Novos sinos automatizados da Igreja do Rosário dos Pretos são inaugurados

Mudança permite que instrumento possa tocar diariamente

  • D
  • Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Daniel Meira/Setur e Marina Hortélio/CORREIO
. por Marina Hortélio/Arquivo CORREIO

O convite para comparecer às missas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos vai ecoar mais no Largo do Pelourinho agora que os sinos do templo cristão estão automatizados. O padre Jonathan de Jesus explica que a tecnologia permite que os sinos toquem todos os dias, sem sofrer danos.

Antes, os sons eram produzidos de forma manual, por meio de cordas. Agora, um campo eletromagnético dá movimento ao instrumento. É essa mudança que permite que os dois sinos da Rosário dos Pretos toquem em horários marcados. Sem a mecanização, não havia pessoal capacitado para o trabalho e os instrumentos tinham funcionamento reduzido. Os sinos devem tocar diariamente ao meio-dia e às 18h para marcar a Hora do Angelus - momento de oração da Igreja Católica.

[[galeria]]

Para o padre Jonathan de Jesus, o badalo dos sinos relembra os fiéis de que Deus está presente e convida as pessoas para a igreja. “O som do sino é a voz de Deus que convida o seu povo para celebrar com ele. O toque do sino é uma memória e um convite. Deus está presente e nos chama a participar da sua alegria e da sua vida”, conta ele, antes de celebrar a missa de inauguração do novo sino, que ocorreu por volta das 17h30 deste sábado (19).

Noviça na igreja do Pelourinho, Lígia Margarida Gomes, 65 anos, conta que o som dos sinos despertam a fé. “É um momento de reflexão, de parar para ouvir e parar para refletir a palavra de Deus”, diz.

O som do instrumento também é um convite para novos fiéis, diz o padre. “Se você fica calado e não chama para entrar na sua casa, ninguém entra. Agora, se convida as pessoas para entrar, obviamente, elas entrarão até para perceber qual é a proposta do convite”, afirma.

Os sons na história Os sinos também têm um papel social de marcar o tempo, que foi forjado desde o início da sua utilização. O historiador Rafael Dantas, assessor da Setur, explica que os instrumentos eram responsáveis por informar o horário e até comunicar sobre eventos importantes. “A importância histórica dos sinos está além de uma função religiosa, mas tem uma função social num período em que eles foram mestres na dinâmica de cada cidade” diz.

De família originária de São João del-Rei, que fica no interior de Minas Gerais e é conhecida como a cidade dos sinos, a professora Patrícia de Carvalho, 37, conhece o papel que estes instrumentos têm no cotidiano das pessoas.

“Minha família falava que as pessoas marcavam o que aconteceu na igreja pela forma que tocava o sino. Eu sempre achei bonito e faz com que a igreja esteja presente no cotidiano”, conta.

Efeitos para o turismo É com esse foco que a Secretaria do Turismo do Estado da Bahia (Setur) incentiva a retomada da tradição do badalo simultâneo em templos da cidade. Além do instrumento da igreja do Pelourinho, os sinos da Igreja da Graça também foram automatizados e vão ser inaugurados às 8 horas deste domingo (20).

O Secretário de Turismo do estado, Fausto Franco, acredita que o projeto é uma forma de resgatar a história de quando as igrejas de Salvador badalavam seus sinos diariamente. Serão 15 igrejas incluídas no projeto. “Estamos em um momento muito importante agora com Santa Dulce dos Pobres. Isso resgata a nossa autoestima, acho que faz um bem-estar para todo mundo não só para os baianos, mas para os turistas. A iniciativa vai puxar que outras igrejas também comecem a voltar a tocar os sinos”, pontua o gestor.

O setor turístico deve colher os frutos do projeto. Franco ressalta que Salvador já é privilegiada por ter uma estrutura organizada para receber os turistas, o que não acontece em outras cidades com esse nicho de turismo. “O turismo religioso é muito perene, independentemente de estação, é forte o ano todo. É um turismo muito fiel”, afirma.

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro