'Nunca vou deixar de ir pra praia', diz turista que passou mal após banho de mar em Ilhéus

Anderson recebeu alta após uma semana internado no Hospital do Cacau

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Varela
  • Fernanda Varela

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 17:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

O turista mineiro Anderson Gabriel Palmela, 38 anos, que apresentou manchas nas costas após ter contato com petróleo cru em uma praia de Ilhéus, no Sul da Bahia, recebeu alta na noite desta segunda-feira (11) do Hospital do Cacau, onde estava internado desde o dia 4 de novembro.

Ao CORREIO, Anderson relatou que ainda sente coceira na pele, mas está bem mais tranquilo. "Foi muito difícil, hospital desgasta, né? Fiquei uma semana passando muito mal, mas agora estou bem. Ainda tenho uns picos de pressão, mas isso vai ser acompanhado por um cardiologista da minha cidade. Só torço para não ter problemas futuros", conta ele, que mora em Teófilo Otoni.

O mineiro também sente coceira na pele, mas já foi tranquilizado pelos médicos. "Um dermatologista explicou que é normal, porque a pele está renovando".

O trauma não afastará Anderson das praias. Apaixonado pelo litoral nordestino, ele contou que normalmente tira 60 dias de férias, entre novembro e janeiro, justamente para curtir o sol e o mar."Nunca na vida vou deixar de frequentar praia, eu sou apaixonado demais. Queria ir logo no mar, mas pediram para evitar, porque a pele ainda está muito machucada, muito fina. Esse ano bagunçaram minhas férias, mas com fé em Deus ano que vem eu estou de volta. Isso foi um desastre ambiental, as praias e a cidade não têm culpa, né?".Quando retornar a sua cidade, o que ocorrerá nos próximos dias, Anderson fará acompanhamento e novos exames toxicológicos para saber o que, finalmente, ele teve. De acordo com o secretário de Saúde do município, Geraldo Magela, os exames realizados no Hospital do Cacau indicaram que o turista sofreu uma intoxicação leve, ainda sem causa definida.

"Ele vai seguir com exames na cidade dele. Os nossos não apontaram uma causa, sabemos apenas que ele teve intoxicação leve. Não é sugestivo para petróleo. Isso não significa que não seja uma intoxicação por causa dessa substância, mas que não há indicativo algum para que seja. Tem uma chance aproximada de 2% de ser", contou.

Ainda segundo o secretário, o município acompanhará Anderson mensalmente pelo período inicial de um ano. "Vamos monitorar e, se houver necessidade, ampliaremos esse acompanhamento até por cinco anos", completou.

Na Bahia, há apenas um caso de pessoa confirmada com sintomas de intoxicação por petróleo cru. A informação foi divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nesta terça-feira (12). Trata-se da professora Tailane Conceição Santos, 28 anos, que teve contato com o óleo durante um passeio em uma praia de Itapuã e, depois, quando sujou o chão de casa com a substância.

Crise do óleo no Nordeste

Confira mapa de locais atingidos por mancha de óleo na Bahia

Tudo o que você precisa saber sobre o óleo que atingiu o NordesteConfira mapa de locais atingidos por mancha de óleo na Bahia

Tudo o que você precisa saber sobre o óleo que atingiu o Nordeste

Inema diz que está liberado o banho de mar caso não haja óleo visível

Substâncias do petróleo cru podem ser relacionadas ao câncer

Ufba questiona liberação de consumo de peixe feita pelo governo federal 

Relembre o caso O empresário Anderson Gabriel foi internado na segunda-feira (4), quando apresentou sangue nas fezes. O mineiro deu entrada no Pronto Atendimento da Zona Sul de Ilhéus na tarde do último sábado (2), com queimaduras no corpo após tomar banho de mar na Praia dos Milionários, também localizada no litoral sul. 

Depois de ir para casa e tomar banho, o rapaz percebeu que os sintomas pioraram. “Meu corpo começou a coçar e queimar muito no mar. Quando cheguei em casa, no banho, a água ficou escura no chão e oleosa, mas na praia eu não vi óleo. À noite, quando voltei com o secretário de saúde para mostrar onde estava tomando banho, vimos fragmento de óleo na areia”, relatou Anderson, ao CORREIO.

O empresário mineiro, que está visitando o tio em Ilhéus, apresentava manchas e bolhas. Já na segunda-feira (4), o paciente apresentou quadro de náusea e disse que começaram a aparecer sangue em suas fezes.

Apesar das investigações, o coordenador da Vigilância de Saúde afirmou que não há como relacionar o caso com a presença de óleo nas praias do Nordeste. “A partir da notificação do caso dele, que foi isolado, a Vigilância investiga e alimenta o sistema. Além disso, liga para o Centro de Toxicologia para informar sobre o caso e faz o monitoramento do paciente pelo menos uma vez por dia”, explica Santana.

Desde a chegada do óleo em Ilhéus, na sexta-feira (25), outros dois casos foram registrados, sendo um de uma voluntária que se queixou de reações inalatórias, náusea, dor de cabeça e dor de estômago, e outro de um surfista, mas ambos foram atendidos e passam bem.

“Até agora a gente não sabe ao certo quais são os sintomas. O Estado da Bahia não trabalha com petróleo, então a gente não tem equipe especializada nessa área. Seria o caso de alguém da Petrobras informar a gente como conduzir a situação. Por enquanto, estamos seguindo as orientações da Sesab e do Ministério da Saúde”, afirma Santana. A Marinha e o Corpo de Bombeiros também estão dando apoio, junto com a prefeitura municipal de Ilhéus.