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Ivan Dias Marques
Publicado em 20 de agosto de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Fim de mais uma rodada do Campeonato Brasileiro e, mais do que o desempenho dos times, a discussão que toma as mesas-redondas - ou não tão redondas assim - é o árbitro de vídeo.
Mas, ao menos para mim, está cada dia mais claro que o problema não é o VAR, são os árbitros. A nova ferramenta apenas potencializou a qualidade ruim da arbitragem brasileira como um todo.
Ainda que o VAR seja um instrumento novo, se há insegurança em relação à sua utilização ou dos próprios árbitros dentro de campo nas suas marcações, temos um problema inerente à categoria a má formação - e atualização.
Não há VAR que explique o pênalti marcado no final de Grêmio x Chapecoense, há algumas semanas. A ferramenta, como bem disse Herbem Gramacho nesse mesmo espaço há algumas semanas, virou uma muleta dos árbitros, da insegurança deles.
A penalidade na Arena do Grêmio acabou desmarcada em questão de segundos, mas transformou um jogo que, até então, não tinha preocupação com a arbitragem numa discussão desnecessária após a partida se encerrar.
No último domingo, foram três - ao menos - lances bem discutíveis. Na Fonte Nova, a expulsão de Moisés. No Morumbi, o pênalti cometido por Tiago Volpi. No Maracanã, o pênalti não-marcado em cima de Ganso. Três lances capitais, que mudaram o rumo de partidas longe de estarem decididas.
Na Fonte Nova, o lance de Moisés parece uma tentativa de homicídio em câmera lenta. Na velocidade normal, o lateral tricolor perde o tempo do lance numa jogada em que o adversário toca de primeira. Ou seja, perfeitamente cabível que haja uma falta. O árbitro viu e deu amarelo, num julgamento de quem estava bem posicionado, de frente para o lance.
Após ser chamado, reviu a jogada e decidiu aplicar o cartão vermelho. Ora, o pessoal na salinha vai ficar procurando contato em todo tipo de disputa no futebol? Em câmera lenta, qualquer mão batendo no rosto vira agressão.
A expulsão de Moisés é possível. É questionável, também. Mas, mais questionável é o critério. Minutos depois, entrada semelhante do jogador do Goiás. Bola em disputa, toque rápido, sola na perna. As diferenças são sutis: um tornozelo por uma canela, um pé frouxo por um pé de apoio. No entanto, as características são iguais. Não há agressão, há disputa. Amarelo nas duas estava de bom tamanho.
O pênalti no Morumbi é um absurdo. Mais ainda não ter tido nem a revisão do VAR. Só nos resta achar que o CEP conta, afinal, quem é o Ceará perto do São Paulo? Dizer que um lance daquele é interpretativo é dizer que não há regra, pois se é necessário um julgamento subjetivo num lance desse porte, pode jogar o livro de regras no lixo.
No Maracanã, Ganso sofre a falta mas ‘valoriza’. Isso não deveria ser parâmetro para uma não-marcação. Mas, vocês sabem. Na câmera lenta, a projeção exagerada do corpo vira uma atuação digna de Oscar. Ou não.
Isso não me faz ser contra o VAR. Na medida que ele potencializa as arbitragens ruins, ele mostra o quanto todo o processo precisa ser feito melhor. Expõe a ferida. Que a CBF entenda também dessa forma.
Ivan Dias Marques é subeditor do CORREIO e escreve às terças-feiras