O risco e a chance de Carlos Amadeu

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Publicado em 8 de agosto de 2019 às 05:01

- Atualizado há um ano

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O ano era 2004 e Carlos Amadeu treinava o time de juniores do Bahia. Na época, aos 39 anos, o técnico comandava o trio formado por Ancelmo, Jajá e Neto Potiguar, que tinha arrebentado na campanha do título do Campeonato Baiano sub-20 e começava a servir ao elenco profissional tricolor. Artilheiro da competição, Neto Potiguar fez sucesso também na Série B daquele ano, e os demais, apesar do talento acima da média, quase não tiveram chance no time de adultos. 

O Bahia se adaptava à realidade de estar fora da Série A que, como se saberia depois, duraria sete anos. Rebaixado no final de 2003, o clube voltava a olhar com carinho para suas divisões de base - após o hiato de uma década em que viu o Vitória se tornar referência no assunto. Era uma necessidade.

Amadeu se destacava internamente. De seus times bem estruturados saíam títulos e jogadores promissores. Nas vacas magras pós-rebaixamento, o nome dele surgia naturalmente como primeiro da lista se um dia o clube apostasse em uma solução interna e barata. Já havia sido promovido do juvenil para o júnior e depois para auxiliar técnico do profissional. Mas a chance no cargo mais desejado só apareceu como interino, na estreia da Série B 2005 – seria dada a Charles no ápice da crise, em 2006.

A história o levaria de volta ao Vitória, onde o ex-jogador iniciou a carreira como treinador na base, em 1991, no início do primeiro mandato de Paulo Carneiro. E Amadeu repetiu o ciclo: revelador de talentos, campeão baiano de júnior e, de quebra, campeão da Copa do Brasil sub-20 na primeira edição do torneio, em 2012. 

No Leão, Amadeu se preparava novamente para a oportunidade como técnico de equipe profissional, que teimava em não aparecer. Queria se lançar no mercado, contratou até uma assessoria para manter seu nome em evidência, mas ser expoente - àquela altura nacional - na base ainda não era suficiente para tal. Foi treinador interino em 2014, em 2015, porém não casava seu momento com o que os dirigentes decidiriam bancar a aposta. E veio o convite para a seleção brasileira sub-17. De novo na base. Ele aceitou. O ano já era 2015. E ainda esperava.

A oportunidade, enfim, vem agora, em agosto de 2019, no ápice da crise rubro-negra. Na temporada em que o clube se tornou uma máquina de moer treinadores a cada dois ou três meses. Após eliminações na primeira fase do Campeonato Baiano e da Copa do Brasil.  Com o time iniciando a rodada na penúltima posição da Série B e entrando em campo sábado como lanterna, devido ao triunfo do América-MG sobre o Londrina na terça-feira. Com atrasos salariais. Com todos os riscos que o contexto escancara, ainda mais para um técnico que, apesar da longa trajetória, é também um iniciante. No entanto, esta é a chance, não podia deixar passar. O desafio é imenso, mas proporcional ao risco é a oportunidade.

Desejo sucesso e vida longa no futebol profissional a Carlos Amadeu, que terá - na melhor das hipóteses - quatro meses para alcançar o objetivo do Vitória e, consequentemente, não acabar o ano moído e visto externamente como um treinador apenas de divisões de base. Amadeu, a sua hora chegou; desfrute-a. Afinal, você se prepara para isso há muito tempo.