Novelaço! Amor de Mãe tem tudo para virar um sucesso

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  • Fernando Guerreiro

Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 15:56

- Atualizado há um ano

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(Foto: Divulgação/TV Globo) Existe uma máxima quando se trata do chamado marketing na área artística que, para fazer sucesso em todas as camadas da população,  você deve apostar no certo, no que já está testado e comprovado, no que agrada,  no que não tem erro. Será uma fórmula tão simples assim? 

Produtores recusam músicas que consideram “difíceis”, artistas evitam se posicionar politicamente para não desagradar e por aí vai... Só que tem a galera que prefere arriscar, se jogar na novidade, apostar no que o público acha que não gosta. A novela Amor de Mãe , exibida no horário nobre da mais poderosa emissora do país, é um exemplo disso?

Vamos lá: sou noveleiro raiz, sem culpa ou arrependimentos. Comecei minha paixão com a sensacional  Irmãos Coragem , passando pelas mais variadas experiências como Selva de Pedra 01, Guerra dos Sexos, Vale Tudo, Roque Santeiro, Gabriela 01, Avenida Brasil.

Todas produções que arriscaram e se tornaram sucessos estrondosos de audiência, novelaços que pararam o país e estiveram no foco das conversas durante os meses em que foram exibidas. O mundo mudou, surgiu a internet, a TV a cabo, o streaming, parte significativa da audiência bandeou para outras plataformas, mas a novela continua soberana como catalisadora de audiência.

A Globo acaba de sair de um novelão chamado A Dona do Pedaço, com coerência zero, saltos no roteiro, salada de temas, vilã psicopata, mas que mobilizou a audiência. Tudo dentro do previsto, fórmula certa, tudo calculado com o mínimo de risco e máximo de faturamento, com merchans a todo instante, inovando em formatos e invadindo o intervalo. E agora, o risco voltou? 

Teremos pela frente mais um novelaço, ou será alarme falso? Pelos primeiros capítulos a previsão é positiva e vamos avaliar o porquê.

Regina Casé é uma grande atriz e o público brasileiro estava saudoso de sua incrível capacidade de se transmutar e humanizar  tipos genuinamente brasileiros. Sua Lourdes é colossal, viva e contraditória, apaixonada e divertida, irradiando carisma e empatia a cada capitulo.   Lourdes (Regina Casé) e sua filha Camila (Jéssica Ellen) (Foto: Isabella Pinheiro/Gshow) O texto da novela é bem escrito, coerente, respeita a inteligência do público e não parte para soluções fáceis a cada momento, construindo personagens possíveis e realistas, sem espaço para maniqueísmos, tão comuns no gênero. A direção é brilhante, enquadramentos geniais, com direito a câmera em posições e movimentos pouco usuais no gênero. 

A trilha sonora é um show a parte, acaricia nossos ouvidos com músicas lindas, sem precisar apelar para o hit do momento. Elenco correto e apaixonado, figurinos adequados, cenografia idem e ousadia no pico. Vai pegar? Vai se sustentar ou cair na vala comum de novelas que começam arrasando e desabam no decorrer dos infinitos 150 capítulos? Vai resistir na reunião das donas de casa convidadas pela emissora para avaliar a atração?

Primeiro ponto, resolver urgente o excesso de dramaticidade. Não existe respiro, tudo pesa, a dor ronda os personagens o tempo todo. Leveza não faz mal a ninguém, muito pelo contrário, alivia uma cena tensa e prepara para outra. 

Segundo, acalmar algumas interpretações que estão muito exageradas, caso de Adriana Esteves e Taís Araújo, excelentes atrizes que precisam colorir mais as angústias de suas mães da ficção.  Chay Sued está no ponto, Murilo também, e de Regina já falei. Adriana Esteves vive uma mãe superprotetora (Foto: Reprodução/Globo) Terceiro, ampliar o tamanho dos blocos, pois o excesso de intervalos afugenta o público e quebra a corrente. Último e principal ponto: ouvir o público, perceber a movimentação das redes e não ter medo de mexer, sem perder a originalidade. Se tudo isso caminhar poderemos ao final dos 9 meses de exibição comentarmos: “esta não foi uma novelinha, nem um novelão, mas um novelaço!” Vitória (Taís Araújo) e seu cliente Álvaro (Irandhir Santos) Foto: Reprodução/Globo *Guerreiro é diretor teatral, presidente da Fundação Gregório de Mattos e colunista do CORREIO