O olhar generoso de Aracy Esteves Gomes

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  • Da Redação

Publicado em 15 de março de 2021 às 14:29

- Atualizado há um ano

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Faleceu semana passada a fotógrafa Aracy Esteves Gomes, deixando um legado notável para as artes na Bahia. Deixou este plano quando foi lançado pela Edufba seu livro Aracy Esteve Gomes e a Cidade de Salvador. Homenagem merecida. Embora a fotografia traga sempre elementos surpresas, para o bom fotógrafo há uma espécie de adivinhação do que vai ter como resultado final. 

Ela foi uma mulher a frente do seu tempo, a primeira mulher a dirigir um automóvel na cidade de Salvador, primeira a usar biquíni que na época era uma ousadia, se formou na primeira turma de matemática da Bahia quando a quase totalidade era de homens e fez da fotografia um meio para fixar a memória da cidade do Salvador. 

Sempre alegre, de estatura pequena e de uma força de vontade impressionante. Foi esposa do escultor Arlindo Gomes, que buscava nas praias, restos de árvores, madeira e compunha esculturas espetaculares. Aracy sempre por perto. 

A cidade do Salvador foi fixada por suas mãos ágeis e olhar carinhoso, momentos de puro afeto. Nascida em Santo Antonio de Jesus e criada em Amargosa, a fotógrafa teve suas fotos e cartas escritas para a família, usados como pretexto para explorar a história de Salvador, onde residia desde 1934.  

A fotografia de Aracy Gomes é direta ao olhar, sem truques, sem reparos. O recorte temporal do livro foi entre 1950 e 1968, definido pela data do primeiro e do último álbum de família realizados por ela. Aparecem em certos momentos geladeiras, enceradeiras, radiolas, rádios, lavadora de roupa e televisores que marcam a época do realizado e são testemunhas do tempo. 

Sua primeira exposição individual se deu aos 90 anos na Pinacoteca de São Paulo e foi reconhecida como excelente mostra, a curadoria foi de Diógenes Moura. Agora aos 97 falece tendo um livro lançado: “Aracy Esteves Gomes e a Cidade de Salvador” – Edufba, preço referência R$60,00. O lançamento foi virtual pelo momento que vivemos com a Covid 19, no 21º Congresso de Pesquisa. Ensino e Extensão da Universidade Federal da Bahia. Houve um bate-papo mediado pelos organizadores do livro, Junia Mortiner (PPGAU – UFBA) e Washington Drumond (Pós-critica / Uneb) e participação dos autores Renata Marquez (UFMG), Eduardo Costa (Famusp) e Breno Silva (IFMG).  

Aracy registrou a Rua Chile, o Forte de São Marcelo, o Elevador Lacerda, a rampa do Mercado Modelo, o Dique do Tororó, a orla da Barra, o Edifício Oceania, um grande exemplar da Art Déco. Foram muitos os motivos que lhe interessaram. Seu gosto pelo simples, pelo descomplicado, faz dela uma fotógrafa sutil, comprometida apenas com seu gosto pessoal.