O Guia Alimentar para a população brasileira é um estouro!

É urgente proteger o Guia Alimentar para a população brasileira e fazer com que ele chegue às mãos e toque os corações e mentes do maior número possível de brasileiros

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

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Basta dizer que abalou as estruturas da Coca-Coca dos EUA, após apresentação de um relatório encomendado à empresa Sancroft afirmando que “o guia brasileiro é punitivo para açúcar e nossas bebidas”, e apontando o Brasil como grave ameaça (alto-severo) aos interesses da corporação” , de acordo com matéria recente da agência de notícias e jornalismo independente The Intercept Brasil. 

Basta dizer que o que tem de ITAL, ABIA, jagunços do agro-pop e almas sebosas, tudo suando em bicas com as caspas virando mandiopã para derrubar o Guia desde que foi criado, não está no gibi, minha senhora. 

Só pode ser bom, muito bom, concorda?

Isso porque mais do que um guia que separa o joio do trigo - o primeiro do mundo a especificar o que é comida de verdade e o que é comida sintética numa escala de in natura a ultraprocessados, declararando enfaticamente a necessidade de evitá-los, dando todos os nomes aos bois (biscoitos, salgadinhos, iogurtes repletos de açúcar, refrigerantes, cereais industrializados e tantos outros que aumentam risco de morte) - o guia é em suas entrelinhas um documento político, libertário, revolucionário, que promove autonomia nas escolhas, autocrítica, que incita a soberania e a dignidade alimentar desde a era pré sopa de osso; uma arma fatal apontada para os corações e mentes da rede pública de ensino. Pire aí! A gurizada toda tomando umas pílulas vermelhas, arregalando o’zoio e se retando com a cara da indútria, dizendo não às lanchonetes do capeta e supermercados? É claro que uma cartilha de luz dessas bixo, na carteira da criança antes da hora de comprar salgadinho com refri no recreio traz suor à testa do executivo industrial. A base da comida do povo brasileiro é in natura desde sempre. Por natureza, por história, por cultura (Foto: Kátia Najara) Calcule o preju e o desespero dessa gente, a pressão e o risco que corre esse belíssimo manifesto político disfarçado de receita de bolo.

O Guia aponta para ameaças aos recursos naturais e desigualdade social promovidas pelo sistema de produção e distribuição dos alimentos, questiona o tamanho e uso das propriedades rurais; a autonomia dos agricultores na escolha de sementes, fertilizantes e  controle de pragas; as condições de trabalho e exposição a riscos ocupacionais; a geração de oportunidades de trabalho e renda ao longo da cadeia alimentar, e o papel e número de intermediários entre agricultores e consumidores; a partilha do lucro gerado pelo sistema;  técnicas para conservação do solo; uso de fertilizantes orgânicos ou sintéticos; plantio de sementes convencionais ou transgênicas; formas de criação de animais e uso de antibióticos; produção e tratamento de dejetos e resíduos; conservação de florestas e da biodiversidade; grau e natureza do processamento dos alimentos; água e energia consumidas ao longo de toda a cadeia alimentar. Tudo ali.

Não falei que era lindo?

MAS QUE GUIA É ESSE MINHA GENTE? CADÊ O GUIA?

O Guia foi criado em 2006 segundo orientações da OMS, mas foi a sua atualização em 2014 - como meta do I Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do segundo governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva – que o tornou referência mundial. 

Democrático, acessível, de linguagem simples e abordagem prática (apesar de muito bem  embasado cientificamente) e feito à partir de consulta pública e da escuta de diversos setores e saberes, o nosso guia é considerado por unanimidades da alimentação como Michael Pollan, como o melhor do mundo. 

Respeitadíssimo lá fora, tem servido de modelo para vários países do mundo como o Canadá e uma ga-le-ra latino-americana. Baixe logo o seu no site do Ministério da Saúde, deixo o endereço lá no final.

Tudo para assegurar o direito humano constitucional a uma alimentação saudável, adequada e sustentável, sem comprometer os recursos para assegurar outros direitos fundamentais, como saúde e educação. O sonho de um governo democrático trabalhando certo; secretarias todas dialogando; saúde, educação, cultura e cidadania trabalhando juntas, falando a mesma língua do bem comum, independente de suas bancadas e interesses pessoais. 

PERDEU PLAYBOY

Eu penso que o que torna o nosso guia tão potente e especial é a nossa identidade. Porque na real, a base da comida do povo brasileiro é in natura desde sempre. Por natureza, por história, por cultura, por riqueza natural, por ancestralidade. Coisa de preto, de índio, de esplêndida biodiversidade exterminada dia após dia por esse desgoverno medonho e inacreditável 

A gente gosta é de banana, fruta do pé, de mandioca em toda a sua gentil versatilidade, de milho, de amendoim, de feijão com arroz, “verdura” e carne. Nossas memórias de infância estão cheias de feiras livres saturadas por tanta cor, tanto cheiro, tanto gosto, que chega cansava. E se hoje em dia, mesmo aqui, tem tanta gente morrendo de doença crônica causada por comida de supermercado, é porque foi golpe, fake news, publicidade tóxica. Mas não há de ser nada, porque grandes mudanças estão em curso.

É URGENTE PROTEGER O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA E FAZER COM QUE ELE CHEGUE ÀS MÃOS E TOQUE OS CORAÇÕES E MENTES DO MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE BRASILEIROS. 

Vamos fazer esse barulho?

DEVORE 

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Rafaela Cordeiro Freire, te dedico.