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Publicado em 21 de novembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Ter se libertado da agonia de um possível rebaixamento à Série C foi fundamental para o Vitória poder pensar logo no que importa a partir de agora: relegado à segunda divisão por mais um ano, o clube viverá em 2020 o desafio de voltar a crescer.
Será o último ano de uma década em que a comparação com a anterior mostra o quanto o Vitória regrediu. Nos primeiros dez anos do milênio (2001-2010), o rubro-negro conseguiu dois tetracampeonatos baianos, foi bicampeão da Copa do Nordeste e chegou à final da Copa do Brasil. Não foi uma década perfeita, afinal, além de terminar rebaixado, o clube visitou a Série C em 2006 e passou dois anos na B, em 2005 e 2007.
Na década atual, serão cinco temporadas fora da primeira divisão nacional: 2011, 2012, 2015, 2019 e 2020. O time não chegou a nenhuma final da Copa do Nordeste, que voltou a ser disputada em 2013, e até a participação na semifinal se tornou raridade: somente duas vezes (2015 e 2017) nessas sete edições. Na esfera estadual, conquistou três títulos (2013, 2016 e 2017) e viu o Bahia retomar a hegemonia, com cinco troféus. Para não dizer que foi uma década totalmente perdida, o honroso 5º lugar no Brasileirão de 2013 é até hoje a melhor colocação de um time nordestino no formato de pontos corridos.
O contraste é grande, proporcional ao desafio. A principal dificuldade de 2019, a financeira, continuará no ano que vem. Isso porque a verba de direitos de transmissão, que caiu de aproximadamente R$ 44 milhões para R$ 6 milhões anuais devido ao rebaixamento no final de 2018, seguirá na mesma faixa.
Este ano foi de estrangulamento das despesas possíveis, já que algumas não podem ser cortadas a curto prazo, caso dos contratos com alguns jogadores que têm validade de até cinco anos, o que já compromete as finanças dos anos seguintes. Os dois presidentes do período – Ricardo David e Paulo Carneiro – fizeram esforço para moldar o Vitória à nova realidade diminuindo despesas, ação mais viável de conseguir algum êxito às pressas.
No entanto, aumentar receitas é o passo que falta dar. Num cenário de economia estagnada, sem patrocinador máster na camisa desde a saída de Caixa no início da temporada, o clube precisa incrementar as fontes de arrecadação. Eis o grande nó a desatar.
Em 2019, o Vitória tentou a mudança para a Fonte Nova, abortada após três jogos, sendo dois de prejuízo no borderô. Tentou a venda de jogadores, no caso Léo Gomes, cuja negociação com o Athletico-PR permitiu a contratação de Felipe Gedoz e Zé Ivaldo em troca, sendo o meia uma peça importante na campanha de recuperação.
Também apostou no Sou Mais Vitória e pode-se dizer que teve sucesso ao quase dobrar de 7,2 mil para 13 mil associados em sete meses. Mas o crescimento estagnou porque foi concentrado só na empolgação e na esperança em torno do passado de Paulo Carneiro. Metade das associações registradas após a saída de Ricardo David aconteceu nas primeiras duas semanas da gestão de Carneiro. Depois, seguiu no compasso do time, que passou toda a Série B na metade de baixo da tabela, acossado pela zona de rebaixamento ou dentro dela. O crescimento do Vitória em campo passa não só pela mudança do elenco e diminuição da margem de erro das contratações, mas pela etapa anterior: de onde tirar dinheiro.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.