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Publicado em 25 de maio de 2019 às 15:30
- Atualizado há um ano
"Quando somos indulgentes conosco mesmos e pouco críticos, quando confundimos esperanças e fatos, escorregamos para a pseudociência e superstições". [1]
Em 1995, o ilustre astrônomo e divulgador científico, Carl Sagan, em sua última obra, O Mundo Assombrado pelos Demônios, dizia que os EUA era uma nação completamente ignorante quanto à ciência, o que ele chamou de analfabetismo científico. Por mais que a ciência e a tecnologia tenha alavancado meios de transportes, comunicação, educação, remédios, medicina eficientes e bastante desenvolvidos, a população não foi educada ou estimulada a ter conhecimento sobre como tais coisas são feitas, e por que assim o foram. Esse desconhecimento leva a diversos problemas sociais. Final do século XX, Sagan já previa as consequências de seu país...
Olhando para o lado de baixo dos trópicos, a coisa está bem aterradora. Dados do PISA (Programa de Avaliação Nacional de Estudantes) em 2015, apontou que o Brasil está entre os oito piores países no ranking de aprendizado de jovens na área de ciências. O ranking foi baseado em membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sendo o Brasil um dos países convidados. Ficamos 63ª entre as 70 nações avaliadas. [2]
Estamos rodeados de pseudociência. Esta se qualifica como um apelo às necessidades emocionais, alimentadas por fantasias e delírios confortáveis a um mundo perfeitamente ajustável aos gostos particulares, e reduzindo a complexidade da realidade. A ciência, pelo contrário, tende a causar desconforto, afrontando os preconceitos e estimulando a maturidade intelectual. A ignorância em relação aos procedimentos científicos é imbuída de hipóteses descabidas e calcadas em um senso comum infalível a quaisquer perspectivas de refutação e testes que possam ser invalidadas ou falseadas.
Autoridades políticas se aproveitam da ignorância social para jorrar noticiais e pseudo pesquisas completamente ficcionais, que empobrece o debate público, ataca as universidades e mina a Democracia. Que o diga nosso presidente atual, que, de acordo com o site Aosfatos.org, responsável por captar informações falsas, mostrou que em 133 dias de governo, Bolsonaro deu 182 declarações falsas ou distorcidas. [3] O mesmo vale para o presidente dos EUA. Uma pesquisa realizada pelo The Washington Post [4], no início do mandato de Donald Trump, janeiro e fevereiro de 2017, apontou que o presidente contou ao menos uma declaração falsa por dia. Um verdadeiro disparate!!
Leitores, o obscurantismo ético, científico e intelectual, a desonestidade e postura de mau-caratismo aos acontecimentos reais do cotidiano é um gap ou lacuna perfeita para provocar caos, medo, semear confusão, divisões políticas, partidárias e ideológicas, violência, despertando instintos primitivos e passionais, reacendendo pensamentos reacionários e sectários. Fiquemos alertas!
[1] SAGAN, Carl, O Mundo Assombrado pelos Demônios. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
[2] https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-esta-entre-os-8-piores-em-ciencias-em-ranking-de-educacao/
[3] https://aosfatos.org/noticias/em-100-dias-6-em-cada-10-declaracoes-de-bolsonaro-sao-falsas-ou-distorcidas/
[4]
Alan Rangel é doutor em Ciências Sociais/UFBA e professor da Faculdade Fundação Visconde de Cairu
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores