino Santos, na região do Curuzu, foi aberto ao público com um acervo de 31 mil livros, salas de consulta e de empréstimo, infocentros, brinquedoteca, e sala multiuso para atividades da comunidade. O espaço tem também uma área do pensador, dedicada à pesquisa para mestrandos e doutorandos, além de painéis e livros em braille. Brinquedoteca com alguns dos livros infantis e infantojuvenis  (Foto: Gil Santos/ CORREIO) O prefeito ACM Neto participou da inauguração e disse que a intenção é que a biblioteca seja usada por estudantes de diversas idades e também pelos moradores da Liberdade. O gestor também fez homenagens à professora Denise Tavares e destacou a importância da leitura no processo de descoberta do mundo e das emoções por crianças e adultos.

“Com a velocidade extraordinária com que consumimos informações e com que as coisas vão mudando, às vezes, não se dá o peso que deveria ser dado à literatura e ao hábito de ler, de descobrir o mundo e as emoções através das leituras”, disse. Prefeito destacou a importância da leitura para o desenvolvimento (Foto: Valter Pontes/ Secom) Neto discursou em uma das salas de leitura, em frente a uma estante com clássicos da literatura ficcional e da história, e contou que a escolha da Liberdade para sediar a biblioteca não foi por acaso.

“O fato dessa biblioteca estar na Liberdade é algo que consideramos muito importante. A Liberdade é um dos bairros com maior densidade populacional de Salvador. É o bairro que tem uma identidade cultural própria, uma força cultural do seu povo extraordinária, e uma identidade multicultural que revelou talentos para o mundo”, afirmou.

O investimento na obra foi de R$ 935 mil. Parte do recurso foi empregado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) e outra parte pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), essa última é a responsável pela administração do espaço. Despertar a imaginação é um dos objetivos do novo espaço (Foto: Gil Santos/ CORREIO) Novo espaço O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, contou que a antiga Biblioteca Denise Tavares funcionava em outra região da Liberdade, em um prédio com infraestrutura ruim, e estava desativada havia pelo menos dois anos. O novo prédio tem dois pavimentos, 616 metros quadrados e já abrigou outros órgãos públicos, mas estava fechado.“A Liberdade é um bairro que é muito carente de espaços ligados à cultura. Ficamos em uma luta danada para encontrar um imóvel, até que encontramos esse, em uma região privilegiada, porque fica próximo da avenida principal. Ele foi totalmente reformado e, a partir daí, foi instalada a biblioteca”, contou.A biblioteca entra em funcionamento a partir desta quarta-feira, mas seguindo os protocolos de prevenção ao novo coronavírus.

Atualmente, a FGM é responsável por administrar três bibliotecas na Cidade Baixa, Valéria e Liberdade, e tem parceria com outras 40 bibliotecas comunitárias. A gerente de Biblioteca e Promoção do Livro e Leitura, Jane Palma, contou que o conceito da nova unidade é de Casa de Letras.

“Ela tem estrutura de aconchego e acolhimento. Por essa razão, optamos por não ter estantes de ferro. Em cada sala existe um desenho diferente de nichos para que a pessoa se sinta mais a vontade, na sala da própria casa dela durante a leitura. Além disso, todas as bibliotecas da FGM tem um conceito de literatura inclusiva com livros em braille, painéis e jogos em libras”, contou.

A Biblioteca Denise Tavares homenageia uma professora que nasceu em Nazaré das Farinhas. Em 1943, Denise concluiu os estudos para professora primária e, em 1958, tornou-se bibliotecária. Ela foi responsável pela criação da Rede de Bibliotecas Infantis, um projeto que ajudou a difundir a literatura em uma época em que o acesso a esse tipo de conhecimento era mais restrito. O trabalho teve reconhecimento nacional e internacional e resultou na criação da Biblioteca Monteiro Lobato.