O Bahia não suportou a pressão

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  • Miro Palma

Publicado em 8 de novembro de 2019 às 05:00

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Tá difícil assistir aos jogos do Bahia. Poderia ser pior, sabemos disso. Pela primeira vez no campeonato dos pontos corridos, o time não esteve na parte de baixo da tabela. Mas poderia estar muito melhor também. O tricolor baiano figurou no sonhado G6 e, quando parecia que ia começar a se consolidar no topo do Brasileirão, teve uma abrupta queda de rendimento. O que aconteceu?

Essa pergunta nem mesmo o técnico e o presidente do clube conseguem responder. Em entrevista após empate em 1x1 diante da Chapecoense, na Fonte Nova, Guilherme Bellintani disse que não há clima ruim, que não existem panelinhas e que o ‘bicho’ – premiação para jogadores e comissão técnica – está em dia. O presidente ainda elogiou o elenco por não tem o hábito de ir para festas e noitadas, o que considerou um comprometimento com o clube. Ainda assim, reconheceu a má fase.

Roger Machado também não passou panos em sua entrevista coletiva após a partida. Admitiu que o rendimento da equipe despencou e prometeu mudanças de jogadores e do esquema tático numa tentativa de, quem sabe, resgatar o Bahia do primeiro turno. “O que preocupa é o nível do jogo, que caiu, e precisamos reencontrar, seja com mudança de esquema, de jogadores, que tenho feito para tentar pegar o melhor momento de cada atleta, para que a gente nos sete jogos volte par o campeonato [...] Patinamos”, avaliou o treinador.

Patinaram mesmo. No entanto, se o clube não identificar logo qual a casca de banana que está causando esses escorregões, vai experimentar uma queda ainda maior de rendimento e também de posição na tabela de classificação. Domingo, o Bahia enfrenta o Flamengo, líder absoluto, no Maracanã. No último encontro, um triunfo gigantesco: 3x0. Só que era outro Bahia em campo. O time que bateu o rubro-negro carioca tinha confiança e, principalmente, concentração. Esses ingredientes se perderam rodadas atrás. 

O Bahia não aguentou a pressão. Esse, pra mim, é o X da questão. O time que, há muitos anos, esteve acostumado a sofrer com a sombra do rebaixamento, não soube lidar com um cenário inverso. Perdeu o equilíbrio, o autocontrole, as pernas tremeram. O tricolor virou um time afobado. Para ter uma noção do que estou falando, no último jogo, segundo dados do Footstats, o Bahia tentou 49 cruzamentos para a área e acertou apenas 11, o que dá um aproveitamento de 22%. 

Isso é reflexo da ansiedade. O desespero para que uma bola entre no gol e resolva tudo. Até Roger errou ao colocar Gilberto ao lado de Fernandão, o que fez o time investir ainda mais nos “chuveirinhos”. Não funcionou. O gol de empate, curiosamente, veio de um escanteio que não precisou ser batido para dentro da área e, assim, Marco Antônio pode escolher onde mandar a bola.

Faltam perícia e precisão. Não dá pra entrar em campo tentando a sorte em incontáveis cruzamentos. Falta reencontrar o time paciente e hábil que atravessava os adversários, principalmente nos contra-ataques. Os jogadores do Bahia precisam virar a chave: foi-se o tempo de se contentar com o meio da tabela. No entanto, o topo do campeonato não pode ser um fardo.

De fato, o Bahia se perdeu. Só espero que, nas próximas rodadas, o time se reencontre. No returno, dos 36 pontos disputados, o Esquadrão só ganhou 12 (33%). Já dá pra dizer que vai fazer muita falta lá no final...

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras.