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Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2020 às 04:12
- Atualizado há 2 anos
O presidente Jair Bolsonaro justificou o seu interesse na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro pelo fato de ser morador da região. “O Rio é meu estado”, respondeu ao ser questionado sobre os pedidos ao ex-ministro Sergio Moro para trocas no comando por lá. Ele citou, na sequência, a menção feita ao seu nome na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco. >
O presidente confirmou ontem que o superintendente no Rio de Janeiro, delegado Carlos Henrique Oliveira, deixará o cargo e será promovido para a diretoria executiva do órgão. Bolsonaro negou, no entanto, que tenha interferido na PF. O presidente reagiu com irritação e mandou jornalistas “calarem a boca” quando foi perguntado se pediu ao novo diretor-geral da corporação Rolando Alexandre de Souza a troca do comando. >
Bolsonaro foi citado pelo porteiro do condomínio onde mora, o Vivendas da Barra, como o responsável por ter autorizado a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no local horas antes do crime. Em fevereiro, peritos da Polícia Civil atestaram que a entrada do suspeito foi autorizada por Ronnie Lessa, morador do condomínio que, assim como Élcio, está preso por envolvimento no assassinato. No dia, Bolsonaro estava em Brasília e registrou presença na Câmara.>
“Rio é o meu estado. Vamos lá. O caso do porteiro. Eu fui acusado de tentar matar a Marielle, quer algo mais grave? Quem quer que seja o presidente da República, ser acusado de assassinato? A Polícia Federal tem que investigar. Por que não investigou com profundidade?”, questionou o presidente.>
‘Calem a boca’ O presidente argumentou que “querem colocar na conta” dele e de seus filhos o vereador Carlos (Republicanos - RJ) e o senador Flávio (Republicanos - RJ) a morte de Marielle. Segundo o presidente, “eles não são investigados pela PF”. >
“Não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia federal (no Rio), nem eu nem meus filhos, zero”, destacou. “Para onde está indo o superintendente do Rio? Para ser o diretor-executivo da PF. Eu estou trocando ele? Estou tendo influência sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria”, afirmou. >
As informações foram passadas pelo presidente em tom de irritação e sem deixar que os jornalistas presentes lhe fizessem questionamentos. Quando foi perguntado se a troca tinha sido solicitada por ele, Bolsonaro explodiu: “Cala a boca, não perguntei nada”, respondeu, enquanto seus apoiadores gritavam em apoio a ele. “Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro e não interfiro na Polícia Federal”, disse. >
No final do dia, o presidente se desculpou por ter mandado os jornalistas calarem a boca mais cedo. >
Resposta Moro Jair Bolsonaro rebateu ontem as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro que teria contado uma “mentira deslavada”. Em entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente exibiu troca de mensagem com ex-auxiliar dois dias antes da demissão. Nas mensagens, Moro tratou como “fofoca” uma notícia sobre investigação envolvendo deputados bolsonaristas. >
Aos jornalistas, Bolsonaro também acusou o ex-ministro de vazar informações do governo à imprensa e negou ter pedido relatórios de investigações da PF. “Em nenhum momento pedi relatório de inquérito. Isso é mentira deslavada por parte dele”, acusou. >
A conversa no WhatsApp que foi exibida pelo presidente aos jornalistas mostra uma continuação das mensagens que o próprio ex-ministro já havia divulgado como prova de que Bolsonaro cobrava a troca de Valeixo, no momento de sua demissão. >
Os desdobramentos>
Troca investigada>
A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai investigar se há motivos indevidos para a troca no comando da Superintendência da Polícia Federal do Rio, uma das primeiras decisões do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza. O caso será analisado no inquérito já aberto pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apura as acusações do ex-ministro Sergio Moro.>
Prazo para resposta>
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu prazo de dez dias para que o presidente Jair Bolsonaro explique o retorno de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O ministro é relator de uma ação, assinada pelo PSB e por parlamentares, que questiona o procedimento administrativo que “devolveu” o delegado ao antigo cargo.>
Marielle Franco>
As famílias da vereadora Marieele Franco e do motorista Anderson Gomes, pretendem utilizar a crise na Polícia Federal como argumento contrário à federalização do caso. >
As divergências sobre a Polícia Federal >
Troca na PF Sem o conhecimento da cúpula da PF, Bolsonaro anunciou a troca do superintendente da PF no Rio, o que provocou uma reação na cúpula da polícia em agosto do ano passado>
Direção Ainda em agosto, o presidente ameaçou retirar Maurício Valeixo do comando da PF>
Exoneração Contrariando o ex-ministro Sergio Moro, Bolsonaro exonera Valeixo>
Nomeação e liminar O delegado Alexandre Ramagem, que comandava a Abin foi nomeado para o comando da PF, mas foi impedido de assumir por conta de uma liminar>
Braço direito Na última segunda-feira, Rolando Alexandre de Souza, antigo braço direito de Ramagem, tomou posse como diretor-geral da Polícia Federal >