O Flamengo está realmente em outro patamar

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Publicado em 30 de janeiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Virou meme quando o atacante Bruno Henrique afirmou que o Flamengo estava em outro patamar em relação ao Vasco, no ano passado. A frase, dita em tom de deboche com intuito de desrespeitar um rival após um empate no clássico, acabou virando a melhor definição para o status do rubro-negro carioca no momento. 

O Flamengo acaba de contratar em definitivo o atacante Gabigol da Inter de Milão por 17 milhões de euros (R$ 78 milhões), referentes a 90% dos direitos econômicos. É a maior compra da história do futebol brasileiro, posto que até a semana passada pertencia ao uruguaio Arrascaeta, que o mesmo Flamengo levou por R$ 63 milhões em 2019. 

O quarto da lista é Gerson, que o clube adquiriu da Roma por R$ 49 milhões. E o quinto é Vitinho, comprado do russo CSKA em 2018 por R$ 44 milhões. O Corinthians é o intruso no top 5, com a chegada de Tevez ainda ocupando o terceiro lugar. O ídolo do Boca Juniors custou R$ 60 milhões em 2005, época da parceria com a MSI.

A lista sofre alterações se convertida para euro, por causa da oscilação do câmbio. Nesse caso, as contratações corintianas de Alexandre Pato e Tevez dividem o segundo lugar (15 milhões de euros) e o Flamengo aparece na sequência com Arrascaeta (empatado com a venda de Leandro Damião para o Santos em 2013), Gerson e Vitinho. Ainda assim, dominando o top 5.

O outro patamar fica escancarado com algumas comparações. Na esfera local é absurda: Gabigol sozinho custou ao Flamengo mais do que o Vitória projeta ter de receita em todo 2020, e com sobra: exatamente 50% acima da previsão orçamentária do Leão, de R$ 52 milhões. Detalhe que a cifra apresentada pelo rubro-negro baiano ao seu Conselho Deliberativo inclui hipotética venda de jogadores, o que pode não se confirmar.

Na comparação com o Bahia, os R$ 78 milhões pagos por Gabigol equivalem a aproximadamente 44% da previsão orçamentária tricolor no ano, de R$ 179 milhões. Estendendo aos demais nordestinos da Série A, o resultado dá 72% do orçamento do Fortaleza (R$ 109 milhões), 78% da arrecadação prevista pelo Ceará (R$ 100 milhões) e 101% do Sport (R$ 77 milhões).

A fortuna do Flamengo também fez girar a roda no mercado europeu, algo incomum de acontecer graças a um time brasileiro. Com a venda de Gabigol, a Inter de Milão contratou o meia Eriksen por 20 milhões de euros do Tottenham, que por sua vez comprou em definitivo o meia Lo Celso, que estava emprestado ao time inglês pelo Betis. Custou 32 milhões de euros.

O rubro-negro do Rio fez tudo isso sem precisar vender estrelas da equipe campeã do Brasileirão e da Libertadores. Pelo contrário. Estendeu o contrato de Bruno Henrique e ainda contratou Michael, revelação do Goiás; Pedro, emprestado pela Fiorentina; Pedro Rocha, cedido também por empréstimo pelo Spartak Moscou; e os zagueiros Gustavo Henrique, que saiu do Santos sem custos, e Léo Pereira, do Athletico-PR.

Só quem deixou o clube foi o zagueiro Pablo Marí, emprestado ontem ao Arsenal até junho por 5 milhões de euros (R$ 23 milhões). E esse valor é maior do que as vendas recordes da história do Bahia - Zé Rafael ao Palmeiras por R$ 14,5 milhões em 2018 - e do Vitória - Lucas Ribeiro por R$ 16 milhões ao Hoffenheim em 2019. Realmente, está em um outro patamar, difícil de concorrer.

Herbem Gramacho é editor de Esporte.