O novo Centro de Convenções

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Publicado em 18 de fevereiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Salvador voltou a ter um Centro de Convenções de grande porte. Por cinco longos anos ficamos restritos apenas aos espaços dos hotéis e outros menores, alguns de boa qualidade, mas insuficientes para atender às necessidades de uma cidade que se propõe a ser um destino turístico internacional.

Salvador enfrenta graves problemas sociais por conta da insuficiência de sua base econômica vis-à-vis o volume de sua população. Tendo os distritos industriais – CIA e COPEC – levado a indústria para fora do território municipal, com os empregos e a renda pública correspondentes, coube à capital absorver, sem meios, a onda migratória que veio na expectativa dos novos empregos. Daí um desequilíbrio estrutural e crônico.

O turismo vinha funcionando como uma válvula de escape por ser gerador elástico de empregos, abrangendo inclusive parcela do segmento informal. A desativação – e o posterior desabamento – do Centro de Convenções da Bahia, que funcionava desde os anos 1970, interrompeu esse ciclo, causando graves danos à economia urbana: vários foram os hotéis fechados nesse período, além de restaurantes e outros negócios que tinham no fluxo de visitantes da cidade boa parte da demanda por seus serviços e a conquista do seu ponto de equilíbrio.

Sendo uma cidade pobre, embora conte com três milhões de habitantes, Salvador tem, desse ponto de vista, um mercado consumidor que corresponde a apenas cerca de um sexto desse total. Por sua vez, o turismo de negócios, além de segurar a baixa estação, traz para a cidade um fluxo de consumidores de renda mais elevada que a média local, contribuindo, de forma decisiva, para assegurar a sustentabilidade de muitos negócios relacionados com o setor. Neste sentido, o interregno registrado tornou-se um grave ônus, pelos imensos danos que causou, e não só ao turismo.

O novo Centro de Convenções ficou localizado em sítio próximo ao antigo, o que atendeu à aspiração do Trade Turístico, que queria o equipamento equidistante dos diversos polos hoteleiros da cidade, servindo assim, desde os hotéis do Centro Histórico até os de Itapoan. Justa homenagem foi também prestada a Paulo Gaudenzi, quem, como gestor dedicado, desenvolveu o turismo baiano ao longo de várias décadas. 

Sintomaticamente, tão logo foi programada a inauguração do novo Centro de Convenções de Salvador, agora municipal, que recebeu o nome de Antônio Carlos Magalhães – numa justa homenagem a quem tinha o senso da baianidade e promoveu a Bahia como nunca antes – o Estado anunciou a venda do terreno onde fora edificado, no governo Roberto Santos, o antigo centro de convenções; paralelamente, o secretário estadual de Turismo noticiou que será transformado em centro de convenções o prédio do antigo Instituto de Cacau da Bahia, no bairro do Comércio. Trata-se de um imóvel que, por sua importância arquitetônica, merece ser melhor aproveitado.

Diante da ambição e do potencial turístico da cidade, vejo espaço para dois centros de convenções de grande porte. Mas para que efetivamente este segundo se concretize é indispensável que os recursos obtidos com a venda do antigo sejam rigorosamente vinculados à sua implantação.

Quanto à localização no Comércio, já muito discutida, parece-me oportuna. Com efeito, essa área do Centro Histórico tem recebido uma atenção especial por parte do Município, que aí recupera as praças da Inglaterra, Deodoro e Cairu; nesta se implantam o Casa da História de Salvador e o Museu das Música; no seu entorno foi implantado o Hub Salvador e anuncia-se o Doca 1, dedicado à economia criativa; o IPHAN recuperou os imóveis vizinhos à Conceição da Praia, e a CODEBA a Igreja do Corpo Santo; 80% da Administração Municipal está sendo transferida para edifícios comerciais antes subutilizados e um projeto habitacional está sendo proposto; a Av. Miguel Calmon tornou-se rua completa; o próprio Estado vai trazer até a Av. da França o VLT (ou será monotrilho?) do Subúrbio. A cidade merece.  

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional e ex-secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia

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