Novo filme da saga Animais Fantásticos peca por excesso de informação

Roteiro escrito por J.K. Rowling chama a atenção para o perigo de regimes totalitários

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  • Doris Miranda

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 05:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação
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Assim como os bichos esquisitos que a escritora britânica J.K. Rowling criou para ilustrar o almanaque Animais Fantásticos, item essencial na biblioteca de Hogwarts, esse segundo filme baseado no livro homônimo é uma criatura totalmente diferente do bom episódio que apresentou o tímido Newt Scamander (Eddie Redmayne) ao mundo dos trouxas. 

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Por outro lado, este Os Crimes de Grindelwald leva o público saudoso desse universo de volta aos salões da escola de magia, onde atua com autoridade o diretor Alvo Dumbledore e sua assistente Minerva McGonagall em outros tempos. 

Claro que os fãs já devem saber, mas não custa nada avisar. A saga de Animais Fantásticos acontece algumas décadas antes do nascimento de Harry Potter e distante ainda do surgimento de Lord Voldemort.  Jude Law dá vida a um charmoso Alvo Dumbledore (Foto: Divulgação) Vê-se, portanto, um garboso Dumbledore (lindo no corpo de Jude Law), jovem ainda, mas com a mesma sapiência e determinação de sempre. Vem à tona também um pouco de sua história pessoal com o vilão e antigo amante Grindelwald (Johnny Depp, longe do capitão Jack Sparrow). Johnny Depp vive o temível bruxo das trevas Gellert Grindelwald (Foto: Divulgação) Alvo de especulações, a relação dos dois bruxos no passado é reforçada na trama. Segundo o ator Ezra Miller, a coisa é muito óbvia: “Pessoalmente, acho que a sexualidade de Dumbledore é extremamente explícita nesse filme. Ele vê Grindelwald, que ainda é o amor de sua vida; ele o enxerga no Espelho de Ojesed, que mostra seu desejo mais profundo. Se isso não é explicitamente gay, não sei o que é”. (Foto: Reprodução) Detalhes Dirigido pelo britânico David Yates, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald avança na trama de Newt, Dumbledore e Grindelwald, mas não evolui como esperado. O texto escrito por Rowling é bom, cita o perigo de regimes totalitários e de falta de respeito às leis naturais. Mas é daí que vem o principal problema: a história está repleta de penduricalhos - muito detalhe, sabe? 

A uma certa altura, a gente se perde na condução irregular do ritmo, que ora nos puxa pela mão como numa viagem mágica, ora nos faz aterrissar no meio de um novelo embaralhado de informações desconexas, que, talvez, façam sentido mais lá na frente - definitivamente, não agora.  (Foto: Divulgação) A trama começa nos Estados Unidos, em 1927, quase no mesmo ponto em que acabou o primeiro, com um familiarizado Yates deixando sua marca numa incrível sequência de ação, com efeitos bem apurados. Mas, ao atravessar o Atlântico, o clima se torna mais lento e sombrio numa Europa tensionada entre as duas grandes guerras.

Em Londres, Newt é orientado a encontrar o atormentado Creedence (Ezra Miller, desperdiçado aqui), peça-chave para o plano de dominação mundial de Grindelwald – assim como Voldemort, ele quer eliminar os mestiços e não mágicos. Além da surpreendente origem de Creedence para o mundo mágico, outras novidades criam encanto no público. Exemplo massa é a história de Nagini, a temida cobra de Voldemort no futuro. (Fotos: Divulgação) A conclusão que se chega é que Os Crimes de Gindelwald resgata aspectos familiares do universo bacana Harry Potter, mas sofre de excesso de informação. Foi a trama derivada da imaginação de Rowling que mais nota baixa teve no site Rotten Tomatoes: apenas 55% de críticas positivas.