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O jornalista Jorge Amado

  • Foto do(a) author(a) Nelson Cadena
  • Nelson Cadena

Publicado em 13 de setembro de 2019 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

O rapazote de 17 anos integrava o grupo fundador da Academia dos Rebeldes, movimento literário que pregava a arte moderna sem ser modernista, quando fez a sua estreia (1930) como cronista e mais tarde (1933) como editorialista na revista ETC. A publicação era propriedade de Júlio de Carvalho, inicialmente com direção editorial de Álvaro Macedo, e logo mais de Pinto de Aguiar, notável intelectual baiano e editor de livros, lançou mais de 450 com o selo da editora Progresso. Contava entre seus colaboradores com Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Roquete Pinto e Tristão de Ataíde, dentre outros renomados intelectuais.

O cronista Jorge Amado, estreou nas páginas da ETC, em 27 de janeiro de 1930, sob o pseudônimo de Alberti Borgia com “Caravanas”, um panfleto político contra os futuros protagonistas da Revolução de 30: “A postos brasileiros tristes do norte do Brasil que aí vêm a maior trupe de palhaços que já percorreu o país. Discursos humorísticos e artigos bestialógicos... Patriotas e revolucionários adoravelmente analfabetos, de uma retórica muito mulata, os gauchinhos foram os números mais admirados de quanto os palhaços fazem rir...”.

Em 17 de fevereiro do mesmo ano o escritor pegava em lanças contra a Aliança Liberal e a mídia afinada ao movimento: Desqualificou a mal falada Rua Carlos Gomes e o seu novo inquilino: “Um jornaleco mal escrito, que a veio desmoralizar por completo”. Referia-se a “O Jornal”, dirigido por Leopoldo Amaral, futuro interventor do Estado e nem poupou o “Diário da Bahia”, onde aos 14 anos estreara como repórter policial, porém, pegou leve com seu diretor Muniz Sodré: “além de um, ou dois redatores, só ele sabe escrever”.

Em abril, Jorge Amado criou a seção Casos & Cousas, o espaço onde seu personagem comentava política, literatura e amenidades. Em 27/4 comentou a trama em curso dos derrotados nas eleições, a frente Getúlio Vargas um “Brasileo-Queixote modernizado” com seu fiel escudeiro, um “Sancho-João Pessoa, bom rapaz de curta inteligência”. Em outro tópico atacou os supostos poetas: “O mal de Salvador vem do grande número de vagabundos, que vivem nas portas dos cafés, a dar facadas em uns e outros. Sem nunca fazer um soneto intitulam-se poetas”. Certa feita traçou um perfil dos jornalistas da terra: “O jornalista baiano é reconhecível à primeira vista. Bebe cachaça fiado e fala mal de Freud sem nunca o ter lido”.

Em junho a seção mudou de nome, “Cousas do Rio de Janeiro”, manteve o pseudônimo. A mudança se deu em função do escritor ter fixado residência na capital do país. Em 4 de agosto comentou o fiasco da seleção brasileira na Copa do Mundo de Montevideo, saudou novas publicações e registrou a eleição de uma bela gaúcha como Miss Brasil. E ainda lhe pareceu, palpite equivocado, que o povo estava totalmente indiferente à anunciada revolução em curso. Em 25/8 destacou a comoção popular com o assassinato de João Pessoa: “O povo soube sentir o crime... ao contrário dos políticos oposicionistas que dele quiseram se aproveitar para a maior e mais nojenta exploração política dos últimos anos”.

Jorge Amado não era apenas Alberti Borgia, foi também “Lio”, pseudônimo com que assinava a coluna “Pele Mele”. A partir de 1931, o escritor, despido de seus pseudônimos, entrevistou intelectuais de grande prestígio, um deles o cientista Roquete Pinto, pioneiro do rádio no Brasil, o entrevistado elogiou o Instituto Histórico da Bahia e seus amigos Teodoro Sampaio e Bernardino de Souza. Foi nas páginas da revista ETC, que circulou de 1927 a 1936, que o escritor brindou os leitores com um trecho de seu romance, inédito, “O País do Carnaval”, em 1º/12/1930. Um aperitivo de seu primeiro romance.