O Vitória na guerra errada

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Publicado em 22 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O jogo era só no início da noite, e o torcedor rubro-negro teria o dia para alimentar a expectativa e a ansiedade de ir ao Barradão ver o time enfrentar o América Mineiro pela 17ª rodada e tentar o terceiro triunfo consecutivo na Série B. Parecia ser o único grande assunto envolvendo o Leão ontem até que, de repente, estoura a bomba: o Vitória teve o fornecimento de água suspenso pela Embasa por falta de pagamento. 

A interrupção é grave não só pelo ato em si, mas também por mostrar o grau de comprometimento das finanças rubro-negras, já que, em tese, quem deixa de pagar a conta de água é porque chegou a um nível crítico.

Quanto à necessidade de água para as atividades cotidianas, o Vitória resolve a situação através de um poço artesiano, conforme explicou o presidente Paulo Carneiro em dois áudios raivosos disparados via WhatsApp. 

É o erro do dirigente. Paulo Carneiro chama de “vagabundos da Embasa” quem confirmou a informação do corte de água. Como se a errada da história fosse a Embasa, por ter dado publicidade ao ato (ao ser questionada pela imprensa), e não o Vitória, por ter parado de cumprir sua obrigação. Com um detalhe: pelo que foi dito pelo próprio presidente, a dívida viria de longa data, pois ele afirma que antecede a sua administração, iniciada em abril. Já documentos obtidos pelo site Metro1 mostram que o débito começou em junho. Seja qual for o mês, é tempo mais que suficiente para o Vitória estar sujeito ao corte.

A ferida que precisa ser tocada é a de que o Vitória foi tão mal administrado nos anos recentes que chegou ao ponto de passar essa vergonha. Uma realidade que Paulo Carneiro recebeu de herança, apesar de ser responsabilizado devido ao cargo que ocupa enquanto figura máxima do clube. É por dívidas como essa que o torcedor tem visto a ponta do iceberg, que é a má campanha do time nas competições ao longo do ano.

Só que, na impossibilidade de negar o teor da mensagem, o presidente rubro-negro preferiu atacar o mensageiro. Os áudios espalhados ontem surgem na esteira da insatisfação de Paulo Carneiro com o governo do estado por não ter chegado a um acordo com o consórcio Fonte Nova Negócios e Participações para jogar na arena, mudança que é vista pela atual diretoria rubro-negra como passo importante para reerguer o clube financeiramente. 

Após quase quatro meses de negociações frustradas, o Vitória iniciou a semana emitindo um comunicado oficial no qual afirma que ingressou com “requerimento derradeiro, destinado a formalizar o posicionamento da referida Concessionária” em relação a mudar o mando de campo do Barradão para a Fonte Nova. Ontem, ao comentar o caso do corte de água, Carneiro falou, sem citar nomes, em “campanha sórdida que tentam fazer contra o clube”. 

A julgar pelo teor da nota publicada e dos áudios compartilhados, tanto o presidente vai continuar disparando contra seus críticos e desafetos quanto o Leão vai seguir jogando no Barradão e, portanto, sem a renda extra vislumbrada na Fonte Nova. Então, que venha o Operário, sábado. Que o foco possa ficar só no campo. E antes que sobre para este escriba, vai um aviso: por questões de logística, este texto foi escrito antes do jogo contra o América-MG.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras