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Gil Santos
Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 14:34
- Atualizado há 2 anos
Quando o pequeno Davi*, 9 anos, foi encaminhado pelo Conselho Tutelar para uma Unidade de Acolhimento Institucional (UAI), em Salvador, o garoto estava inseguro. Esses espaços são responsáveis por abrigar crianças e adolescentes que foram vítimas de algum tipo de violência ou tiveram direitos violados e que precisam de um lar para viver. Existem quatro casas desse tipo na capital, a última delas foi inaugurada nesta segunda-feira (6).>
O espaço fica em Matatu de Brotas e tem capacidade para acolher 20 crianças e adolescentes, sendo dez meninos e dez meninas, todos entre 7 e 18 anos. São pessoas que foram encaminhadas pela 1ª Vara da Infância e Juventude para morar nessas casas até que a Justiça volte a intervir. Eles podem voltar a morar com a família de origem, com outros familiares ou seguir para a adoção. Davi contou que a experiência foi um desafio.>
“No começo, eu não gostei [de morar em uma Unidade de Acolhimento], mas, depois, eu comecei a gostar. O que as pessoas fazem aqui é para o bem”, disse, abraçado a uma das educadoras. Ambiente foi planejado para servir como moradia (Foto: Betto Jr/ Secom) Ele contou que adora música, em especial percussão, e que está assistindo aulas, além de frequentar a escola regular e fazer outras atividades educativas programadas pela equipe pedagógica. O garoto fez uma apresentação antes da inauguração ao lado dos colegas percussionistas e do professor. O prefeito Bruno Reis (DEM) fez a entrega oficial do espaço e contou que o principal objetivo das unidades é oferecer acolhimento.>
“Nós sabíamos que a pandemia deixaria efeitos colaterais em diversas áreas e uma dessas áreas é a social. Na última semana, inauguramos três equipamentos importantes e, hoje, uma unidade de acolhimento voltada para crianças e adolescentes. São crianças que estão precisando de acompanhamento e que aqui, nesta unidade, terão toda a atenção. Além de orientação, educação e reinserção social, terão muito carinho e amor”, disse.>
Atualmente, as quatro unidades de Salvador oferecem 80 vagas. Bruno Reis contou que a meta do Município é ampliar a oferta para 120 vagas. “A Fundação Cidade Mãe possui diversos equipamentos, a exemplo dos Centros de Convivência, que atendem cerca de 400 crianças por unidade, realizando atividades no contraturno das aulas. Hoje, temos cinco centros e chegaremos a dez ainda nesta gestão, passando a ser uma das maiores redes do país, atendendo até 4 mil crianças”, afirmou. Inauguração oficial do quarta Unidade de Acolhimento Institucional (Foto: Betto Jr/ Secom) A unidade inaugurada nesta segunda-feira oferece também acompanhamentos individuais e em grupo para discussões de demandas da própria infância e adolescência, de questões familiares e comunitárias e do processo de reinserção do jovem na sociedade, de acordo com a necessidade de cada caso.>
A presidente da Fundação Cidade Mãe (FCM), Isabela Argolo, contou que a rotatividade é intensa porque a recomendação é de que a estadia aconteça por um período específico, que alterna de acordo com cada situação, e que, por enquanto, não há déficit de vagas no sistema. Ele frisou que os jovens não estão internados.>
“Eles estão em medida protetiva, ou seja, eles não estão restritos de liberdade. Eles têm liberdade para entrar e sair. Eles vão para a escola. Eles saem para a praia, vão ao parque e passeiam. Temos uma equipe multiprofissional formada por educadores, assistentes sociais, psicólogos e pedagogos que acompanham essas crianças em todo esse trato para que elas possam viver a sua infância e a sua adolescência da melhor forma possível”, afirmou.>
A casa tem dois pavimentos (térreo e primeiro andar), com sala de estar, cozinha, banheiro, quatro quartos, varanda e área de serviço. Salvador possui outras três UAIs geridas pela FCM, que ficam localizadas no Jardim Baiano, Bonocô e Boca do Rio.>
*Usamos um nome fictício para preservar a identidade da vítima. >