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Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2022 às 16:11
A Bahia voltou a figurar como o estado mais violento do Brasil, de acordo com dados do DataSUS (banco de dados oficial do Ministério da Saúde) divulgados nesta segunda-feira (10) pelo Centro de Pesquisa em Direito e Segurança (Cepedes). O levantamento aponta que o estado registrou 6.371 assassinatos em 2021, número que é quase o dobro do que o segundo colocado, Pernambuco, que teve 3.356 casos - a diferença é de 89,8%. >
Em relação a 2020, a Bahia registrou um pequeno aumento na quantidade de homicídios. Naquele ano, o estado computou 6.336, o que representa um aumento de 0,55%. Já no Brasil houve uma redução nos casos de assassinatos em 2021 comparado ao ano anterior. >
De acordo com os registros consignados na compilação, foram contabilizados no país, em 2021, 42.391 homicídios. É o menor número absoluto desde 1998, quando os registros somaram 41.950, de acordo com o Cepedes. Em termos percentuais, houve uma redução de 11,09% no número total de óbitos intencionais em relação a 2020 (47.680 casos computados). >
Além disso, a Bahia foi um dos sete estados que tiveram aumento nos homicídios, enquanto todos os demais registraram redução nos números entre 2020 e 2021. A Bahia computou, ainda, mais que o dobro dos assassinatos em relação a estados mais populosos, como São Paulo (2.954 casos), Minas Gerais (2.385) e Rio de Janeiro (2.673).>
Veja tabelas: >
Esse cenário de aumento de homicídios na Bahia também é apontado por outros levantamentos, além dos dados do DataSUS. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia registrou o maior número de homicídios dolosos em 2020, com 5.360 vítimas, e 2021, com 5.532 mortes (10.892 no total). O Ceará aparece em segundo lugar, com um total de 7.196 homicídios nos dois anos. Pernambuco ficou em terceiro, com 6.852 registros no período analisado. >
Já com relação ao número de latrocínios, que é o homicídio com objetivo de roubo ou roubo seguido de morte ou de graves lesões corporais da vítima, a Bahia ficou em terceiro lugar, com 108 vítimas em 2020 e 137 em 2021 (245 no total). São Paulo teve o maior número de registros, com 356 nos dois anos. Pernambuco ocupa a segunda posição do ranking, com 246 mortes no total. >
O anuário também traz as 30 cidades com as maiores taxas médias de Mortes Violentas Intencionais. Desse total, seis são da Bahia: Aurelino Leal (taxa média de 144,2); Jussari (120,9); Itaju do Colônia (111,0); Wenceslau Guimarães (103,3); Santa Cruz Cabrália (102,6); e Barro Preto (98,2). >
No número de lesão corporal seguida de morte, a Bahia ocupa o segundo lugar, com 90 vítimas em 2020 e 55 em 2021. São Paulo aparece primeiro, com 122 no ano retrasado e 76 no ano passado.>
Um levantamento do índice nacional de homicídios do G1, feito com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal, mostra que o número de assassinatos no país continua em queda em 2022. Foram 10,2 mil assassinatos nos três primeiros meses deste ano, o que representa uma baixa de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da Bahia ter registrado uma queda de 8,5% na violência, o ranking de assassinatos do Brasil segue encabeçado pelo estado em 2022. >
Segundo o Monitor da Violência do G1, a Bahia registrou 1.326 homicídios somente nos três primeiros meses deste ano. Pernambuco aparece em seguida, com 963 mortes, depois vem São Paulo (812), Rio de Janeiro ( 781) e Ceará (755). A Bahia tem a segunda maior taxa de crimes violentos do país – são 8,8 mortes para cada 100 mil habitantes no primeiro trimestre de 2022. >
Escritor, professor e pesquisador na área do Direito, Educação, Direitos Humanos e Segurança Pública, o especialista Fábio Santos explica que é preciso ter um programa de combate ao homicídio como uma estratégia nacional e inter-relacionada entre regiões e estados para um efetivo direito à segurança pública de qualidade. Segundo ele, a taxa de homicídios na Bahia cresceu devido a uma migração da violência de outros estados. >
O especialista aponta que estudos relatam que a partir das Olimpíadas do Rio Janeiro, quando houve um combate mais efetivo à violência no estado e também em SP, houve um fluxo migratório de atuação de facções para o estado da Bahia, o que leva expõe a fragilidade de um sistema policial e penitenciário. “Se não há um efetivo forte, se não há um controle firme e um maior investimento em segurança e capacitação, lógico que isso se torna um terreno fértil e fácil para a acomodação dessas facções”, acrescenta. >
Santos ressalta ainda que se um determinado estado faz o fortalecimento de medidas de controle, de punibilidade e combate à violência, passa a existir um fluxo migratório para estados que estejam vulneráveis no que tange a melhores estratégias para o aumento de efetivo policial e de atuação no combate a violência. “Por isso que a Bahia teve e enfrentou esse aumento de homicídios, por ser um terreno fértil para o crime organizado”, destaca. >