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Publicado em 12 de setembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A mudança do Vitória do Barradão para a Fonte Nova é o tema esportivo da semana na esfera local. Mistura expectativa com saudade, animação com aquela pontinha de aperto típico das despedidas. Não é um “vou ali e volto já”, como aconteceu das outras vezes. Não é mais uma casa de veraneio, como os rubro-negros apelidaram após as goleadas sobre o Bahia em 2013. É por mais de três anos, até dezembro de 2022.>
Primeiro de tudo, é preciso entender que não se trata de uma escolha do coração. Não se trata de uma enquete para escolher o Barradão ou a Fonte Nova pelo amor, pelo afeto, pelo sentimento de pertencimento. Nisso, creio que o estádio rubro-negro tem o primeiro lugar garantido com a maioria.>
O que precisa ficar claro é que o Vitória teve uma queda de receita acentuada e, em meio à crise financeira, devido à redução da verba de TV e da falta de patrocinador máster na camisa desde o início do ano, a Arena Fonte Nova se tornou mais que um campo de jogo. Virou uma solução financeira, uma forma de garantir receita fixa para permitir que o clube mantenha as contas em dia, o que não vem acontecendo.>
De agora em diante, virá uma fase de adaptação e ajustes. E nela duas coisas serão importantes: voto de confiança dado pelo torcedor e esforço por parte do clube e da arena, afinal, é uma relação nova, para o bem e para o mal. >
A diretoria do Vitória precisará de sensibilidade para entender as demandas do seu público, que provavelmente vai crescer no estádio a partir do jogo de sábado, contra o Guarani. >
Parte significativa desse público já torceu o nariz quando soube que o sócio Prata sentará no anel superior, o que tem a visão mais distante do campo. É um problema a ser resolvido com diálogo, não com confronto, postura adotada pelo presidente Paulo Carneiro em um áudio distribuído pelo WhatsApp. >
O dirigente, que tenta implantar no torcedor a mentalidade de se associar ao clube, paradoxalmente confrontou o sócio no primeiro descontentamento apresentado. E justamente o da categoria que compõe a maior base dos associados rubro-negros. >
A reclamação, por sinal, é compreensível. Mesmo sem ter razão do ponto de vista legal, é uma insatisfação vinda de quem financia o Vitória com fidelidade e antecipação de renda e, obviamente, não gostaria de ser acomodado no pior setor da Fonte Nova. Ainda mais que há espaço vazio nos anéis de baixo. >
Se será possível atender ou não, é outra conversa. A questão é a forma, além do conteúdo. Cabe ao clube assimilar as insatisfações do sócio e se empenhar para resolver situações como essa e outras que surgirão ao longo dos três anos. Lembrando sempre que sócio é parceiro, não é rival. Nem tem que ser espectador silencioso.>
É simples e salutar explicar que, na mudança para a Arena, o Vitória teve que adequar seu plano de sócios ao que já havia no local (o do Bahia) e, por isso, não poderá mais acomodar o associado Prata no anel inferior, como fazia nos jogos avulsos que mandou lá.>
A diferença é que o programa do Bahia vem se desenvolvendo há anos e cresceu a ponto de gerar uma demanda além da que o plano do Vitória precisaria na atualidade. E isso gera um ônus que, devido à setorização e ao fato de os preços praticados na Fonte Nova serem diferentes do Barradão, o sócio Prata vai arcar.>
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras>