O mundo ainda não gosta das mulheres

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  • Andreia Santana

Publicado em 7 de março de 2020 às 07:23

- Atualizado há um ano

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Pesquisa divulgada essa semana pelo PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, mostra que o preconceito contra as mulheres ainda é forte na sociedade, tanto em homens, quanto nas próprias mulheres. O Índice de Normas Sociais e de Gênero, um novo indicador criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir a forma como os costumes impedem a igualdade de gênero, traz números desafiadores que merecem reflexão.

Um dos índices mais graves, principalmente quando se pensa no universo de 75 países da pesquisa -  80% da população mundial -, é que 28% desse contingente considera justificável que um homem bata na esposa. É a violência doméstica, alvo de  campanhas de conscientização e que deu origem a uma lei, a Maria da Penha, naturalizada em escala global.

Aquele ditado antigo que diz que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’ está por trás dessa percepção equivocada  de que a violência doméstica, que é totalmente injustificável, tem justificativa! Isso e a noção também totalmente errada e desumanizante - ainda vigente por conta do machismo - de que as mulheres são propriedade.  Maria da Penha: lei é inspirada na luta da ativista que quase morreu por violência doméstica (Foto: Divulgação) A ideia da mulher como ser incapaz, que passava da tutela do pai para a do marido, muito em voga até meados do século passado, é o motor da violência doméstica e do seu extremo, o crime de feminicídio.

Pedro Conceição, diretor do PNUD, diz  que "as lacunas de gênero ainda estão muito óbvias em algumas áreas, particularmente naquelas que desafiam as relações de poder". E a pesquisa da ONU comprova essa afirmação, infelizmente.

Pelo menos metade dos homens e das mulheres que  participaram da pesquisa – importante enfatizar de novo que são 75 países que concentram 80% da população mundial – acreditam que homens são melhores líderes políticos que mulheres. Ainda, 40% dessas pessoas vêem neles executivos melhores do que nelas; e defendem que, em caso de escassez de trabalho, por recessão econômica, por exemplo, os homens deveriam ter mais direitos aos poucos postos existentes.

Homens na política governam para homens, na maioria das vezes. O que significa que metade da população mundial fica destituída de representação. Estudos também mostram que a pobreza extrema atinge mais as mulheres e meninas do que os homens.

Assim fica difícil pensar em um mundo próspero e justo, se metade da população do planeta precisa lutar por direitos básicos, sendo respeito o primeiro deles.

Outros destaques da semana

Recorde nos casos de feminicídio Cruzes diante do Congresso Nacional simbolizam as mulheres assassinadas no Brasil (Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo) Em janeiro e fevereiro deste ano, 25 mulheres foram assassinadas em Salvador e na Região Metropolitana (RMS), segundo levantamento do CORREIO usando como base os boletins da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP). Através do projeto Mil Vidas, o CORREIO pesquisa as mortes violentas desde 2014, dando recortes nos dados em diversos segmentos, como gênero e raça.  

Ainda segundo os registros do Mil Vidas, No ano passado, 113 mulheres foram assassinadas em Salvador e RMS - 18,9% a mais do que as 95 mortas ao longo de todo o ano de  2018.

Feminicídio é a tipificação do homicidio quando o crime ocorre por questões de gênero. Ou seja, a mulher morre  por ser mulher.

Ao CORREIO, o sociólogo César Barreira disse que os casos de feminicídio na RMS estão "carregados de violência", com as vítimas sendo torturadas e depois mortas. 

O requinte de crueldade é outro indicativo de que o assassinato de mulheres traz na sua origem uma desumanização e desvalorização da vida feminina. Praça de Muritiba vazia após ordem dos traficantes (Foto: Site Voz da Bahia/Foto cedida ao CORREIO) Toque de recolher

A morte do líder da facção Bonde do Maluco (BDM), Rafael de Jesus Souza, provocou tensão nas cidades de Muritiba e São Félix, no Recôncavo baiano, essa semana. Segundo a Polícia Civil, na quinta-feira, 05, traficantes circularam pela cidade em motocicletas impondo toque de recolher em sinal de 'luto' por Rafael, que era conhecido pelos apelidos de 'Dezoito', ‘Zé Ovo’ e "Coroa’. Escolas liberaram os estudantes e o comércio das duas cidades fechou as portas mais cedo por precaução.

Pibinho do Brasil

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,1% em 2019, em comparação a 2018. As informações foram divulgadas essa semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, o resultado está dentro das estimativas que vinham sendo feitas, entre 0.9% e 1,2%. No quarto trimestre de 2019, o PIB cresceu 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, um resultado que ficou em linha com a media das estimativas dos analistas econômicos. Aedes aegypt, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya (Foto: Arquivo CORREIO) Surto no Subúrbio

Um surto de chikungunya foi identificado no bairro de Mirantes de Periperi, no Subúrbio Ferroviário. Ao todo, 25 casos foram registrados, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypt provoca sintomas como febre, dor de cabeça, dor e inchaço nas articulações. Também pode deixar sequelas. O Centro de Controle de Zoonoses CCZ) inspecionou o bairro em busca de focos do mosquito e constatou que 80% desses focos estavam em residências. O combate ao mosquito só funciona se a população se unir ao poder público e abraçar essa causa. Ararinhas foram trazidas de criação particular na Alemanha (Foto: Camile Lugarini/ICMBio) Ararinhas-azuis de volta ao habitat natural

Um grupo de 50 ararinhas-azuis vindas da Alemanha desembarcou no Brasil essa semana. As aves serão reintroduzidas em seu habitat natural, em Curaçá. Os animais chegaram em Petrolina (PE) e de lá, nesta sexta-feira, dia 06, foram levadas para o centro de reprodução, no interior da Bahia. Esses animais estavam extintos na natureza e foram importadas de uma criação particular no estrangeiro. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as ararinhas vão passar por um período de quarentena para adaptação e treinamento. Ator beija a si mesmo em capa de revista (Foto: Revista Pop-se/Divulgação) Frase: “Não assumi que sou gay. Falei que sou tudo. Que é muito amplo, que cabe tudo dentro de mim, que não me encaixo em nenhuma gaveta. É uma atitude política falar isso hoje em dia. A sociedade é muito careta. O Brasil é um país preconceituoso, racista e reprimido”. Reynaldo GianecchiniAtor de 47 anos relembrou essa semana, durante sessão de fotos para a revista ‘Pope-se’, a entrevista que deu em setembro do ano passado à jornalista Ruth de Aquino, do suplemento 'Ela', de O Globo. Na ocasião, ele respondeu perguntas sobre sua sexualidade. A revista circula a partir de segunda-feira, 9. Na foto da capa, o ator está beijando a si mesmo.

As cinco notícias mais lidas da semana: 

1. Ex-ministro nega caso - O ex-ministro do Desenvolvimento Social e deputado federal (MDB-RS) Osmar Terra usou o Twitter para negar o boato sobre um suposto caso extra-conjugal com a primeira-dama do país, Michele Bolsonaro. O assunto virou trend topics no microblog, 

2. Resgate do ‘doguinho’ - Um cachorro que estava com um tumor em estágio avançado foi enterrado vivo em Santa Catarina, mas graças à insistência de uma cadela, que sinalizou sua localização, o 'doguinho' foi salvo e agora está recebendo tratamento médico adequado.

3. Cadastro do Enem - Estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2019, foram chamados pelo Inep/MEC para fazer um novo cadastro na plataforma gov.br. A intenção é unificar os dados dos usuários dos serviços digitais dos órgãos federais. 

4. Agressão de PMs - Policiais Militares da 37ª CIPM foram filmados espancando oito pessoas no bairro da Liberdade, durante abordagem. O vídeo circulou nas redes sociais e chegou até o comando da Polícia Militar. Os envolvidos foram presos e o caso é investigado.

5. Show cancelado - A prefeitura de Cachoeira cancelou um show do cantor Igor Kannário por conta da repercussão das críticas que o artista fez à Polícia Militar durante o Carnaval deste ano. O cancelamento foi anunciado na página da prefeitura no Facebook.