O hino ao 2 de Julho de Cosme de Farias

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  • Nelson Cadena

Publicado em 30 de junho de 2022 às 05:00

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Em 1935 o jornalista, rábula (advogado) e político Cosme de Farias compôs um hino para a festa do 2 de Julho, não sabemos se foi musicado. Compor hinos era uma de suas expertises, autor dentre outros do Hino do Jornalista, em 1931, dedicado a Thales de Freitas, idealizador da ABI.

O hino de Cosme de Farias constou de quatro estrofes de dez versos cada, uma delas evocava os campos de batalha: “Pirajá e Cachoeira/Itaparica e funil/Pedrão, Cabrito e Campinas/Formaram a nota viril/E quando bem metralhadas/As bandeiras desfraldadas/Tremularam n’amplidão/Ai! Nesta hora suprema/Deus escreveu o poema/De nossa emancipação”.

Cosme de Farias também encampou o rotulou de despotismo nos versos  ”Este belo idealismo/ Quero morrer na guerra/ Defendendo a minha terra/ Do jugo do despotismo”, palavra de ordem do hino oficial ao 2 de julho, nos seus versos mais marcantes: “Nasce o sol ao 2 de Julho/ Brilha mais que no primeiro! / É sinal que neste dia/ Até o sol, até o sol é brasileiro/ Nunca mais, nunca mais o despotismo/ Regerá, regerá nossas ações!/ Com tiranos não combinam Brasileiros, brasileiros corações!”. Hino este da autoria do alferes, poeta e historiador Ladislau Santos Titara, musicado por José dos Santos Barreto.

Titara era originário de uma família de poetas. João Gualberto Ferreira Santos Reis, tradutor da Geórgica Brasileira era um de seus irmãos. Protagonista da Guerra da Independência contou na sua epopeia histórica Paraguassu a história do Corneteiro Lopes que teria dado o toque de avançar ao invés de recuar; muitos historiadores questionam, ficção ou realidade? Mas quem era o músico José dos Santos Barreto? Não sabemos, nenhum dicionário bibliográfico de respeito cita seu nome, uma injustiça com o autor da partitura. Era tão desconhecido assim?  A Biblioteca Nacional dispõe de uma partitura de sua autoria identificada como Hino Brasileiro, dedicado à Dona Maria da Glória, datado de 1823.

O hino oficial ao 2 de julho, dizem, foi composto para o primeiro aniversário da Independência da Bahia, em 1824. Nenhum registro nos jornais deste ano sobre o hino, a notícia da festa cita a interpretação de vários hinos constitucionais “em cada rua da cidade”, num evidente exagero do periódico. O Arquivo Público guarda um hino de Santos Titara, datado de 1828, com outros versos: “Viva o Brasil Independente/Vivam sábios e guerreiros/ Viva a Constituição/Dos felizes brasileiros/ Nunca mais o despotismo/Regerá nossas ações/Com tiranos não combinam/Brasileiros corações”. As evidências sugerem que o hino original tenha tido arranjos de letra e música, posteriores.

Cosme de Farias não foi o único a criar a sua versão de um hino que rememora-se a Independência da Bahia. Lembro de ter visto um hino, sem assinatura, provavelmente da autoria de Moniz Barreto, em edição especial da Gazeta da Bahia, na década de 1830. Infelizmente não achei o arquivo no meu HD externo. E, houve um hino, supostamente da autoria de Evaristo da Veiga, criado em janeiro de 1823, para ser entoado a bordo do navio__  no intuito de animar os soldados__  que conduziu as tropas enviadas por Dom Pedro I, para reforçar o contingente armado dos baianos, na sua luta contra as tropas lusitanas. Dizia: “Hoje é a pátria que vós chama/O’ valentes brasileiros/E de ferro dos guerreiros/Vossos braços vem armar/Do Brasil a mãe primeira/Formosíssima Bahia/ Da feroz aleivosia/Quer os vis grilhões quebrar”.

Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras