O que vai cair? Veja os assuntos mais cobrados em Química no Enem

Professores dão dicas de como se preparar para ter bons resultados na disciplina

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Publicado em 8 de setembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Estequiometria, termodinâmica, radioatividade ou meio ambiente? Qual o assunto mais cobrado na prova de química do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? Quando a pergunta é essa, todo mundo tem uma teoria sobre o que deve cair. É que, nesta disciplina, existe um conjunto de conteúdos regularmente cobrados na prova. 

O que era teoria sobre a incidência de um assunto ou outro entre as questões está, agora, comprovado, pelo menos nos últimos 11 anos. Isso porque, para acabar com as dúvidas, o SAS Plataforma de Educação lançou a versão atualizada do seu Raio-X do Enem, com os assuntos mais abordados em cada prova entre 2009 e 2020.

Em química, as cinco áreas mais cobradas são Físico-Química (27,0%), Química Geral (26,8%), Química Orgânica (19,2%), Meio Ambiente (11,1%) e Energia (6,4%).

Conteúdos que, para Carlos Duplat, professor de química do Colégio Antônio Vieira, do Ifba e da rede estadual de educação, têm a ver com o grau de aplicabilidade no cotidiano. “Físico-Química é assim e ainda dialoga com outras áreas da disciplina como Química Geral e Orgânica. Na Físico-Química, tem termoquímica, que associa a combustíveis e energia; eletroquímica, que toca na questão das pilhas. Tudo pode ser facilmente ligado a situações do cotidiano que são caras ao Enem”, explica Duplat.

Processo associativo E é a capacidade de fazer essa associação ao que se vê fora das salas de aula de Química que é citada pelos professores como necessária para ir bem na parte da disciplina no exame. Isso é destacado por Victor Benevides, professor de Química do Colégio Galileu em Itabuna e  da Fundação Bahiana de Engenharia.

"O Enem trabalha contextualizado dentro de uma situação que vem, muitas vezes, do cotidiano para testar a capacidade do aluno associá-lo à ciência. Por isso, é importante focar nestes temas que dominam grande parte da prova e melhorar ao máximo para estar apto a fazer essa associação em assuntos muito comuns como eletroquímica, termoquímica, evolução dos modelos atômicos, ligações químicas e outros", afirma Benevides, que dá dicas nas redes sociais sobre o tema. 

Duplat acrescenta que a associação também é importante entre as áreas da química na hora de realizar a prova. “Em todas as questões há um diálogo entre essas áreas. Físico-Química com Química Orgânica ou com Energia, as variações são diversas. Claro que em algumas questões isso acontece em maior escala e em outras menor. Até porque tem questão classificada como sendo de Físico-Química, mas não quer dizer que não tenha conhecimento de outros assuntos da disciplina que são importantes para chegar a uma resposta”, ressalta.

Além da capacidade associativa, para Luiz Amorim, professor de Química do Colégio Cândido Portinari, há outra ação importante para se fazer na prova: entender o conceito do que é pedido e não apenas as suas resoluções. “O aluno precisa saber interpretar e ser contextualizado porque isso é valorizado pelo Enem. Pra ir bem, tem que ser um aluno do século XXI, conectado ao mundo em que está interessado e dominar questões da sociedade que são trazidas para a prova. O aluno tem que saber conceito e não adequações prontas”, alerta.  

Relação com a Química Fazer a associação da disciplina com o dia a dia e entre os conteúdos pode não ser simples para quem não tem lidado bem com a química. Caso de Maria Eduarda Dourado, 17 anos, que pensa em fazer Bacharelado Interdisciplinar em Artes e quer melhorar na disciplina para não ver suas chances diminuírem. “Tenho dificuldade. Acho que o problema é mais por conta da dificuldade de acompanhar a velocidade com que é dado o conteúdo do que a matéria em si. É assim desde que começou a pandemia. Eu fechei provas de química em 2019 e não entendo quase nada em 2020 e 2021”, relata. Maria Eduarda Dourado relata dificuldades com Química na pandemia (Foto: Acervo Pessoal) Outra estudante afetada pelo modelo remoto foi Ana Beatriz Ferrari 17, que quer cursar Ciências Biológicas e até que foi bem nos primeiros contatos com a matéria, mas viu a relação piorar com a pandemia. “No primeiro ano, eu não tive tanta dificuldade como eu tenho hoje. Fazia boas avaliações, tirava boas notas, compreendia os assuntos. Foi a partir do segundo ano que essa dificuldade começou a aparecer, quando os assuntos se tornaram mais complexos e com mais informações. Pra completar, veio a pandemia que me desestruturou e me desmotivou, devido às aulas remotas”, lembra. Ana Beatriz Ferrari diz que sua relação com a matéria piorou na pandemia (Foto: Acervo pessoal) Ela detalha as dificuldades no terceiro ano do ensino médio. “Nos assuntos do terceiro ano, como normalmente são revisões dos anos anteriores, com um grau de dificuldade e profundidade elevados, tenho tido problemas para acompanhar o ritmo das aulas. Apesar de ter conseguido me estabilizar com as outras matérias, química continua sendo meu impasse”, fala.

