O tempo sempre mostra o que é realmente importante: você

Leia e veja coluna de Edgard Abbehusen

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  • Edgard Abbehusen

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 04:59

- Atualizado há um ano

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Amadurecer é um privilégio de todos. É um processo bonito, apesar de muitas vezes ser doloroso. Eu amadureci nos momentos mais difíceis da minha vida. Enquanto doía, eu anotava as lições. As lágrimas eram como um banho de cheiro, que deixa a alma mais leve. Tem um período na nossa vida que a gente só presta a atenção, só foca e só valoriza o que não merece a nossa energia. A gente se desgasta tentando fazer pessoas ficarem.

A gente se desgasta superestimando a opinião de pessoas que não vão gostar do que a gente faz, independentemente do esforço que a gente faça para fazer sempre melhor ou das nossas conquistas. Sempre vai ter alguém jogando você pra baixo e olhando para o seu trabalho e talento com desprezo. A gente faz curvas, inventa fórmulas, rir de tudo com aquele desespero que o Frejat já denuncia. A gente quer ser aceito. Que fazer parte. Quer ser amado, seja lá como for. Quer ser amigo, seja lá de quem for.

O bom é que todos esses atos nos levam a crescer. Em cada queda, cada joelho no chão ralado, cada experiência vivida, cada confissão que fica no travesseiro nas madrugadas e em cada etapa, evoluímos. E aprendemos que o valor não está nas coisas ou nas pessoas, mas dentro do nosso coração. 

Não é egoísmo olhar para dentro de si. Não é egoísta entender o próprio valor. E com o tempo, o que é realmente importante passa a fazer sentido. As pessoas que menosprezam as suas conquistas e tentam diminuir os seus talentos deixam de ser relevantes na sua caminhada. Você não faz mais curvas, nem inventa fórmulas para nada. Você joga limpo. É direto.

Objetivo. E se afasta de quem não só atrasa os seus passos. O seu bom humor continua, mas o tempo lhe mostra que chorar é uma benção que faz você encontrar a mola do fundo do seu poço. A luz no final do túnel. A lição, no meio de uma tempestade forte.

O amadurecimento nos conduz a aceitar os nossos defeitos. Nossas limitações. Amadurecer nos mostra que aprender é um movimento constante da vida, não importa a idade, as experiências ou os diplomas pendurados na parede. 

Com o tempo, crescemos. Crescemos em alma e coração. Queremos o amor, mas de um jeito especial. Um amor que valorize os nossos detalhes. E se não acharmos hoje ou amanhã, tudo bem. A maturidade é muito bem resolvida com a solidão. Sobre amizades, aquele velho clichê de ‘quanto mais velho fico, menos amigos eu tenho’ faz todo o sentido. Só permanece os bons e as novas amizades se formam na base da lealdade.

No fundo, tudo acontece para que você entenda o valor que existe no seu coração. E quando entendemos isso, a vida ganha outro sentido, mas o tempo não faz nada sozinho. Se você não quiser aprender com a dor, a dor sempre vai te visitar. Como aquela temida recuperação do final de ano no ensino médio. 

E não esqueça da lição que existe na canção: Levante a cabeça amigo a vida não é tão ruim. Um dia a gente perde mas nem sempre o jogo é assim. Pra tudo tem um jeito, e se não teve jeito. Ainda não chegou ao fim. Já é um vencedor quem sabe a dor de uma derrota enfrentar. Quando a gente menos espera, crescemos, amadurecemos e o dia já clareou.

*Edgard Abbehusen é escritor, compositor, redator, baiano, criador de conteúdo afetivo e  autor de livros; Ele  publica textos exclusivos aos domingos no site do CORREIO e redes sociais Acompanhe Edgard no Twitter e Instagram