Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A bem da verdade, devo confessar logo de cara que não sou nenhum exemplo de esmero nas redes sociais. Até tenho. Volta e meia rola uma foto, um textinho, um comentário maldoso na postagem do amigo, aquela autopromoção de lei e por aí vai, sem grandes preocupações com likes e afins. Meu uso é tão desprovido de método que, veja só, até essa coluna fica tempos sem ser compartilhada pelo próprio autor, o que alguns chamariam de auto-sabotagem – outros, sem vergonhice (ou preguiça).>
No caso, pouco importa a nomenclatura, se auto-sabotagem, sem vergonhice ou preguiça. Trata-se de um perfil pessoal, sem compromisso com patrocinadores, seguidores, marcas, recebidos ou qualquer outro termo da moda, sem ter que dar satisfação, enfim, a nenhum associado.>
Outra coisa é uma instituição do tamanho do Vitória gerir - e gerir aqui é modo de dizer, porque o que se vê atualmente não chega a ser propriamente uma gestão - suas redes sociais como um time de várzea.>
Já anotei aqui que, ainda que o time medonho que tem ido a campo trajando o uniforme rubro-negro vá parar na terceira divisão, Paulo Carneiro não terá culpa, pois assumiu uma bomba relógio em contagem regressiva. Isso, porém, não é salvo-conduto para que os canais de comunicação do clube sejam igualmente rebaixados.>
Vale dizer, aliás, que as redes sociais do Vitória eram umas das poucas coisas bem administradas na Toca do Leão no ocaso da presidência de Ricardo David.>
Individualmente, ninguém é obrigado sequer a ter perfil nas redes sociais. Mas, enquanto clube – e inserido no contexto das ferramentas comunicacionais do mundo e do tempo em que vivemos -, o Vitória tem sim obrigação de manter ativo e atualizado um canal de informação e diálogo com seu torcedor, e a desculpa de que muita gente foi demitida não é argumento cabível. >
Está claro que quem assumiu as redes sociais rubro-negras após a eleição de Paulo Carneiro não tem lá muito entrosamento com a língua portuguesa, mas, vá lá, partindo do princípio de que a língua é viva e mutável, com algum esforço para superar obstáculos até que dá pra compreender a mensagem. Problema é quando nem mensagem há ou quando as mensagens dão mais destaque ao nome do presidente que a qualquer ação do clube.>
Entre tantas redes distintas, nunca tive Twitter, mas, claro, não preciso estar lá para saber que o presidente Paulo Carneiro resolveu concentrar informações importantes sobre o clube, como a contratação de um novo treinador, na sua conta pessoal, que ainda por cima é trancada. Se assim mantiver, estará guiando o Vitória na contramão do mundo.>
No momento em que as instituições (ao menos as que entendem a importância da comunicação) buscam o contato cada vez mais direto com as pessoas e abrem vias para que as informações circulem em velocidade, deixar os canais oficiais do clube às moscas para privilegiar apenas seguidores que nada criticam – e por isso mesmo não são bloqueados – é, no mínimo, um paradoxo para quem, no discurso, defende que a torcida esteja perto do Vitória.>
Isso a torcida também quer. Mas o Vitória primeiro precisa se ajudar. >
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.>