Quem consegue uma relação mais saudável com a disciplina é a estudante Maria Eduarda Costa, 16, que afirma se dar bem na matéria e diz que ela não é uma de suas preocupações para o Enem. “No geral, é uma matéria tranquila para mim. Entretanto, não gosto muito. Então, às vezes, acabo negligenciando ou procrastinando, mas tenho facilidade de pegar, não é algo que me imponha muita dor de cabeça”, conta ela, que está em dúvida entre Psicologia e Medicina. Maria Eduarda Costa não tem dificuldade para assimilar assuntos de Química (Foto: Acervo Pessoal) Pé no sapato Mesmo com essa facilidade na assimilação dos conteúdos, Maria Eduarda não escapa de um assunto mais ‘casca grossa’: Química Orgânica, terceiro mais cobrado na prova. “A parte de nomenclatura é complicada. São muitos nomes para gravar e é difícil porque além de saber as regras, você tem que lidar com as exceções da Química”, lamenta ela, afirmando que responde muitas questões de provas antigas para lidar melhor com essa barreira.

Para Ana Beatriz, acontece o mesmo. Na Química Orgânica é que encontra mais dificuldades no cotidiano de estudos rumo ao Enem. "É o assunto mais complicado pra mim por trabalhar com funções, cadeias, nomes complexos, muitas informações ao mesmo tempo, que provocam em mim uma demora pra assimilar as informações das propriedades. Mas como entre todos os métodos para aprender a matéria, a leitura de atividades sempre me ajuda a entender melhor o assunto", conta.

Já Maria Eduarda Dourado vê o assunto que é mais cobrado na prova como o mais complicado de assimilar por ele ter uma característica mais matemática. "É um assunto que necessita mais da realização de cálculos do que saber os conceitos ou identificar algumas coisas. Por isso, é a parte em que mais foco nos estudos. Tenho estudado, inclusive, com os simulados do SAS que a gente faz pelo colégio e peguei agora o Enem do ano passado pra ver as questões e avaliar melhor minhas dificuldades", afirma.

Veja temas mais cobrados

Físico-Química  - Termoquímica, equilíbrio químico, soluções e radioatividade

Química Orgânica - Reconhecimento de funções, reações orgânicas e temas associados a petróleo

Química Geral - Estequiometria, a separação de misturas e o tema de polaridade e forças intermoleculares

Meio ambiente - Chuva ácida, destruição da camada de ozônio, aquecimento global, desenvolvimento sustentável e lixo

Energia - Combustão

Como se preparar? Seja quem não tem dificuldade ou quem tem sofrido com a matéria, todos precisam de dicas de quem mais entende do assunto. Por isso, cada professor passou uma orientação para os alunos que precisam obter bons resultados com Química:

[[galeria]]Selecionar os temas que devem ser estudados - Carlos Duplat

"Quando você vê a lista de conteúdos dentro desses cinco assuntos, você se assusta pela quantidade de coisas, o que deve ser evitado. O mais importante é selecionar, dentro desses conteúdos, os que realmente caem com muita frequência. No caso de Físico-Química, por exemplo, podemos destacar termoquímica, equilíbrio químico, soluções e radioatividade. Dentro de Química Orgânica, tem reconhecimento de funções, reações orgânicas e temas associados a petróleo. E por aí vai, cada assunto tem temas que são cobrados e os que não, é importante ficar atento a isso", indica.Atenção com as questões mais fáceis - Luiz Amorim

"O grande segredo para o aluno ir bem no Enem é acertar as questões fáceis. Quando ele tá em uma questão muito difícil e que não entende, ele deve pular a questão. Isso porque essas questões que te tomam muito tempo faz isso com os seus concorrentes e é uma pergunta mais difícil. É preciso entender que existem pesos diferentes e o sistema observa isso. Se você acerta a difícil e erra a fácil, ele entende que você está chutando e isso te prejudica", alerta.Exercícios e simulados - Victor Benevides

"O aluno tem que se testar fazendo muitos exercícios e simulados. Ele precisa fazer isso repetidamente, corrigir e analisar as suas dificuldades. Não há uma fórmula mágica para todos fazerem porque cada aluno tem sua individualidade e os temas que ele não entende bem. Para identificar isso, o melhor é fazer os simulados já que é através dele que se tem o ponto de partida para notar a necessidade de revisões teóricas em determinados assuntos", orienta.Canal reúne todos os simulados e videoaulas

O Revisão Enem é um projeto multiplataforma - impresso, digital e redes sociais - do CORREIO em parceria com o SAS, plataforma de educação, com o objetivo de auxiliar os estudantes no preparo para as provas.

O projeto traz conteúdos especiais com reportagens, artigos, dicas para a redação e de livros, filmes e séries que têm relação com o exame; além de estratégias de resolução de questões. Há também um canal especial que reúne todos os simulados e videoaulas para os alunos.

O Enem exige uma rotina intensa de estudos. Por isso, o CORREIO disponibiliza uma série de simulados interativos, com questões objetivas para os estudantes testarem os seus conhecimentos. Os alunos podem acompanhar semanalmente a resolução das questões, conferir os gabaritos e analisar seu desempenho, além de revisitar as questões no dia e na hora que quiserem.

Nas redes sociais (@correio24horas), o jornal traz conteúdos nos grupos de leitores do Whatsapp e vídeos no Instagram/IGTV com dicas sobre como fazer a redação dentro das competências avaliadas no Enem; e também o Raio-X do ENEM, que tira dúvidas de cada disciplina.

Conteúdos da 6ª semana já estão disponíveis:

- Simulado

- Vídeo aula 

- Vídeo direto ao ponto

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro