'O estalo foi do nada', conta passageiro sobre acidente com trens do Subúrbio

Os trens voltaram a funcionar neste sábado (2)

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  • Fernanda Santana

Publicado em 2 de novembro de 2019 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/ CORREIO

O aposentado Claudionor Xavier, 61 anos, estava com a mãe de 84 anos no último vagão de um dos trens do Subúrbio, no fim da tarde dessa sexta-feira (1º), quando levou um susto. “Foi de repente. O estalo foi do nada", contou ao CORREIO sobre o choque entre os vagões, que deixou 47 pessoas feridas.

Morador de Plataforma, ele usa o serviço para ir até a Calçada, mas reprova as condições de estrutura dos trens. "Os trens estão todos sucateados. Não é a primeira vez, já teve outros acidentes anteriores. Mas esse foi o primeiro", reclama. Assustado com o que passou, ele vai optar por usar apenas ônibus. 

Claudionor teve ferimentos na testa e no joelho. Já a mãe dele, Jesuina Pereira Xavier, machucou a perna. Os dois foram levados para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas receberam alta ainda na noite de sexta. 

Grávida de três meses, Ianca Silva de Oliveira, 23 anos, entrou em pânico com a situação. Ela conta que teve a ajuda de outros passageiros. "A gente veio e estava tudo aparentemente bem. Aí quando passou da estação do Lobato, o trem  tentou dar duas freadas, mas não conseguiu. Quando vi, tava todo mundo no chão. Todo mundo foi pulando pela janela", relembra.

Com a batida entre os trens, ela chegou a bater a barriga duas vezes no chão. "Nunca passei por isso e me assustei muito. Entrei em pânico, mas as pessoas me ajudaram, me deram água até a Samu chegar", conta.

Funcionamento Os trens voltaram a funcionar neste sábado (2), às 6h. O serviço foi suspenso logo após o choque entre os trens. O acidente deixou 47 pessoas feridas e assustou moradores.

O diretor da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), Hidelson Menezes, informou que os dois trens que se envolveram no acidente vão passar por perícia e manutenção.

“O que se sabe até o momento é prematuro. Um acidente desses tem várias causas. Existe a causa-mãe e as secundárias que podem ter ocorrido. É isso que precisamos entender. Estamos com vários técnicos registrando e fotografando a cena. A partir daí, vamos compilar as informações com as do Centro de Operações para entender onde foi o início da causa desse acidente”, adiantou.

Moradores contaram que tudo aconteceu por volta das 15h30. Um dos maquinistas percebeu o acidente e conseguiu parar o trem, mas o colega que comandava o outro veículo não teve tempo suficiente para evitar o acidente. Na hora do impacto os vagões estavam lotados de passageiros. A quantidade, porém, não foi informada.

O acidente aconteceu no trecho entre as estações de Santa Luzia e do Lobato. Os moradores disseram que o choque entre as toneladas de ferro provocou um barulho intenso e assustou quem estava na região. Alguns correram para ajudar os passageiros a descerem dos vagões, enquanto outros ofereceram cadeiras e água para os feridos.

As equipes de resgate chegaram cerca de 30 minutos depois. Foram 10 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), quatro do Corpo de Bombeiros, e diversas viaturas da Polícia Militar.

No total, 23 pessoas foram atendidas pelas equipes médicas e liberadas ainda no local do acidente. Outras 18 foram levadas pelo Samu para Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais, e mais seis foram socorridas pelo Salvar.

Três delas deram entrada do Hospital Geral do Estado (HGE), uma mulher de 23 anos, Claudionor Xavier,  61 anos, e Jesuina Pereira Xavier, 84 anos. Todos são moradores do bairro de Plataforma. 

O diretor administrativo do sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Ferroviário e Metroviário da Bahia (Sindiferro), Manoel Cunha, cobrou reformas e melhorias no serviço de trens.

“A falta de investimento é o que tem causado isso. Estão aguardando uma tragédia acontecer. O fato é que os trabalhadores e a população estão correndo risco nesse sistema. O sindicato já fez várias denúncias sobre isso”, afirmou.

Incêndio No dia 4 de setembro, o trem que saiu de Paripe em direção ao bairro da Calçada sofreu um princípio de incêndio. O acidente aconteceu quando o veículo chegou à Estação do Lobato. Os passageiros contaram que ele tentou deixar a plataforma duas vezes, sem sucesso. Na terceira tentativa houve um estouro e o cheio de fumaça tomou conta dos vagões. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

Na época, a Companhia de Transportes da Bahia (CTB/Sedur) informou que houve o estouro de um fusível de alta tensão, que fica na parte externa do trem, ocasionando uma pequena explosão com o veículo parado.

Em maio deste ano, um fusível já havia explodido enquanto passava pela estação Santa Luzia. Em outubro de 2018, o equipamento elétrico de alta tensão estourou ao chegar na estação Paripe.